Capítulo 9

Do outro lado da cidade, em um apartamento escuro com janelas cobertas por cortinas pesadas, Eduardo estava deitado em uma cama desarrumada, o peito subindo e descendo com respirações irregulares. Ele não dormia, não de verdade — vampiros não precisavam disso. Mas às vezes, ele se permitia fechar os olhos e deixar a mente vagar, buscando alívio para a fome que nunca o deixava. Esta noite, porém, sua mente não encontrou alívio. Encontrou ela. Naomi.Ele a viu em sua mente com uma clareza impossível, os cachos loiros espalhados sobre um travesseiro imaginário, os olhos azuis nublados de desejo. No sonho, ele a tocava, sentia a suavidade de sua pele, o calor de seu corpo contra o dele. Era tão real que ele podia jurar que sentia o gosto dela em sua língua, doce e intoxicante. Ele acordou com um grunhido, o nome dela escapando de seus lábios em um grito rouco: — Naomi!Ele se levantou, passando as mãos pelos cabelos, o corpo tenso, excitado, faminto. Não era só a fome de sangue. Era algo mais, algo que ele não sentia há séculos. Desde ela. Desde o dia em que perdera tudo. Ele cerrou os punhos, a culpa e a raiva lutando contra o desejo que o consumia. Naomi era perigosa. Não porque ela o desafiava, mas porque ela o fazia querer ser algo que ele não era. Humano. Vulnerável.Ele atravessou o quarto até a janela, afastando a cortina para encarar a lua. O brilho prateado refletia em seus olhos, que por um instante pareceram brilhar com um vermelho sutil. Ele sabia o que estava acontecendo. Sua natureza vampírica estava se conectando a ela, invadindo seus sonhos, puxando-a para o seu mundo. Ele não queria isso. Ou queria? A memória do beijo no corredor voltou, o calor dos lábios dela, a coragem em seus olhos mesmo depois do tapa. Ele havia perdido o controle, algo que nunca acontecia. E agora, ela estava sob sua pele, como um veneno que ele não queria expelir.