CAPITULO 11 - ALTITUDE E AUSÊNCIA.

Laura saiu da reunião mais cedo. Estava animada - queria mandar uma mensagem, talvez propor uma noite de vinho e filme besta.

Mas ao abrir o Instagram. lá estava o post.

Foto panorâmica. Legenda em tom leve,

MACHU PICCHU com elas. Finalmente! Três anos esperando esse reencontro. Gratidão e respiro!

Rafaela.

No Peru.

Sem avisar.

Sem dar Tchau.

Laura leu a legenda uma, duas, três vezes.

Deslizou o dedo pela tela como se fosse uma faca.

- Ela viajou. E nem me disse?

Mariana, a assessora, entrou bem na hora:

- Você está branca. Aconteceu alguma coisa?

- Aconteceu sim. Minha quase-esposa foi subir montanha com as amigas e me deixou aqui no chão, com um contrato e mil suposições.

Rafaela só respondeu horas depois.

Laura, eu precisava respirar.

Essa viagem foi planejada há anos.

Prometo que explico tudo.

Por favor, não fica brava.

Laura jogou o celular na cama.

-Não estou brava. Estou ferida. Que é bem pior.

ENQUANTO ISSO : RAFAELA CONVERSANDO COM UMA AMIGA EM MACHU PICCHU

-Você contou para ela que vinha?

- Não.

-Rafaela...

- Eu precisava pensar.

- Em quê?

- Em por que diabos uma mulher que eu conheço há pouco tempo esta bagunçando tudo aqui dentro.

-Ah... então... você está ferrada.

Rafaela encarava o horizonte.

- Eu achei que se eu saísse um pouco, as coisas se acalmariam. Mas parece que só ficou mais intenso.

- Porque você não quer distância, Rafa. Você quer fuga com prazo de volta.

POR MENSAGEM:

Laura: 

Você poderia ter me dito.

Eu entenderia.

Mas silêncio machuca mais do que distância.

Rafaela:

Você tem razão.

E foi medo.

Não de você. De mim.

De estar sentindo demais.

Laura respondeu só no dia seguinte.

Se você está sentindo demais, então volta.

Porque eu estou aqui, sentindo sozinha.