Parte 1: Um Encontro (quase) Normal
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Tarde de sábado — Parque das Cerejeiras
As árvores já estavam começando a florescer, mesmo fora de época. Talvez fosse só o clima estranho da cidade… ou talvez, uma pontinha de magia ainda estivesse circulando no ar.
Caio ajeitou o cabelo pela terceira vez. Ele usava uma camisa azul clara e calça jeans nova. Estava nervoso — não por medo do caos celestial, mas porque Ruby Aquamarine aceitou seu convite para um passeio.
Sim, um encontro.
Sem chocolates mágicos.
Sem pactos com divindades.
Apenas ele e a garota por quem se apaixonou à primeira vista.
Ruby chegou com um vestido leve e um casaco branco. Estava com os cabelos presos num rabo de cavalo, e quando sorriu ao vê-lo, o tempo pareceu desacelerar.
— Oi, Caio. Esperou muito?
— Não... quer dizer, sim... quer dizer... esperei a vida toda! — ele se atropelou nas palavras, e depois corou. — Digo... só cheguei cedo.
Ela riu.
— Você é engraçado. Gosto disso.
Caio engoliu em seco. Ponto pra mim!
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Enquanto isso — Uma colina próxima
João Ricardo e Tati observavam à distância, sentados em um banco, cada um com um milk-shake.
— Você acha que ele consegue? — Tati perguntou, lambendo o canudo.
— Se não desmaiar até o final do encontro, já é vitória.
— Você era pior. — ela cutucou com o cotovelo.
— Nem vem. Eu só tive que lidar com uma escola inteira de garotas apaixonadas, um feitiço impossível e você.
Tati sorriu, quase orgulhosa.
— Foi divertido.
João revirou os olhos.
— Se isso é diversão pra você, imagina o que seria “caos”.
— Tô aqui, não tô?
Eles olharam novamente para Caio e Ruby, agora caminhando lado a lado, rindo de algo. Havia leveza no ar. Esperança.
— Talvez ele consiga, João. Sem feitiço nenhum.
João bebeu um gole e assentiu.
— Talvez.
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Mais tarde — Beira do lago
— Ruby... — Caio parou diante dela. — Eu sei que parece cedo, e você mal me conhece, mas... eu queria tentar. De verdade. Sem truques.
Ela o olhou nos olhos. Algo ali era sincero. Familiar até.
— Você me lembra alguém. Alguém... de um sonho.
Caio congelou.
— Como assim?
Ruby levou a mão ao peito.
— Eu sonhei com um garoto que me fazia rir. Que me fazia sentir viva. E ele dizia que o amor... não precisava de magia.
Ela sorriu.
— Acho que esse garoto era você.
O coração de Caio quase saiu pela boca. Era agora. O momento.
— Então... você me daria uma chance?
Ruby ficou em silêncio por um instante. E então, estendeu a mão.
— Que tal começarmos com um sorvete?
Caio aceitou, rindo.
— Sorvete é um ótimo começo.
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Enquanto isso — No céu crepuscular
Alya voava entre as nuvens, seus cabelos prateados dançando ao vento. Uma nova função havia sido dada a ela: zelar pelo equilíbrio emocional entre os humanos e os domínios celestiais.
Ela pousou suavemente sobre um telhado, onde Lucian a esperava, com as asas cruzadas e um livro flutuando em frente a si.
— O coração do garoto foi poupado — Alya disse. — E ele escolheu por conta própria.
Lucian assentiu, sem olhar para ela.
— Isso não garante que o caos terminou.
— Eu sei. Mas... foi um bom começo, não foi?
Lucian fechou o livro com um estalo.
— Um coração equilibrado não é o fim. É o primeiro passo. Estamos em paz... por enquanto.
Alya olhou para a cidade abaixo. Uma leve brisa soprou. E no horizonte, uma figura observava da sombra de uma torre antiga.
Alguém com uma caixa de bombons escuros nas mãos...
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Continua...