Episódio 37

EPISÓDIO 37 – SANGUE POR SANGUE

Interior – Praça do Sol – Tarde

O céu estava acinzentado quando **André** chegou à Praça do Sol, usando um casaco escuro e óculos escuros. Ele se sentou em um dos bancos centrais, os olhos atentos aos arredores. Uma mulher de meia-idade, com traços familiares, se aproximou em silêncio.

— “Você é André Monteiro?” — perguntou ela, com voz contida.

— “Sim. E você?”

— “Sou Eun-Ji Feraz. Sua tia por parte de mãe.”

André arregalou os olhos.

— “Então é verdade... Eu não sou filho de Helena.”

Eun-Ji assentiu.

— “Você é filho de **Marina Feraz**, minha irmã. Ela foi tirada de mim. E você… levado à força.”

— “Por Helena.”

— “Ela odiava minha irmã. Helena roubou tudo — o nome, a fundação… e você.”

André recuou, com raiva no olhar.

— “E por que você aparece agora?”

— “Porque você precisa saber quem você é. E porque César… está se aliando com pessoas que também querem apagar sua mãe da história.”

André suspirou fundo.

— “Me dê provas.”

Eun-Ji entregou uma pasta com fotos, cartas e um teste de DNA.

— “Isso é seu. Sangue por sangue.”

Interior – Fundação Helena Monteiro – Escritório de Alina – Noite

**Alina** revisava documentos quando **Miguel** entrou, trazendo chá.

— “Você precisa parar de trabalhar às dez da noite.”

— “Só até a auditoria acabar. Não quero dar espaço pra nenhum deslize.”

— “Você está ficando igual a Helena.” — brincou ele.

Alina parou e encarou o irmão.

— “É disso que tenho mais medo.”

Miguel se aproximou.

— “Você é como ela na força. Mas é melhor em tudo o resto.”

Eles se abraçaram, em silêncio.

Interior – Clínica de Psicologia – Sala de Sessão – Dia Seguinte

**Isabela** estava sentada diante da psicóloga.

— “Sinto como se tivesse voltado viva, mas não inteira.”

A profissional anotava calmamente.

— “Você sente culpa por ter sobrevivido?”

Isabela hesitou.

— “Sinto como se tivesse deixado partes de mim naquele carro. E agora… não sei quem sou.”

— “Você ama o Miguel?”

— “Com tudo que tenho. Mas às vezes... me pergunto se ele também está preso à ideia de me proteger.”

— “Talvez seja hora de perguntar isso a ele.”

Isabela assentiu, com os olhos marejados.

Interior – Escritório de César – Mesmo Momento

César falava com a mesma figura misteriosa da chamada anterior — desta vez, em um local reservado com cortinas fechadas.

— “André está começando a entender sua origem.”

— “É o que você queria?” — perguntou a figura.

— “É parte do plano. Quanto mais ele souber, mais vai odiar os Monteiro.”

— “E o que pretende fazer com isso?”

César sorriu.

— “Transformar André em uma arma. E destruir a fundação… por dentro.”

Interior – Fundação – Sala de Reunião – Tarde

Alina, Verônica, Miguel e André estavam reunidos.

— “Vamos transformar a Fundação em uma entidade pública. Com auditoria externa, conselho comunitário e voz dos projetos sociais.” — anunciou Alina.

Verônica ergueu as sobrancelhas.

— “Isso é um golpe de mestre… ou suicídio político.”

Miguel riu.

— “Ou os dois.”

André estava pensativo.

— “Tem certeza disso, Alina?”

— “Absoluta. Se quisermos que a Fundação sobreviva além de nós, ela precisa ser maior do que a nossa família.”

André levantou-se.

— “Então acho que é hora de eu ser honesto também.”

Todos o encararam.

— “Helena Monteiro não era minha mãe. Marina Feraz era. Eu sou um Feraz de sangue.”

O silêncio tomou a sala.

— “Mas eu escolho o que sou. E estou com vocês. Até o fim.”

Alina se levantou e o abraçou.

— “Você é um Monteiro… porque faz parte dessa família.”

Interior – Café de Seul – Noite

**Isabela** encontrou Miguel. Eles pediram chocolate quente. O clima era frio, mas íntimo.

— “Você me ama ou se sente responsável por mim?” — perguntou ela, de forma direta.

Miguel arregalou os olhos.

— “Eu te amo. Desde antes do acidente. Desde que você me fez rir quando tudo era dor.”

— “Então me trate como mulher. Não como paciente.”

Ele se aproximou, beijando-a com paixão.

— “Com prazer.”

Interior – Sede Secreta – Tarde Seguinte

**César** observava um mural com fotos de todos os integrantes da fundação.

Um novo nome apareceu na tela:

**EUN-JI FERAZ – ex-executiva, desaparecida, reemergida.**

Ele sorriu.

— “O passado não se apaga… mas pode ser reescrito com a caneta certa.”

———

PRÓXIMO EPISÓDIO: **“A Mulher que Voltou”**

Eun-Ji Feraz vem a público revelar o passado obscuro de Helena, dividindo a opinião pública e abalando Alina. André começa a ser assediado pela mídia como “o verdadeiro herdeiro” da Fundação. Isabela descobre um segredo sobre sua infância que a faz duvidar da própria mãe.