A Camélia e a Lenda

Capítulo 8 – A Camélia e a Lenda

Noite em Valenport

Após um dia cheio de aulas, risadas e descobertas, a noite finalmente chegou. Yuki conectou-se pela primeira vez em Project Endfall, com os olhos brilhando diante da vastidão do mundo digital. Ao seu lado, Gustavo e Luan não participavam diretamente das missões, mas observavam, orientavam e protegiam.

— “Fique atenta aos sons do ambiente. Alguns inimigos não aparecem no radar.” — orientou Luan.

— “Tenta usar poção antes da vida cair muito. Sempre tem um tempo de recarga.” — disse Gustavo.

Com a orientação dos dois, Yuki progrediu absurdamente rápido. Em poucas horas, já havia completado todas as missões básicas e algumas secundárias que a maioria dos jogadores sequer havia descoberto.

Yuki Tsukumo subiu para o nível 9.

Na praça central da cidade, ela se virou para os dois com um sorriso tímido.

— “Acho que por hoje é o suficiente. Tô amando o jogo, de verdade. Mas vou dormir.”

— “Boa ideia. Você avançou muito rápido.” — respondeu Gustavo.

— “Amanhã a gente continua. Vai por mim, o mundo ainda tem muito a mostrar.” — completou Luan.

Yuki deslogou.

E então, o tom mudou.

Gustavo e Luan se olharam.

— “Chegou a hora.” — disse Gustavo, firme.

— “Boa sorte, irmão.” — respondeu Luan, ativando sua montaria.

Sem dizer mais nada, os dois se separaram.

Missão Secreta – O Lendário Ryuki

Gustavo seguiu sozinho pelas colinas do sul, sob uma névoa baixa e o som de sinos distantes. No horizonte, o antigo cemitério de Hanakiri se revelava — um local esquecido por muitos jogadores, escondido entre colinas e campos de grama vermelha.

O local era sombrio, mas vivo. NPCs espalhados choravam em frente a lápides. Alguns ajoelhados, outros apenas em silêncio profundo.

Gustavo caminhou lentamente por entre as tumbas gastas, até que algo chamou sua atenção.

Um velho de sobretudo preto, chapéu aba larga e charuto aceso, estava parado diante de uma lápide sem nome. Seu olhar parecia perdido... ou talvez, esperando.

Gustavo se aproximou.

— “Você veio buscar a lenda, garoto?” — perguntou o velho, sem se virar.

Gustavo confirmou com um simples "sim".

Nova Missão Secreta Adquirida: “O Lendário Ryuki”

Objetivo: Honre a memória do mestre espadachim e prove-se digno de empunhar sua herança espiritual.

Sem mais palavras, Gustavo abriu o inventário e retirou um item que vinha guardando com cuidado: uma camélia vermelha.

Ele a colocou sobre a lápide sem nome, como mandava o ritual.

No mesmo instante, o chão estremeceu levemente. Ao lado da lápide, uma fenda de luz branca se abriu entre as pedras do cemitério, revelando uma passagem oculta.

Sem hesitar, Gustavo entrou.

O Jardim de Sangue e Sakura

Do outro lado da fenda, Gustavo emergiu em um lugar que parecia tirado de um sonho.

Um jardim gigante de flores vermelhas, ondulando com o vento, se estendia até onde a vista alcançava. Ao centro, uma enorme cerejeira solitária florescia com pétalas que caíam lentamente.

E abaixo dela, uma única lápide cinzenta com letras gravadas em dourado:

Ryuki – Aquele que jamais recuou.

Diante da lápide, duas katanas cruzadas, cravadas no chão. Uma com a lâmina negra como a noite. A outra, prateada e elegante como a lua.

Gustavo se ajoelhou. O ar ali era denso com magia antiga e respeito.

Ele sabia: o teste real estava para começar.

As espadas começaram a vibrar levemente. O vento ficou mais forte. A árvore balançava como se sentisse a presença de um desafiante.

E então... uma voz ecoou, vinda de todos os lados:

— “Aqueles que carregam lâminas... devem estar dispostos a sangrar por elas.”

A missão estava oficialmente em andamento.

E Gustavo Marques estava prestes a enfrentar o fantasma de Ryuki, o mestre dos espadachins.