Você é o Próximo

(Academia Militar de Rodova – Salão de Avaliação Psicológica, Fora da Câmara de Testes)

Leo caminhava ao lado de seus colegas de turma, seguindo a procissão silenciosa pelo longo corredor fortemente protegido que levava à câmara de testes psicológicos.

Ninguém falava.

Não porque foram instruídos a ficarem quietos, mas porque ninguém queria ser o idiota que parecesse animado para um teste que poderia, sozinho, decidir seu futuro.

O corredor era ladeado por múltiplos portões de segurança, suas estruturas de aço reforçado brilhando sob as luzes brancas e frias acima. Para uma simples avaliação psicológica, a quantidade de segurança ali parecia excessiva. Mas a academia não corria riscos.

Afinal — isso não era apenas um exame.

Era uma triagem.

Logo, eles chegaram ao fim do corredor, onde um conjunto de pesadas portas duplas pretas se erguia à frente. Uma fileira de cadeiras de metal alinhava-se na parede ao lado, e sem instruções, todos se sentaram.

Um por um, os recrutas eram chamados para a câmara de testes — cada nome gritado por um instrutor careca e sem rodeios que ficava junto à entrada, enquanto o resto deles permanecia sentado em silêncio, esperando sua vez.

*******

No início, todo o salão estava estranhamente silencioso.

Os únicos sons eram os feitos pelos estudantes ocasionalmente se mexendo em seus assentos, batendo os pés nervosamente contra o chão, ou alguém estalando os dedos um pouco alto demais.

Então, alguém com mais nervos do que bom senso finalmente falou.

"Porra, esse é o único teste que não podemos falsificar."

Um recruta magricela com cabelo raspado passou a mão pelo rosto, exalando bruscamente.

Ao lado dele, um cara musculoso com uma cicatriz grossa atravessando sua bochecha estalou a língua em concordância.

"Sem dúvida. Testes físicos? Você pode treinar para eles. Potencial genético? Você nasce com isso." Ele se recostou, sua postura relaxada demais para alguém enfrentando um interrogatório psicológico. "Mas isso? Isso é apenas uma maneira sofisticada de descobrir se você tem o cérebro de um psicopata ou a alma de um covarde."

Uma garota de cabelos escuros zombou, cruzando os braços.

"Eles te conectam a uma máquina, colocam sua bunda numa cadeira e começam a fazer perguntas sobre as quais você não pode mentir." Ela girou o pescoço, estalando as articulações. "Não importa o que você diga — se seu cérebro disser o contrário, eles saberão."

"Isso é besteira," murmurou o Cabeça Raspada. "Como diabos isso é justo?"

Um cara com uma tatuagem subindo pelo antebraço riu, sua voz um estranho silvo rouco.

"A vida não é jussssta, seu idiota," ele zombou, mostrando uma língua bifurcada. "Não recebeu o memorando?"

Os olhos de Leo se voltaram para o falante e ele instantaneamente notou a modificação genética. O recruta era um dos aprimorados, um híbrido de cobra de algum tipo.

Os murmúrios continuaram.

Então, é claro, os verdadeiros idiotas começaram a falar.

Um recruta com cabelo loiro penteado para trás — o tipo que parecia achar que era melhor que todos os outros — soltou um escárnio.

"A única coisa que importa é entrar na Classe de Elite." Ele se inclinou para frente, sorrindo com desdém. "Ninguém da classe regular consegue se dar bem na vida. É uma maldita sentença de morte."

Bochecha-cicatriz bufou. "Sim, bem, nem quem falha neste teste, idiota. Se eles pegarem você com as 'inclinações mentais' erradas, você está acabado."

O cara da tatuagem riu novamente, balançando a cabeça. "Imagine perder sssseu lugar por alguma merda idiota como ssssimpatia pelo Culto Maligno ou um dessssejo de queimar a academia."

E então —

BAM.

As portas da sala de teste se abriram com tanta violência que até os recrutas mais arrogantes ergueram a cabeça.

Dois instrutores saíram tempestuosamente, arrastando um recruta pelos braços.

O cara parecia destruído.

Sangue manchava seus lábios, um de seus dentes da frente estava faltando, e seu nariz estava dobrado em um ângulo que certamente não era natural.

O estudante se debatia fracamente, sua respiração irregular, pânico inundando seus olhos arregalados.

"É um erro! É um erro!" ele gritou, sua voz falhando.

Os instrutores nem piscaram.

"Eu não sou um Simpatizante do Culto Maligno! Eu juro! Eu só estava curioso! Eu só disse que os Candidatos a Dragão parecem legais porque são poderosos, isso não significa que eu goste do Culto Maligno!"

Suas palavras se misturavam, desesperadas e afogadas em histeria.

"Espera — espera! Eu não estou conectado ao Culto Maligno! Vocês têm que acreditar em mim!" Ele implorou, mas ninguém acreditou nele.

Ninguém se importou.

Os dois instrutores o puxaram para frente, arrastando-o para fora da sala de espera como se fosse um saco de lixo.

E por um breve momento, ninguém se moveu.

Então —

Risadas.

O cara da tatuagem sorriu, balançando a cabeça. "Puta merda, ele acabou de admitir essssa porra em voz alta?"

Bochecha-cicatriz soltou uma risada afiada. "Um Simpatizante do Culto Maligno tentando se infiltrar em Rodova? Que idiota."

Cabeça Raspada assobiou. "Imagine ter sua cara arrebentada por causa de uma tara por admiração."

O Loiro se inclinou para frente, seu sorriso de escárnio se alargando.

"Sabe, por um segundo, pensei que eles fossem quebrar o pescoço dele na nossa frente."

A garota de cabelos escuros riu baixinho. "Eles deveriam ter feito isso."

Leo permaneceu sentado, observando.

Sua expressão continuava ilegível, mas sua mente estava a mil. Essa situação não era engraçada. Não para ele, pelo menos.

Um minuto depois, os dois instrutores retornaram. Sangue ainda manchando suas luvas.

"Não toleramos Simpatizantes do Culto Maligno na Academia Militar de Rodova." O instrutor careca disse, enquanto deixava o peso de suas palavras penetrar.

Então, ele se inclinou ligeiramente para frente, seus olhos afiados fixando-se nos recrutas como um predador farejando fraqueza.

"Se você tiver a menor simpatia pelo Culto Maligno, seria melhor cortar sua própria garganta agora mesmo."

As palavras caíram como um martelo.

Alguns recrutas enrijeceram e o instrutor sorriu.

Era um sorriso feio e conhecedor.

"Porque se nós pegarmos você —"

Ele deixou o silêncio se estender.

Longo.

Desconfortável.

"— você vai desejar estar morto."

Então, assim, ele se endireitou.

O sorriso de escárnio desapareceu, enquanto ele se voltava para a lista em sua mão.

"Leo Skyshard, você é o próximo, garoto." Ele disse, enquanto examinava a multidão procurando por um Leo Skyshard, até que Leo lentamente se levantou.

"Anda logo!" Ele insistiu, batendo palmas e apontando para Leo entrar rapidamente.