Chapter 3 Ela merece apanhar!

Assim que vi aquela cena, meu coração estremeceu. Enquanto eu tentava entender o que estava acontecendo, meu pai veio até mim e me deu um tapa, fazendo com que eu batesse contra a parede. Antes que eu pudesse me recuperar, ele gritou comigo, furioso: "Charlotte, estamos criando você há três anos. É assim que você nos retribui?".

Senti um gosto de sangue na minha boca. Eu estava em transe.

Fazendo de tudo para conseguir me manter em pé, olhei para meu pai e perguntei: "O que…".

"Como você tem coragem de me perguntar alguma coisa? Você acha que não sabemos o que você fez? Você armou contra a sua irmã! Deu a ela remédios para dormir e se fez passar por ela no casamento! Se não tivéssemos descoberto a tempo e levado Caroline ao hospital, para fazer uma lavagem gástrica, nem sei se ela estaria viva agora!"

Depois de dizer isso, meu pai levantou a mão e me deu outro tapa forte no rosto.

O segundo tapa foi ainda mais violento do que o anterior. Fiquei em transe por um momento e caí no chão.

Embora meus olhos estivessem embaçados, eu estava excepcionalmente contida!

Alguns dias antes, meus pais me contaram que Caroline havia se apaixonado por Denny, alguém que trabalhava na empresa deles. Mas, como eles não ousavam ir contra Patrick, acabaram me pedindo para casar com Patrick no lugar de Caroline.

Eu mesma levei Caroline ao aeroporto anteontem e a vi passar pela verificação de segurança.

"No final das contas, como foi que eu armei contra a Caroline?"

Minha mente estava uma bagunça!

Aos poucos, algumas coisas foram ficando claras, mas eu simplesmente não queria acreditar.

Meu pai, que parecia não ter superado sua fúria, pegou um banquinho de madeira e bateu com ele na minha cabeça!

Fiquei com tanto medo que tentei me esconder, mas fui atingida novamente nas costas.

"Isso dói!"

Eu estava sentindo muita dor, mas evitei chorar ou gritar, assim como eu geralmente fazia no orfanato.

Naquela época, mesmo quando eu estava doente ou passando mal, não tinha ninguém ao meu lado. Nem havia ninguém com quem eu pudesse compartilhar minha tristeza.

Com o passar do tempo, por pior que eu estivesse, eu aprendi a não revelar meus sentimentos com facilidade.

Vendo que eu não estava chorando, meu pai ficou com mais raiva ainda. Então, ele me bateu mais algumas vezes, o que fez com que eu mordesse os lábios com força.

Finalmente, minha mãe não aguentou mais. Ela segurou o banquinho com as mãos e disse: "Já deu! Você vai acabar matando-a se continuar batendo nela!".

Meu pai, então, jogou o banquinho no chão e disse, com raiva: "Ela fez por merecer!".

Foi só depois de ouvir o som do banquinho caindo no chão que me atrevi a me mexer. Eu olhei para cima e vi Caroline nos braços de Patrick. Olhando na minha direção, ela disse: "Patrick, veja só, meus pais já bateram e deram uma lição nela. Então será que você poderia poupá-la? Afinal, ela cresceu num orfanato e é claro que lá ela aprendeu muitas coisas ruins".

Embora seu tom fosse empático, pude ver claramente que ela não olhou para mim com simpatia, mas, sim, de forma fria e calculista.

O olhar dela confirmou a minha suspeita.

Eu me agachei em um canto e não disse nada. As minhas costas estavam doendo muito naquele momento e eu tinha medo de que meu pai voltasse a me bater. Se isso acontecesse, ele provavelmente quebraria a minha coluna!

Patrick olhou para mim. Para minha surpresa, pude ver uma mistura de sentimentos complexos passando por seus olhos negros. Depois de um longo tempo, ele disse: "Vamos conversar sobre isso mais tarde".

Depois disso, meus pais se sentaram com Caroline e Patrick na sala de estar.

Quando meu pai olhou para mim, ele me repreendeu: "Vá já para cima, p*rra! Rápido! Vou bater em você de novo se você continuar aqui!".

Eu vi que Caroline estava sentada ao lado de Patrick, enquanto segurava seu braço com intimidade. Os dois deram as mãos e entrelaçaram os dedos.

Era daquele jeito que um casal deveria se comportar…

Tentando suportar a dor, fiquei curvada. Andar uma dezena de passos era tão doloroso que parecia que eu estava correndo uma maratona. Cada vez que eu subia um degrau da escada, a dor no local onde eu havia sido atingida me fazia suar frio.

No entanto, a dor física não era nada comparada ao meu sofrimento emocional.

Pensei: "Embora eu não entenda por que as coisas estão desse jeito, eu sei que sou inocente. Eu caí numa armadilha".

A faceirice de Caroline, as palavras amorosas de Patrick e a conversa de seus pais indicando sua preocupação acenderam um sinal de alerta.

Eu soube ali, naquele momento, que eu não passava de uma palhaça e que nunca caberia no mundo deles. Um mundo do qual eu nunca faria parte.