A Dinâmica do Poder Universal
(Academia Militar de Rodova – A Biblioteca da Academia, Corredor 1221)
Leo moveu-se silenciosamente entre as estantes imponentes, seus olhos afiados examinando os números entalhados nas molduras de madeira polida.
1218... 1219... 1220...
Ali. Estante 1221.
Agachando-se até a fileira inferior, seu olhar imediatamente pousou no livro que o bibliotecário havia mencionado.
"Guia Rápido para a Escala Universal de Poder."
O tomo era grosso e bem usado, sua capa azul-escura ligeiramente desbotada, enquanto as letras douradas em relevo na lombada haviam perdido o brilho após anos de manuseio.
Leo o retirou da prateleira, sentindo o peso inesperado do volume em suas mãos.
Folheando-o, ele examinou rapidamente as primeiras páginas, seus olhos captando frases-chave—a hierarquia universal, os Seis Grandes Clãs, o culto maligno, estruturas de governo...
'Perfeito.' Ele pensou, enquanto olhava em direção ao balcão da frente, onde viu o bibliotecário já de volta à sua própria leitura, sem demonstrar mais interesse nele.
'Bom. Isso significa que não serei incomodado.' Leo concluiu, enquanto começava a procurar um lugar tranquilo para sentar.
No início, sua busca revelou apenas mesas comunitárias, ocupadas por estudantes do último ano envolvidos em discussões sussurradas ou estudos independentes.
Não era ideal.
Mas após examinar mais, ele avistou algo melhor.
Perto de um nicho de leitura mal iluminado, encaixado entre estantes imponentes, havia uma mesa isolada com cadeira—uma estrutura simples de madeira, com assento sem almofada provavelmente projetado para desencorajar longas horas de uso.
Mas conforto não era sua prioridade. Privacidade era.
Sem hesitação, Leo caminhou até lá, acomodou-se na cadeira e colocou o pesado livro sobre a mesa.
Seus dedos percorreram a capa texturizada por um breve momento.
Então, finalmente, ele o abriu.
"Este livro foi escrito por um caipira, que cresceu em uma fazenda e não tinha ideia sobre as várias facções que governam o universo.
É destinado apenas para indivíduos desinformados, que não entendem quão alta é a montanha tai, e está escrito em linguagem crua, baseado em minhas próprias experiências e compreensão do universo.
Este não é um texto oficial, e o conteúdo escrito aqui pode não ser totalmente preciso.
Dito isso, tentei ser o mais completo possível ao escrever este livro, para que qualquer caipira desinformado que o leia não cometa os mesmos erros que eu cometi, como um recruta novato no Governo Universal–"
A primeira página do livro era uma nota do autor que informava aos leitores sobre que tipo de livro era este e o que esperar ao lê-lo.
Dizia explicitamente aos seus leitores que não era um texto oficial, e que as informações contidas eram subjetivas.
"Existem oito grandes facções neste universo.
Os seis grandes clãs, o governo universal e o culto maligno.
Para entender o que os torna 'Grandes', primeiro é preciso entender a escala universal de poder.
De modo geral, no universo, um guerreiro é classificado em sete diferentes reinos de poder.
1.Amador
2.Mestre
3.Grão-Mestre
4.Transcendente
5.Monarca
6.Semideus
7.Deus
Na maioria das culturas, não se considera alguém um verdadeiro guerreiro até que atinja no mínimo o reino de 'Mestre', enquanto os Deuses são o absoluto ápice do que um guerreiro pode ser.
Neste universo, os Deuses são seres superiores que não são apenas imortais, mas dominaram as leis do espaço e do tempo.
São seres quadridimensionais que podem viajar entre quaisquer dois pontos neste universo tridimensional instantaneamente, e não podem ser feridos ou mortos por armas mortais.
Em outras palavras, apenas deuses podem matar outros deuses, e neste universo, apenas os oito grandes clãs têm Deuses no topo de sua hierarquia clânica"
As primeiras páginas do livro explicavam o que provavelmente eram os conceitos mais importantes.
Quem eram os maiores peixes do universo? E por que eles eram tão importantes?
Acontece que existem oito maiores peixes no universo, e o grande diferencial sobre eles é que são apoiados pelos guerreiros mais fortes.
"Neste universo, os seis grandes clãs e o governo universal trabalham em conjunto uns com os outros para formar a 'Aliança Justa'.
Juntos, eles controlam mais de 75% das terras do universo e cerca de 77% da população total.
Embora clãs menores e independentes existam, nenhum exerce influência equivalente à Aliança Justa.
Em contraste, o 'Culto Maligno' trabalha sozinho.
Eles controlam menos de 5% do total das terras universais e menos de 3% da população total.
São os inimigos jurados da Aliança Justa, e membros pertencentes à sua facção são caçados fervorosamente dentro das terras justas."
"A divisão entre a Aliança Justa e o Culto Maligno remonta a um único evento crucial que ocorreu há 2.000 anos—a queda da figura mais infame da história do universo, 'O Assassino Atemporal'.
Em uma batalha monumental, as facções mais fortes da época se uniram para eliminá-lo, marcando o início de uma nova era.
No entanto, seus seguidores se recusaram a desaparecer na obscuridade. Aqueles leais à sua causa formaram o que hoje é conhecido como o 'Culto Maligno', levando adiante seu legado em desafio à ordem estabelecida.
Enquanto isso, as entidades divinas restantes e os poderes governantes consolidaram sua influência, moldando-se no que é reconhecido hoje como a Aliança Justa."
"Embora mais de 140 clãs façam parte atualmente da Aliança Justa, em seu núcleo, ela possui apenas seis clãs dominantes, cada um exercendo imensa influência:
Su, Mu, Yu, Du, Lu e Ru.
Esses clãs servem como seus pilares, moldando políticas, mantendo a ordem e ditando o equilíbrio de poder em todo o universo.
No centro dessa aliança, no entanto, está o Governo Universal—o órgão supremo de governo que impõe a lei e dita a grande estrutura da civilização."
"Enquanto a maioria dos Grandes Clãs tem apenas um ou dois deuses os apoiando, o governo universal tem cinco, tornando-o de longe a organização individual mais forte.
No entanto, com os Grandes Clãs compartilhando fortes laços familiares entre si, a unidade entre os clãs serve como um sistema de freios e contrapesos contra o abuso unilateral de poder do governo universal."
Conforme Leo lia as próximas páginas, ele obtinha maior clareza sobre quais eram exatamente as dinâmicas de poder entre os Seis Grandes Clãs e o Governo Universal.
Acontece que todos os Seis Grandes Clãs eram adeptos de cruzamentos e formação de fortes laços matrimoniais.
A árvore genealógica entre os clãs era complicadíssima, no entanto, como resultado de toda essa mistura, o vínculo entre os Grandes Clãs permanecia forte.
Pelo menos na aparência.
Eles geralmente tinham opiniões semelhantes contra o Governo Universal e pressionavam para aprovar legislação benéfica para eles como grupo.