A chuva caía como um lamento sobre os telhados quebrados da Cidade Lótus. O céu, cinzento como o coração de Ye Tian, parecia pesar sobre seus ombros curvados. Vestia-se com simplicidade: roupas de linho gastas, pés descalços na lama, olhos fundos como se o mundo já tivesse desistido dele — ou ele do mundo.
No altar de pedra, o túmulo de sua esposa exalava o cheiro úmido de jasmim e terra. Ele se ajoelhou pela centésima vez naquele mês.
— Me perdoe… Eu falhei com você… — sua voz era rouca, arranhada pela saudade e pelo tempo.
Do bolso da túnica, tirou um amuleto partido, o único presente que a filha ainda não havia jogado fora. “Pai fraco”, ela gritara semanas antes, antes de desaparecer com a seita que a aceitara como discípula.
Ye Tian encarou o céu e pensou, como em todos os dias: Se eu tivesse poder… teria salvado minha esposa. Teria protegido minha filha. Teria sido... alguém.
Um trovão rugiu no horizonte, e então, algo mudou.
[Sistema do Verdadeiro Cultivador ativado]
[Você se encontra em estado de declínio físico e mental. Avaliando... Falha total nos meridianos. Qi vital abaixo de 2%. Prognóstico: morte dentro de 3 anos.]
Ele congelou.
— O que... é isso? — sussurrou, olhando ao redor, sem entender.
[Iniciando Tarefa de Reativação: Respire dez vezes o ar deste mundo como se quisesse viver]
Recompensa: Técnica de Respiração do Dragão Celestial (nível mortal)
Ye Tian ficou paralisado. Então... riu. Uma risada vazia, cortada pelo desespero.
— Eu já passei dos quarenta… que diabos é isso de me tornar invencível agora?
[Tempo limite: 60 segundos. Caso contrário, tarefa falhará.]
Instintivamente, ele fechou os olhos.
E... respirou.
Uma vez.
A dor no peito diminuiu.
Duas vezes.
O ar parecia mais leve.
Três. Quatro. Cinco...
Uma energia morna serpenteava por seus pulmões.
Dez.
[Tarefa concluída]
Recompensa recebida: Técnica da Respiração do Dragão Celestial – Nível Mortal liberada]
[Nova tarefa desbloqueada: Pratique socos e chutes por meia hora]
Recompensa: Corpo do Imperador Marcial – Estágio 1
Ye Tian caiu de joelhos, suando. Seus músculos tremiam como se algo adormecido dentro dele tivesse despertado.
— Isso... Isso é real...
Ele fechou a mão lentamente.
Pela primeira vez em dez anos, sentiu força. Real, bruta. Como se sua alma se recusasse a morrer.
E pela primeira vez, não chorou diante do túmulo da esposa.
— Espere por mim, minha filha… Papai vai voltar.
Na chuva que não cessava, um homem de quarenta e poucos anos, cansado e esquecido, deu seu primeiro passo para se tornar invencível.