Capítulo 7

Capítulo 7 - O Incidente da Lingerie: Uma Declaração Possessiva de um Alfa

Meu coração martelava contra minhas costelas enquanto os olhos azul-gelo de Clara fixavam-se na peça de renda pendurada em meus dedos trêmulos. O silêncio se estendeu entre nós, denso e sufocante.

"Eu..." Minha boca ficou seca. "Isso não é—"

"Aurora estava apenas devolvendo algo inapropriado que recebi por engano," Sterling interrompeu suavemente, pegando a lingerie da minha mão. Seu tom calmo contrastava nitidamente com a tempestade que se formava em seus olhos. "Não é verdade, pequena?"

O apelido fez minha pele se arrepiar na frente de Clara. Assenti bruscamente, incapaz de formar palavras.

As sobrancelhas perfeitamente esculpidas de Clara se arquearam. "Engano? O pacote tinha seu nome, Sterling." Sua voz era veneno adocicado. "E são exatamente do seu gosto, não são? Renda preta, assim como você comprou para nosso aniversário."

A temperatura na sala pareceu cair vários graus. O maxilar de Sterling se contraiu, um músculo pulsando sob sua pele.

"Clara," ele disse com perigosa suavidade, "acredito que tínhamos uma reunião agendada. Não uma emboscada em meu escritório particular."

O olhar de Clara oscilou entre nós, com evidente cálculo em seus olhos. "Claro, querido. Apenas pensei que você apreciaria que eu trouxesse isso." Ela alcançou sua bolsa de grife e tirou uma pequena sacola idêntica àquela com a qual eu havia entrado furiosa. "Sua secretária assinou o recebimento esta manhã."

Aproveitei o impasse entre eles para escorregar em direção à porta. "Eu deveria ir—"

"Fique." A ordem de Sterling me congelou no meio do passo. Não um pedido—uma ordem.

O sorriso de Clara não chegou aos seus olhos. "Não precisa sair correndo, Aurora. Isso diz respeito a você agora, aparentemente." Ela colocou a sacola na mesa de Sterling com cuidado deliberado. "Acho curioso que tenhamos conjuntos iguais. Talvez seu irmão tenha uma... preferência específica em roupas íntimas femininas?"

Meu rosto queimou. "Eu não pedi por isso."

"Tenho certeza que não." O sorriso de Clara agora era afiado como uma navalha. "Sterling sempre foi... generoso com as mulheres em sua vida."

Sterling se colocou entre nós, seus ombros largos bloqueando Clara da minha vista. "Já chega. Aurora, espere por mim na biblioteca." Seu tom não admitia argumentos.

Fugi da sala, meu coração trovejando no peito. A casa de repente parecia um labirinto, corredores se estendendo infinitamente à minha frente. Não fui para a biblioteca. Em vez disso, corri para meu quarto e tranquei a porta, afundando em meu colchão.

Que jogo Sterling estava jogando? Comprando lingerie idêntica para sua noiva e para mim? O pensamento fez meu estômago revirar.

Andei pelo meu quarto, verificando meu telefone. Duas mensagens de Ethan iluminaram minha tela.

*Ainda vamos tomar café amanhã?*

*Sentindo sua falta...*

Sorri apesar da minha agitação. Ethan era normal, doce, descomplicado. Tudo o que Sterling não era. Digitei uma resposta rápida, confirmando nosso encontro.

Vinte minutos depois, passos pesados se aproximaram da minha porta. Três batidas fortes se seguiram.

"Aurora, abra a porta." A voz de Sterling estava enganosamente calma.

Hesitei, então girei a fechadura com dedos trêmulos. Ele entrou imediatamente, fechando a porta atrás de si.

"Eu disse para você esperar na biblioteca." Suas palavras eram cortantes.

"Eu precisava de espaço." Cruzei os braços defensivamente. "O que foi aquilo? Por que você comprou a mesma lingerie para Clara e para mim?"

Sterling passou a mão pelos cabelos escuros, desarrumando seu estilo perfeito. "Eu não comprei."

"Ela tinha exatamente a mesma sacola—"

"Eu comprei essas peças para você meses atrás," ele interrompeu. "Clara deve tê-las encontrado no meu armário e presumido que eram para ela." Seus lábios se curvaram em um sorriso amargo. "Ela tem estado cada vez mais... territorial ultimamente."

"Territorial?" Repeti com incredulidade. "Ela é sua noiva! Ela tem todo o direito de ficar chateada ao encontrar lingerie que não era para ela!"

Sterling se aproximou, sua imponente estrutura fazendo meu quarto de repente parecer pequeno. "Tem mesmo? Quando eu nunca a toquei uma vez como um homem toca uma mulher que deseja?"

Minha respiração ficou presa. "Isso não é da minha conta."

"Não é?" Ele se aproximou ainda mais, me encurralando contra minha cômoda. "Quando cada vez que olho para ela, vejo apenas o que ela não é?"

"Sterling, pare." Minha voz vacilou. "Esta conversa é inapropriada."

"Tudo sobre nós é inapropriado, Aurora." Seus dedos roçaram minha bochecha, descendo até minha clavícula. "Você acha que eu não sei disso? Você acha que não tentei lutar contra isso?"

Afastei sua mão. "Não existe 'nós'. Você vai se casar com Clara, e eu estou namorando Ethan."

Algo perigoso brilhou nos olhos de Sterling ao ouvir o nome de Ethan. "Aquele garoto não merece respirar o mesmo ar que você."

"Isso não cabe a você decidir!" A raiva finalmente superou meu medo. "Você não pode controlar quem eu vejo, com quem eu saio, com quem eu—"

"Não." Sua voz era baixa, um rosnado mal contido. "Não diga isso."

"O quê? Que eu posso dormir com ele?" As palavras eram imprudentes, alimentadas pela frustração com a constante interferência de Sterling.

A mão de Sterling bateu na parede ao lado da minha cabeça, me fazendo estremecer. Sua respiração estava irregular, olhos escuros com algo primitivo.

"Você acha que compro essas coisas para você por minha própria diversão?" ele sibilou. "Você acha que gosto de ver você desfilando por esta casa com aqueles shorts minúsculos, sabendo que algum garoto da faculdade pode tocar o que é legitimamente meu?"

Minha boca se abriu em choque. "Legitimamente seu? Eu não sou uma posse, Sterling! Não sou sua de maneira alguma!"

"Você não tem ideia de como está errada." Ele se inclinou mais perto, seu hálito acariciando meus lábios. "Cada vez que vejo outro homem olhar para você, quero arrancar sua garganta. Cada vez que aquele garoto patético toca em você, tenho que me conter fisicamente para não caçá-lo."

Lágrimas picaram meus olhos. "Por que você está fazendo isso? Você está noivo. Você é meu meio-irmão. Você é—"

"Eu sou o único homem que realmente entenderá o que você precisa." Sua voz suavizou perigosamente. "O único homem que vê você por tudo o que você é."

"Você está me assustando," sussurrei sinceramente.

As feições de Sterling suavizaram marginalmente. "Eu nunca machucaria você, Aurora. Mas não posso continuar fingindo."

"Fingindo o quê?" Minha voz era quase inaudível.

Seu polegar roçou meu lábio inferior. "Que ver você com outro homem não me faz querer destruir algo. Que ouvir você me chamar de irmão não me deixa com o estômago embrulhado."

Uma lágrima escorreu pela minha bochecha. "Sterling, por favor—"

"O noivado é um acordo comercial," ele continuou implacavelmente. "Uma aliança de alcateia que meu pai orquestrou. Não significa nada."

"E o que eu sou?" Engasguei. "Outro acordo comercial?"

Sua mão segurou meu rosto, inclinando-o para encontrar seu olhar ardente. "Você é minha," ele afirmou, as duas palavras ressoando com absoluta convicção. "Você sempre foi minha, desde o momento em que entrou nesta casa. Cada homem que afastei, cada encontro que arruinei—não era proteção fraternal. Era possessão."

Minhas pernas fraquejaram sob mim enquanto as implicações de suas palavras afundavam. Todos esses anos de comportamento controlador, a vigilância, a intimidação de qualquer garoto que demonstrasse interesse em mim—não tinha sido uma preocupação fraternal distorcida. Tinha sido algo muito mais perigoso.

Sterling se inclinou, seus lábios roçando contra minha orelha, enviando arrepios involuntários pela minha espinha. "Eu quis dizer cada palavra que acabei de dizer," ele sussurrou, seu hálito quente contra minha pele. "Minha..."