Velhos Amigos, Novas Revelações

Capítulo 5 – Velhos Amigos, Novas Revelações

Na manhã seguinte à maratona de missões, Gustavo e Luan encontraram seus amigos no pátio da escola.

O clima estava leve e descontraído, com todos animados pelos primeiros dias em Project Endfall.

— “Vocês sumiram ontem, hein!” — comentou João Pedro, com um sorriso.

— “A gente farmeia junto e vocês evaporam?” — completou Uriel, semicerrando os olhos com desconfiança.

Ian checou o ranking local do servidor pelo celular.

— “Mano... olha isso. Gustavo e Luan já tão no nível 9? Como assim?!”

Todos se viraram, surpresos.

— “Vocês tão usando hack ou o quê?” — brincou Ryan, meio desconfiado.

Luan deu um leve riso.

— “A gente só teve sorte com umas missões melhores. Encontramos uns NPCs diferentes.”

Gustavo completou, com naturalidade:

— “Mas também jogamos a madrugada toda. Por isso saímos mais cedo ontem.”

A explicação foi convincente o suficiente para não levantar mais suspeitas. Mas seus amigos ainda pareciam impressionados.

— “Bom... só não se esqueçam de carregar a gente depois.” — disse André, rindo.

Com o sinal batendo e os alunos começando a entrar nas salas, Gustavo e Luan se afastaram.

Mais tarde, naquele mesmo dia

Já em casa, os dois se conectaram brevemente no jogo para organizar inventário e conferir mensagens do sistema. Depois de revisar os objetivos para as classes lendárias, decidiram que era hora de descansar.

Gustavo mandou uma mensagem privada:

"Minha missão de classe apareceu.

Tenho que encontrar o Túmulo de Ryuki e derrotar o fantasma dele. Era aquele antigo Espadachim Lendário."

Luan respondeu pouco depois:

"A minha também.

Preciso ir até o castelo de Estrelamar e passar no teste do Mestre dos Cavaleiros."

Por um instante, os dois ficaram em silêncio. Eles sabiam que essas tarefas exigiriam foco total.

Gustavo mandou a última mensagem:

"Boa sorte, irmão. Amanhã é dia de aula. Vamos com calma."

Luan respondeu:

"Descansa. A guerra começa de novo em breve."

Os dois deslogaram.

Capítulo 6 – A Sobrevivente

Manhã seguinte – Ônibus escolar

O veículo seguia sua rota habitual, enquanto Gustavo, de fones de ouvido, olhava a cidade pela janela. Por um momento, quase se perdeu em lembranças dos últimos anos de horror — o caos, a destruição, as perdas.

Foi então que ela entrou no ônibus.

Uma garota de cabelos longos e lisos, pretos como a noite. Pele clara, olhos puxados e expressivos. Yuki Tsukumo.

Gustavo travou. Seu corpo congelou por um segundo.

Ela... ela sobreviveu até o fim. Lutou. Morreu... ao nosso lado. Mas agora...

Yuki olhou para os bancos vazios... e sentou exatamente ao lado dele.

— “Oi. Bom dia.” — disse ela com voz serena.

Gustavo demorou um instante para reagir.

— “O-oi. É... você é nova aqui?”

— “Não, só voltei pro colégio. Tive que mudar de cidade por um tempo.” — explicou, puxando o celular. “Meu nome é Yuki.”

Ele já sabia.

— “Sou Gustavo. Prazer.” — respondeu, tentando soar natural.

O silêncio se instalou por alguns segundos, até que ela puxou um assunto casual:

— “Você joga aquele novo RPG? O... PJED?”

Gustavo teve que conter o impulso de dizer tudo.

— “Jogo sim. Começou agora há pouco. Você joga?”

— “Ainda não. Tô criando coragem. Me falaram que é meio complexo. Mas parece lindo. Acho que vou começar hoje à noite.”

Gustavo sorriu.

Ela ainda não sabe... mas vai ser uma das pessoas mais importantes nessa guerra.

Yuki, no futuro, havia despertado como uma Feiticeira Divina, uma das classes mais raras e poderosas do jogo — e da realidade, quando tudo começou a colapsar.

Mas agora, ela era apenas uma garota curiosa, prestes a entrar no mundo que mudaria tudo.

— “Se quiser, posso te ajudar no começo.” — disse ele.

— “Sério? Obrigada! Me passa seu contato?”

Trocaram números. Pouco depois, o ônibus parou em frente à escola, e seguiram caminho.

Mas para Gustavo, aquele momento era mais que um reencontro. Era uma nova chance de protegê-la — e quem sabe, desta vez, salvar o mundo ao lado dela também.