Código do Rei Caído
Capítulo 1 – O Transferido Solitário
04:30 da manhã.
O som da respiração ritmada preenchia o pequeno apartamento.
Na sala, o chão tremia levemente a cada flexão, a cada barra puxada, a cada soco contra a parede de concreto gasto.
Kail, com apenas quinze anos, repetia os movimentos com precisão.
Sem hesitar. Sem descansar.
Frio como uma máquina.
— ...Mais cinquenta.
O suor escorria pelo queixo e caía no chão rachado. Seu corpo, magro mas definido, se movia como se já estivesse acostumado à dor.
Porque estava.
"Ser fraco é o mesmo que estar morto."
Ele se lembrava do rosto de Ryun.
Do riso.
Do chute no peito.
Das vozes zombando enquanto ele jazia no chão.
Ele não esqueceu.
Nunca esqueceria.
06:50 da manhã.
Kail caminhava sozinho pelas ruas silenciosas.
Uniforme recém-passado, mas com a gravata solta e a mochila pendurada em um ombro só.
O céu nublado parecia anunciar um dia comum.
Mas dentro dele… algo fervia. Como um vulcão prestes a explodir.
Ao virar a esquina, viu o portão da nova escola.
Colégio Yeonseong. Um dos maiores da cidade.
As paredes estavam pichadas com símbolos estranhos: chamas vermelhas, corvos pretos, uma flor branca quebrada.
Território marcado.
Três alunos, enormes como jogadores de futebol americano, estavam encostados perto do portão, rindo alto.
Um deles esticou o braço, bloqueando o caminho de Kail.
— Ei, você. Primeira vez por aqui?
Kail parou.
— Nunca te vi antes. Isso aqui é território do Trono Vermelho. Tem que pagar pedágio.
O garoto estalou os dedos.
— Me dá o celular. Agora.
Kail olhou para ele. Depois para os outros dois.
Sem dizer uma palavra, soltou a mochila no chão.
— Hã?
O primeiro soco veio como um raio.
Kail agarrou o pulso do valentão e girou o corpo.
O braço do garoto estalou alto, deslocado. Ele caiu gritando no chão, com os olhos arregalados.
Os outros dois se moveram — tarde demais.
Kail girou e aplicou um chute seco no estômago do segundo.
Impacto direto.
O garoto voou para trás, se chocando contra o muro.
Caiu de joelhos, tossindo e cuspindo algo amarelado. O rosto pálido, o corpo tremendo.
O terceiro hesitou.
Kail não.
Ele avançou, e o punho dele afundou no nariz do último com precisão.
Estalo. Sangue. Silêncio.
Kail pegou a mochila, colocou no ombro, e passou pelos três como se fossem lixo no caminho.
08:00 – Primeira aula.
A professora sorriu, tentando parecer simpática.
— Temos um novo aluno transferido. Seja bem-vindo, Kail.
Ele ficou parado diante da turma, mãos nos bolsos.
Não disse nada.
Sussurros ecoaram pelas fileiras.
— É ele… o cara do portão.
— Ouvi que quebrou o braço do Dojin só com uma torção...
Kail caminhou até o fundo da sala e sentou.
De lá, podia ver tudo.
Ouvir tudo.
E planejar.
13:00 – Refeitório.
Aquilo não era um lugar de descanso.
Era uma arena.
Os grupos estavam divididos:
Os de preto.
Os de vermelho.
Os de branco.
Tronos.
Kail passou entre eles como se fossem invisíveis.
Pegou sua bandeja, sentou-se sozinho.
Três alunos o cercaram logo depois.
Um deles, com cabelo vermelho e um broche do Trono Vermelho, deu um sorriso torto.
— Então você é o maluco novo.
Kail mastigava devagar.
Não respondeu.
— Eu fiz uma pergunta, inseto.
O garoto esticou a mão para pegar o colarinho dele.
Erro número um.
Kail segurou o pulso e torceu com precisão.
Estalo seco.
— AAAAAAAAAAAH!
O refeitório inteiro parou.
Todos os olhares estavam sobre ele.
Kail soltou o braço e voltou a comer, tranquilo.
"Espalhem os rumores."
"Me temam antes de tentarem me conhecer."
Terraço da escola.
Lá no alto, um garoto de cabelos pretos, sentado no parapeito, observava com um sorriso curioso.
Digitava no celular:
“O novo chegou. Nome: Kail. Potencial: alto. Inimigo natural do Trono Vermelho?”
Deslizou o dedo e enviou a mensagem para o grupo secreto dos Tronos.
Enquanto isso, lá embaixo, Kail saía do refeitório sem pressa.
FIM DO CAPÍTULO 1
Próximo: "Os Três Tronos"
A verdadeira estrutura do inferno estudantil será revelada.