A reunião dos curandeiros

Embora a expressão de Amelia ainda fosse suave, suas palavras não eram

— Brincadeira — disse Amelia com um sorriso brincalhão, e Joseph riu desconfortavelmente.

— Eu só pensei, por que devo agir como a Cinderela e esperar que um príncipe venha me salvar? Encontrei minha própria saída — disse Amelia, caminhando à frente em direção à tenda para pegar água.

Joseph a seguiu.

— O Alfa Killian queria enviar uma equipe para ajudar, mas as condições climáticas não estavam exatamente boas — Joseph tentou explicar.

Amelia acenou com a mão, descartando o assunto.

— Se fosse alguém da sua alcateia, você também teria desistido dessa pessoa? — perguntou Amelia antes de colocar um pão na boca.

Joseph gaguejou.

Claro, eles nunca abandonariam um membro da alcateia. Membros da alcateia eram como família, e seu povo arriscaria suas vidas para salvar uma garota da alcateia.

— Eu sei que vocês sabiam que eu conseguiria sair de lá. Eu sou forte, não sou? — Amelia piscou inocentemente, descartando suas palavras anteriores, e Joseph sorriu forçadamente antes de assentir.

Ele queria enviar ajuda, e os soldados que os acompanharam na caminhada para garantir a segurança do alfa também estavam prontos, mas o Alfa Killian disse que fariam isso pela manhã, e ele não podia ir contra as palavras de seu alfa.

Amelia virou-se e viu Marcos olhando ao redor com urgência, e seu coração aqueceu imediatamente.

Ela lembrava claramente que Marcos tinha ido participar do décimo aniversário de sua filha e não sabia o que havia acontecido com ela. No entanto, ele correu para o local assim que soube.

Ele foi quem iniciou a missão de busca.

— Marcos! — Amelia acenou com a mão.

Marcos correu para o lado dela e olhou para ela com profundo afeto e cuidado, como um pai olharia para sua filha, antes de respirar fundo.

— A senhorita está bem? — perguntou Marcos.

Amelia sorriu.

Este homem era seu motorista, que também agia como seu guarda-costas. Ela lembrou como o homem havia tentado fazê-la ver a realidade, mas ela estava tão cega pelos truques de sua irmã que nunca os viu.

E no final, este homem foi morto por causa dela.

Amelia respirou fundo antes de puxar sua bolsa para frente.

Ela abriu o zíper da bolsa e tirou a pedra de opala que havia encontrado em um coral um mês atrás.

— Para sua filha — disse Amelia.

Marcos arregalou os olhos com o brilho.

Até Joseph levantou as sobrancelhas. Ele lembrava claramente que Hannah e o Alfa Killian haviam pedido a pedra de opala para Amelia, mas ela disse que a colocaria no centro dos curandeiros para que todos pudessem estudá-la.

— Senhorita... isso... — os olhos de Marcos se encheram de lágrimas.

Ele sabia que esta opala tinha um significado importante para os curadores.

— Por favor, aceite — insistiu Amelia.

Em sua vida passada, sua estupidez destruiu a vida de muitas pessoas boas, mas desta vez, ela estava pronta para compensar isso.

Amelia respirou fundo quando o homem pegou a pedra e a colocou em sua carteira como se fosse algo a ser valorizado.

— Leve-me para a reunião dos curandeiros. Não quero me atrasar — disse Amelia.

Marcos assentiu antes de ajudá-la a entrar no carro.

Depois de dirigir por duas horas, eles finalmente chegaram à reunião dos curandeiros.

Era para ser uma das reuniões mais importantes, e curadores do Norte também estavam chegando.

Amelia olhou para suas roupas com um olhar desamparado antes de se virar para a esquerda, onde havia um shopping.

— Marcos, preciso me trocar antes de comparecer. Não posso arruinar a reputação do meu pai — disse Amelia, e Marcos assentiu em compreensão.

Ela foi ao banheiro para se lavar rapidamente.

Como era cedo, havia poucas pessoas no shopping.

Marcos rapidamente conseguiu um bom conjunto de roupas e entregou a ela pela porta. Ele estava parado do lado de fora como um guarda-costas, pronto para atacar qualquer um que perturbasse seu trabalho.

Amelia saiu, parecendo renovada com apenas alguns arranhões nas mãos.

— Eu deveria ter comprado algo que cobrisse suas mãos — Marcos pressionou os lábios desapontado.

Amelia olhou para suas mãos e sorriu.

— Não. Estas são minhas cicatrizes de batalha — ela disse.

Marcos olhou para as costas da garota com sobrancelhas franzidas. Cicatrizes de batalha?

Ela se referia a tudo que teve que enfrentar para sair daquela floresta? Ele se perguntou, seguindo-a silenciosamente.

A reunião já havia começado, e Hannah levantou-se de seu assento, pronta para apresentar as ervas com as quais Amelia havia preparado decocções.

Como Amelia não estava lá, seu pai insistiu que ela assumisse.

Hannah conhecia quase todas as ervas, exceto uma, o ingrediente principal para curar feridas com velocidade relâmpago sem poderes sobrenaturais.

— Senhorita Hannah, não é? Quais são as qualidades especiais desta erva? Que quantidade é usada aqui? Ouvi dizer que é veneno — disse um dos curadores mais velhos.

Hannah ficou lá, insegura, e olhou para seu pai desamparadamente, e Thames Cooper rangeu os dentes.

— É realmente um veneno — uma voz suave, mas seca, ressoou no salão, e todos olharam para a entrada.

— Irmã — Hannah olhou para ela como se visse sua salvadora, e o olhar de Amelia escureceu.

Esta era a irmã mais velha por quem ela desistiu de sua vida, sua felicidade, e que a apunhalou dolorosamente pelas costas.

— E quem é você? — perguntou o curador mais velho.

— A criadora desta decocção. Sou responsável por todas as perguntas e aceito as críticas. Minha irmã e família não têm nada a ver com isso — disse Amelia.

Ela sabia que levar todo o crédito por algo que encontrou e pesquisou no laboratório da Família West seria mal visto. Deveria ser chamado de esforço coletivo.

No entanto, ela fez parecer que estava assumindo a culpa, e ninguém disse nada, exatamente como ela esperava.

— Você é a criadora, mas ousa chegar atrasada. Está nos menosprezando? — disse Patricia, filha do Ancião Noah.

Amelia olhou para a garota e sorriu.

— Para uma praticante, salvar a vida de alguém é mais importante do que comparecer a uma reunião. Foi isso que me ensinaram. Ontem à noite, por acaso encontrei um homem na floresta que foi esfaqueado com uma adaga, e tive que ajudá-lo com as poucas ervas que tinha. Isso também me fez descobrir uma nova base para a pasta de cura — disse Amelia e caminhou até o quadro.

Como a maioria das fórmulas precisava de explicação, havia um quadro branco na sala.

Ela pegou o marcador e escreveu as ervas que usou para ajudar o homem.

Ela explicou as mudanças que notou e como eram mais benéficas do que as ervas tradicionais que vinham usando.

As pessoas pediram uma amostra; felizmente, ela tinha algumas folhas sobrando.

Ela colocou as folhas no meio da mesa.

A Anciã Gloria pegou as ervas em sua mão.

— Essas folhas não são semelhantes ao veneno de acácia? Como você diferenciou? — perguntou Gloria.

— Testando-as em mim mesma — respondeu Amelia como se não fosse grande coisa.

Por outro lado, Hannah olhou para sua irmã, que estava recebendo toda a atenção, e cerrou os punhos.

Ela ficou satisfeita quando Amelia caiu no buraco. Ela também conseguiu persuadir Killian a procurar no dia seguinte.

Embora esta reunião tivesse manchado o nome da família, teria feito seu pai odiar Amelia, e era isso que ela pretendia.

Como essa garota voltou sozinha, e ainda por cima parecendo assim?

Depois que tudo foi explicado, o Ancião Jade levantou-se de seu lugar e acenou para Thames.

— Estamos satisfeitos com esta reunião. Isso nos fez perceber o quanto os anciãos ainda precisam aprender com mentes jovens. Nosso filho Victor estava pesquisando algumas ervas semelhantes. Que tal enviar Amelia para nosso centro por um mês? — disse o Ancião Jade.

Thames olhou para Amelia com orgulho antes de sorrir.

— Seria uma honra — disse Thames.

Amelia sorriu na superfície, mas por dentro, zombou.

Algo assim havia acontecido em uma vida anterior, e Hannah havia rejeitado porque queria ficar com o Alfa Killian.

A reunião chegou ao fim, e Hannah correu para Amelia.

— Amelia, você está bem? Você não tem ideia de como fiquei preocupada. Mas então tive que vir aqui para salvar o nome da família. Estou tão feliz que o Alfa Killian ajudou você — disse Hannah.

Ela provavelmente estava tentando ver se o homem havia ajudado Amelia.

— Obrigada por se importar tanto, irmã — disse Amelia, fingindo inocência.

Ela queria saber tantas coisas sobre sua irmã e família, a mais importante das quais era por que a odiavam. O que eles queriam ganhar?

E para isso, ela teria que continuar fingindo enquanto não caía em nenhum esquema.

Amelia brincou com a pulseira em sua mão antes de sair do salão de conferências.

— Vamos, Marcos — disse Amelia.

— Para o mesmo lugar, Senhorita? — perguntou Marcos, e Amelia sorriu com conhecimento de causa.

— Para o mesmo lugar — ela sorriu maliciosamente.