Parte I - A cidade sagrada.

Os portões da cidade de Elturel se ergueram diante dos novos visitantes, um grupo de cerca de vinte aventureiros que aguardavam ansiosos por uma convocação especial de três figuras conhecidas em toda Faerûn, Onthar Frume, Gideon Lightward e o Grão-Duque de Baldur's Gate, Ulder Ravengard. Os três haviam enviado mensageiros e corvos para recrutar tanto novatos quanto veteranos para uma missão até então secreta.

Os guardas da sagrada cidade garantiam a segurança dos aventureiros, escoltando-os com um destacamento de quarters dos HellRiders. Quando os portões finalmente se abriram, a visão da cidade foi ofuscada pela majestosa imagem do Companheiro. Todos em Faerûn, ou pelo menos a maioria, conheciam a lenda do "Segundo Sol de Elturel", o orbe de luz que queimou os mortos-vivos e os baniu da cidade durante uma invasão muitos anos atrás. Hoje, o Companheiro ainda ilumina Elturel, trazendo paz e sendo um símbolo celestial de esperança, segurança e fé para a população.

A cidade está repleta de devotos de diversas divindades, com templos dedicados especialmente aos deuses bons.O pôr do sol contrastava com o brilho do Companheiro enquanto os aventureiros eram escoltados pelas ruas. Uma sensação estranha de conforto os envolvia, como se a própria cidade os quisesse ali.

Durante a caminhada, um dos aventureiros, Aradan, um bardo nobre da família de Portyr, não pôde deixar de notar uma construção em ruínas. O que restava parecia ter sido, em algum momento, um templo dedicado ao Deus da Luz. Com os olhos fechados, Aradan fez uma breve prece e leu a placa ao lado dos escombros: "Lucius, que a luz de Lathander te guie para um lugar melhor do que este."

A jornada do grupo terminou na famosa taverna da cidade. Conhecida não tanto pela comida, mas pela bebida e, principalmente, por ser uma base não oficial da Ordem da Manopla. O local, antes vazio, foi rapidamente preenchido pela animação dos aventureiros, e a atmosfera logo se transformou em festa. Otis, o proprietário da taverna, chamou seus dois ajudantes para ajudar a servir aquele bando de malucos desajeitados. A cerveja que Otis oferecia em seu estabelecimento era de cor escura, mas seu sabor carregava um certo frescor que parecia trazer notas de caramelo e também chocolate e seu retrogosto era Amargo, "uma combinação deliciosa!" Era o que todos diziam. Não demorou para que as mesas fossem abastecidas com um grande porco assado com uma maçã em sua boca e também carne de cervo, todos comiam despreocupados e parecia não ter havido uma convocação tão urgente quanto pareceu a mensagem que receberam.

Alguns desses companheiros já se conheciam era o caso de Aradan, Krug, Guthrum, Elkas e Khan, um grupo robusto, mas ainda sem nome. Otis colocou seus funcionários para atender cada um dos aventureiros ali presentes, isso levou pouco tempo levando em consideração a eficiência de sua equipe. Otis, o proprietário da taverna, coordenava o serviço com a ajuda de seus dois funcionários: Isolde, uma jovem de bochechas rosadas e cabelos cacheados, e Franco, um garoto simpático, apesar de ostentar um dente canino faltando. Ambos se esforçavam para garantir que nenhuma caneca permanecesse vazia, - ordem do próprio Ravengard.

Enquanto a festa seguia, duas figuras destacavam-se em uma mesa separada, imersas em uma conversa séria que contrastava com a atmosfera descontraída ao redor. Onthar Frume, um homem robusto e de presença marcante, trajava uma armadura adornada com o símbolo de Torm, seu deus. Apesar da gravidade evidente na situação, sua postura irradiava confiança e otimismo, como se estivesse acostumado a enfrentar desafios aparentemente intransponíveis.

Ao seu lado, Gideon Lightward exalava uma aura muito diferente. Sua pele esverdeada, quase translúcida sob a luz da taverna, e seus olhos rubros como brasas conferiam-lhe um aspecto sobrenatural e intimidante. Gideon era a personificação de mistério e poder oculto, e a seriedade em seu semblante deixava claro o peso das questões em pauta.

Onthar ergueu-se de sua cadeira e, com uma voz firme que cortou o burburinho do salão, chamou a atenção de todos:

- Meus amigos! - disse, abrindo os braços em um gesto de boas-vindas. - Estou verdadeiramente grato por terem aceitado se reunir aqui hoje. Enfrentamos tempos sombrios, com uma ameaça crescente do Culto do Dragão.

As vozes ao redor diminuíram enquanto ele continuava:

- Recebemos notícias alarmantes: o culto queimou a cidade de Greenest, ao sul de Elturel. E agora, rumores dizem que eles se tornaram audaciosos o suficiente para realizar rituais nas florestas de Elturgard, ao norte.

Onthar fez uma breve pausa, deixando suas palavras ecoarem no salão, antes de ser interrompido por Gideon. Levantando-se com imponência, Gideon assumiu a dianteira, seus olhos brilhando com intensidade enquanto falava com uma determinação feroz:

- Companheiros! - sua voz soou como o toque de uma trombeta de guerra. - Podemos e devemos dar um golpe decisivo no Culto do Dragão. Se agirmos agora, atacaremos suas forças enquanto ainda estão vulneráveis, conspirando nas sombras de nossas florestas. Eu digo: deixemos de lado nossas disputas pessoais e ajamos juntos, como uma força unida. O que vocês me dizem?

Um clamor de entusiasmo tomou conta da taverna. Os aventureiros levantaram suas canecas e espadas, gritando em júbilo enquanto brindavam à missão. O espírito de coragem e determinação encheu o ambiente, e até os rostos rígidos de Onthar e Gideon cederam a sorrisos de orgulho e esperança.

A festa retomou seu vigor, mas agora havia um propósito mais claro no ar: o Culto do Dragão havia feito inimigos naquela noite, e o grupo estava pronto para a batalha que os aguardava.Nas outras mesas começam a chegar os alimentos, todos oferecidos em uma parceria entre a corte de Baldur's Gate e a taverna de Otis, sendo assim, tudo do melhor e claro, grátis.

- Precisamos de um nome para o nosso grupo. - declarou Guthrum, um meio-orc de pele clara, coberto por marcas tribais vermelhas. Apesar de seu tamanho imponente, Guthrum possuía um intelecto e clareza incomuns para alguém de sua origem. Quando ele disse a frase ninguém pareceu se importar, então repetiu aguardando a atenção de todos - Deveríamos definir um nome para o nosso grupo!

- Essa é fácil! - Respondeu rapidamente Elkas, um meio elfo que tinha uma presença magnética, marcada por traços harmoniosos que refletiam a fusão perfeita entre humanidade e ancestralidade élfica. Seus cabelos grisalhos, desgrenhados, mas cuidadosamente preservados, enquadravam um rosto sereno e ao mesmo tempo enigmático. - Os mestiços e a florzinha.

As gargalhadas irromperam, especialmente vindas de Krug, meio-orc de pele vermelha que sempre escondia parte do rosto sob um capuz. Ele bateu a caneca na mesa enquanto ria. - Gostei! Gostei! Os mestiços e a florzinha! - repetiu Krug. Krug disse isso enquanto a cerveja escura escorria da sua boca e bateu o copo de madeira na mesa. Atraindo a atenção de todos.

Aradan, o único elfo puro do grupo, encarou Krug com desdém. Ele sabia que o apelido era uma provocação, uma referência ao seu comentário depreciativo em uma aventura anterior, quando havia chamado os companheiros de "mestiços" com desprezo velado.

- Os mestiços DA florzinha! - corrigiu Aradan, com um tom desafiador, enquanto ajustava seu alaúde em uma posição que não houvesse chance de quebrá-lo.

- Não, Os mestiços E A florzinha - insistiu Elkas, rindo.

- Então somos seus mestiços, Aradan? - provocou Khan, outro meio-orc, brutal com duas lâminas, sua pele cinza com marcas brancas colocam terror nos inimigos apenas pela sua presença e suas ações em combate parecem ter objetivo de prevalecer este terror.

Aradan ouviu um aventureiro bêbado ao fundo murmurar "Fadinha de floresta", mas decidiu ignorar o comentário. Era melhor não se distrair com provocações, especialmente quando a noite ainda guardava promessas de surpresas.

A conversa foi interrompida de forma abrupta pela chegada do último anfitrião. A porta da taverna foi aberta com uma firmeza que silenciou todos os presentes. A figura imponente do duque Ulder Ravengard dominou a entrada. Sua armadura polida refletia a luz tremulante das tochas, e seu sorriso carismático, acompanhado por um leve inclinar de cabeça, gerou um misto de respeito e curiosidade.

Com passos decididos, ele avançou, cumprimentando os presentes com leves toques no ombro aqui e ali, enquanto sua postura firme e segura irradiava autoridade. Ao alcançar a mesa nos fundos, onde Onthar e Gideon o esperavam em pé, ele trocou apertos de mão vigorosos e inclinou a cabeça em um gesto de respeito mútuo. A conversa entre eles foi breve e discreta, mas em determinado momento, Ulder apontou para um papel sobre a mesa. O gesto foi notado à distância, mas suas palavras foram abafadas pelo crescente barulho da taverna, que parecia ter retomado sua agitação inicial.

Ulder, então, virou-se em direção ao grupo de aventureiros. Seus olhos varreram os rostos dos presentes, avaliando-os com uma intensidade que parecia pesar cada um por suas habilidades e histórias. Ele parou diante deles, cruzou os braços e, após um breve momento de silêncio, perguntou:

- Vocês são o grupo de aventureiros que eu convidei, se não estou enganado.

Aradan foi o primeiro a responder, seu tom carregado de deferência.

- Está correto, Duque. - Suas palavras eram escolhidas com cuidado, como quem entende a importância do homem à sua frente.

O olhar de Ulder suavizou por um instante, mas sua postura ainda era séria.

- Ótimo. Então, acredito que precisaremos conversar a sós.

Seu tom de voz era firme, com um peso que destoava da atmosfera da taverna. Onthar e Gideon pareciam entender a mensagem antes mesmo de Ulder terminar de falar. Eles gesticularam para seus próprios grupos, e, em poucos minutos, a taverna estava dividida em três cantos distintos, cada um ocupado por um anfitrião e seus respectivos convidados. Enquanto o grupo de Ulder se dirigia a uma mesa reservada, Khan e Krug aproveitaram a movimentação para pegar mais pedaços de porco assado. Krug ainda mastigava distraidamente quando receberam um novo copo de cerveja das mãos de um dos funcionários da taverna. Quando todos finalmente se acomodaram, Ulder os encarou por um momento, antes de romper o silêncio.

- Preciso que vocês assumam uma tarefa adicional. Algo além de investigar o culto do dragão.

A seriedade em sua voz fez com que até Krug parasse de mastigar. A tensão no ar aumentava, e todos os olhos estavam fixos no duque, aguardando o desdobramento da conversa.

- Convoquei vocês porque ouvi histórias sobre este grupo. A diversidade de vocês não é um ponto fraco, mas uma força. Acredito que isso os torna as pessoas certas para uma tarefa muito específica. Preciso que encontrem algo para mim. - Ele fez uma pausa, permitindo que o peso de suas palavras se assentasse.

Aradan, escolhendo suas palavras com o habitual cuidado, inclinou levemente a cabeça antes de perguntar:

- E o que seria essa tarefa, meu nobre cavalheiro?

Antes que Ulder pudesse responder, Elkas interrompeu, com a expressão de alguém que já estava impaciente.

- Ele é um duque, não um mercador da praça! Fale direito. Prossiga, Duque.

Ravengard ergueu uma sobrancelha, ligeiramente desconcertado com a dinâmica entre os companheiros. No entanto, não era a primeira vez que lidava com grupos tão... peculiares. Ignorando o comentário, continuou:

- Preciso que investiguem a família Vanthampur. Quero qualquer evidência que os conecte às operações de infiltração do culto do dragão em Baldur's Gate.

As palavras fizeram Aradan arquear uma sobrancelha. Como nobre, ele sabia o quão delicado era acusar uma das famílias mais influentes da cidade. Seus pensamentos dispararam: Estaria Ulder procurando motivos para incriminar os nobres de Baldur's Gate injustamente? E se um dia a minha família fosse alvo dessas suspeitas? Afinal, a familia Portyr também tem um lugar no Círculo dos Quatro, e não apenas isso, Dillard Portyr foi o Gran Duque antes de Ravengard. Ele afastou essas ideias rapidamente e, voltando a se concentrar, perguntou:

- O que o leva a desconfiar da família Vanthampur, Duque?

Ulder cruzou os braços, seu semblante endurecendo ainda mais.

- Há movimentações na corte, murmúrios que se espalham como veneno entre as paredes do conselho. Esses rumores sugerem que forças dentro da cidade desejam me tirar do Círculo dos Quatro. A Vanthampur sempre teve conexões obscuras, e se o culto do dragão está de fato infiltrado, eles seriam os primeiros suspeitos.

O grupo permaneceu em silêncio, absorvendo a gravidade das palavras do duque. Era evidente que aquela tarefa ia muito além de uma simples investigação: envolvia política, poder e talvez traições profundas no coração de Baldur's Gate. Ravengard prosseguiu

- Eu não quero estar em Elturel, não queria vir para essa cidade. Ma-

Ravengard foi abruptamente interrompido por Krug, que se virou para Aradan com uma pergunta direta:

- Florzinha, você não é um nobre? Conhece a família Vanthampur?

Aradan franziu o cenho, claramente irritado com a interrupção e com o insulto na frente do duque, mas a menção aos nobres lhe deu a oportunidade de mostrar seu conhecimento. Com um misto de aborrecimento e satisfação, ele respondeu:

- Sim, conheço. Os Vanthampur são uma das famílias mais influentes de Baldur's Gate, com uma longa história ligada à construção da cidade. Eles erguem seus pilares no ramo da engenharia civil, principalmente. A matriarca da família é uma duquesa.

Ulder, visivelmente impressionado pela precisão de Aradan, aproveitou a deixa para acrescentar:

- Exatamente. A matriarca da família é a Duquesa Thalamra Vanthampur. Como devem saber, Baldur's Gate é governada pelo Círculo dos Quatro. Dillard Portyr, Belline Stelmane, Thalamra Vanthampur, e eu, que ocupo o posto de Grão-Duque.

Ele fez uma pausa, seu tom se tornando mais grave:

- Minha posição como Grão-Duque me dá a responsabilidade de decidir em casos de empate nas votações do conselho, além de diversas outras atribuições que envolvem a governança da cidade. Mas com poder vem o perigo. Ocupo o cargo mais alto dessa hierarquia, e isso significa que preciso estar sempre atento. Tentativas de golpe e conspirações para me tirar do posto são quase rotina.

As palavras do duque carregavam um peso que fez até Krug permanecer em silêncio. A tensão no ambiente aumentava conforme ficava claro que aquele pedido de ajuda era muito mais do que uma simples investigação. Krug, geralmente irreverente, após um momento de reflexão, quebrou o clima tenso:

- Você acha que Thalamra tem motivos familiares para querer o seu lugar? Afinal, os Vanthampur são uma das famílias pilares. Talvez ela queira isso para os filhos.

Krug tentou disfarçar o osso de porco que segurava, mas sem sucesso. Ulder estreitou os olhos antes de responder:

- Talvez. É possível que ela veja os filhos como peças úteis para alcançar o poder, mas duvido que ela realmente acredite no potencial deles. No entanto, sim, Thalamra quer meu lugar no círculo.

Krug inclinou-se, intrigado:

- E como isso está ligado ao Culto do Dragão?

Ulder suspirou, como se aliviado por finalmente expor a gravidade da situação:

- Essa é a razão de vocês estarem aqui. Há coisas estranhas acontecendo em Baldur's Gate e arredores. O Culto do Dragão está invadindo florestas, e há indícios de que eles já tenham se infiltrado na cidade. Precisamos saber se existe uma conexão entre essas atividades e os Vanthampur.

Ele fez uma pausa, observando os rostos dos aventureiros antes de prosseguir:

- Quando Thavius Kreeg me chamou para Elturel, eu estava lidando com uma crise em Baldur's Gate. Pessoas estão morrendo de formas inexplicáveis. Encontramos corpos, mas nenhuma pista. As investigações dos Punhos Flamejantes não avançam. Minha presença aqui é, em parte, uma tentativa de desvendar essas ligações. Talvez haja uma conexão entre o culto, os assassinatos, e algo mais profundo - como um motim na corte.

Krug, pensativo, perguntou:

- Esses assassinatos... Há sinais de que sejam rituais?

Ulder balançou a cabeça:

- Não que tenha sido relatado pelos Punhos Flamejantes.

- E as investigações nos esgotos? - Krug insistiu.

- Estamos utilizando nossos melhores agentes, mas até agora, as provas encontradas não levam a lugar algum.

Aradan interveio:

- Faz sentido priorizar recursos apenas com provas concretas. Não é prudente gastar esforços baseados em suposições.

Ulder o encarou por um momento e assentiu:

- Concordo. Baldur's Gate é uma cidade perigosa. Corpos surgem com frequência, e isso não é incomum. No entanto, a suspeita de envolvimento de uma família influente - especialmente Thalamra - pode justificar uma investigação mais profunda.

Aradan, com uma postura firme, resumiu:

- Então, você acredita que o culto está sendo financiado por um dos nobres de Baldur's Gate. E suspeita que sejam os Vanthampur.

Ulder apenas confirmou com um movimento de cabeça.

- Mas não faz sentido - argumentou Aradan. - Por que uma família da cidade financiaria um culto que, teoricamente, quer destruí-la?

- O culto não busca apenas destruição - explicou Ulder. - Eles querem a ascensão de Tiamat, sua deusa. Além disso, sabemos que há um golpe de estado sendo tramado, com apoio de informações vazadas de dentro da corte. Acredito que isso venha da duquesa.

Krug, refletindo, sugeriu:

- E se você se reunir com os outros duques, individualmente, e passar informações diferentes a cada um? Assim, poderá identificar qual delas será vazada.

Ulder encarou o meio-orc em silêncio por alguns segundos. Depois, passou a mão pelo rosto em um gesto de cansaço e exasperação, antes de responder com frieza:

- Isso seria um risco desnecessário.

Aradan também desaprovou:

- Um plano como esse poderia comprometer a posição do Grão-Duque. Não vejo outra alternativa além de seguirmos o curso atual: investigarmos as conexões e reunirmos provas.

Krug não parecia incomodado com as críticas e propôs outra abordagem:

- Então vamos para a floresta. Coletamos informações e entregamos tudo a você em Baldur's Gate.

Ulder concordou, exausto:

- Estarei em Elturel quando retornarem. Há outros assuntos que preciso tratar com Kreeg.

Khan, com um tom sombrio, perguntou:

- E por que você não elimina todos os suspeitos diretamente?

Aradan interveio rapidamente:

- Isso seria uma carnificina desnecessária, além de colocar o Grão-Duque em uma posição insustentável.

Ulder voltou sua atenção para o grupo:

- Vocês entregarão as informações diretamente a mim. Nos encontraremos aqui novamente.

Krug fez uma última pergunta, curioso:

- Por que garantir que todos fiquem bêbados?

Ulder sorriu levemente pela primeira vez na conversa:

- Não é para embriagar vocês. Só quis oferecer hospitalidade. Imagino que não tenham sempre acesso a boa comida, cerveja e acomodações decentes. Considerei que poderiam aproveitar antes de uma missão difícil.

Khan, levantando sua caneca, exclamou com entusiasmo:

- Adorei a ideia!

Ulder concluiu:

- Amanhã partirão com Ubba, um jovem cavaleiro do inferno que conhece bem os caminhos da floresta e quer provar seu valor. Ele será o guia de vocês.

Krug lançou o osso sobre a mesa, para surpresa de Khan, que não acreditava que o meio-orc resistiria a comê-lo. Mas guardou o pensamento para si.

Com as instruções de Ulder encerradas e o clima na taverna aos poucos retornando à descontração habitual, os aventureiros começaram a se dispersar. Após a conversa intensa, o grupo decidiu que o descanso seria essencial antes da missão. Um a um, dirigiram-se aos quartos que haviam sido preparados para eles, simples, mas confortáveis o suficiente para uma noite tranquila. Lá fora, a luz do Companheiro iluminava a cidade adormecida, enquanto dentro da taverna, os sons de risadas e canções começavam a diminuir. Amanhã traria desafios, mas por enquanto, o silêncio e a quietude da noite ofereceriam um breve alívio.