O palco ruía aos poucos.
As ilusões de João, Tati e Caio haviam sido vencidas — com lágrimas, superação e coragem. O feitiço de ódio emocional começava a enfraquecer, tremendo sob a força da verdade que cada um deles enfrentou.
Mas Lucius ainda estava ali, flutuando acima do palco como uma sombra viva, os olhos queimando como brasas.
— "Vocês não entendem…" — ele rugiu — "o ódio é mais honesto que o amor! O amor engana. O amor quebra! Mas o ódio? Ele é puro. É direto. E ele VIVE em todos vocês!"
João ergueu a voz:
— "Não! O ódio que você espalhou foi fabricado. O amor que sentimos é real justamente porque o escolhemos — mesmo quando é difícil."
Lucius gritou em fúria, tentando liberar mais uma onda de escuridão — mas algo o interrompeu:
Um símbolo divino brilhou no chão.
Era um círculo de invocação, surgindo com energia dourada. No centro, Alya, de braços abertos, olhos firmes, cabelos esvoaçantes.
— "Chega, Lucius. Você ultrapassou os limites."
Alya invocou novamente o nome que rompe regras do Céu:
— "Lucian, Juiz do Destino Celestial... venha."
Um trovão cortou o teatro.
O tempo parou.
E da luz surgiu Lucian — imponente, olhos azuis cortantes como lâminas. Em silêncio, ele caminhou em direção a Lucius.
Lucius recuou. Pela primeira vez… ele teve medo.
— "Você não pode me banir de novo! Eu criei meu próprio reino! Eu não estou sob sua jurisdição—"
Lucian estendeu a mão. E um silêncio profundo caiu sobre tudo.
— "Você não pertence a este mundo."
Com um movimento, Lucian abriu um portal — uma fenda em forma de espelho, onde se via apenas ódio espelhado contra si mesmo. Lucius tentou resistir, gritando palavras desconexas, mas sua energia estava enfraquecida… e os heróis já haviam vencido a batalha onde realmente importava: dentro de si.
Lucius foi puxado.
Seu corpo se despedaçou em sombras.
E o portal se fechou com um som seco.
Fim.
---
☀️ No dia seguinte…
O céu estava limpo. A cidade… calma.
As pessoas que haviam comido o doce do ódio começaram a se comportar normalmente.
Professores que antes brigavam sem motivo voltaram a sorrir.
Casais separados por raiva inexplicável se reconciliaram.
Amigos voltaram a se falar.
Famílias se reuniram.
A guerra invisível havia terminado.
Na escola, Tati voltou a rir alto nos corredores. João respirava aliviado. Alya caminhava em silêncio, observando tudo como uma sentinela. E Caio…
…procurava por Ruby.
Ele andou por todos os cantos.
Perguntou para colegas.
Foi até o teatro, a sala de música, a biblioteca…
Nada.
Ruby não estava em lugar nenhum.
Era como se nunca tivesse existido.
Até mesmo a cadeira onde ela costumava se sentar… estava vazia e empoeirada.
Sem mochila.
Sem nome na chamada.
Caio ficou parado, sentindo uma angústia que não entendia.
— "Ruby?" — ele chamou uma última vez.
Mas o eco foi sua única resposta.
E naquele silêncio, uma semente de mistério foi plantada novamente.
Quem era Ruby, afinal? E para onde ela foi?