O sol já estava se pondo quando o professor Ralvor levou a equipe Aurora até a taverna da pequena vila próxima à academia. Era um lugar simples, com paredes de madeira envelhecidas pelo tempo e uma lareira no canto que lançava sombras dançantes pelo salão. O cheiro de carne assada e especiarias pairava no ar, dando ao ambiente um toque acolhedor, embora a tensão entre os membros da equipe fosse palpável.
Ralvor caminhava à frente, seus passos firmes denunciando a experiência e autoridade que carregava. Mesmo sendo um homem mais velho, sua postura ereta e o porte físico musculoso eram impressionantes. Sua pele era queimada e manchada pelo sol de incontáveis batalhas, e os cabelos brancos, finos e penteados cuidadosamente para o mesmo lado, revelavam alguém que já vira muitas guerras e sobreviveu para contar a história.
— Sentem-se — ordenou Ralvor, apontando para uma mesa de madeira robusta ao fundo da taverna. — Vamos comemorar sua primeira vitória. Nem todas as equipes podem se dar ao luxo de estarem completas depois do primeiro dia.
Sansara acomodou-se, tentando se ajustar ao banco de madeira. Com sua estatura média e postura elegante, destacava-se mesmo no ambiente rústico da taverna. Seu cabelo loiro claríssimo caía em ondas suaves até os ombros, refletindo a luz das chamas e criando um auréola dourada ao redor de seu rosto. Seus olhos, de um mel profundo com toques esverdeados ao redor da pupila, estavam sempre alertas, absorvendo cada detalhe à sua volta. A pele oliva de Sansara contrastava com a palidez de Hakui e o tom escuro de Kaledus, ressaltando a diversidade dos membros da equipe.
Hakui sentou-se ao lado dela, a expressão fechada e distante. Sua pele era pálida, quase luminosa sob a luz da taverna, e seus cabelos negros tinham um brilho azulado que parecia se intensificar à medida que a luz da lareira tocava neles. Seus olhos captavam a luz de forma estranha, tornando seu olhar penetrante e misterioso. Hakui raramente falava, mas quando o fazia, sua voz era baixa e calma, carregando uma autoridade que os outros não tinham.
Kaledus, por outro lado, tinha um sorriso fácil e um brilho de entusiasmo no olhar. Sua pele chocolate reluzia com a luz da lareira, e seu cabelo crespo, estilizado em um moicano curto, parecia quase se mover junto com ele a cada gesto animado. Havia algo de selvagem e livre em Kaledus, como se ele estivesse sempre a um passo de sair correndo para explorar o mundo lá fora. Ele se acomodou na cadeira de forma relaxada, observando tudo ao redor como se buscasse inspiração para a próxima aventura.
— Vocês foram uma das únicas quatro equipes a sobreviverem ao teste inicial sem perder um membro — Ralvor começou, sua voz ressoando como um trovão abafado. — Isso é algo que merece ser celebrado. Mas lembrem-se, sobreviver é apenas a primeira lição. O verdadeiro teste começa agora.
O dono da taverna, um homem robusto de meia-idade, trouxe pratos de ensopado de legumes e torta de porco. A cerveja escura foi servida em canecas de madeira, e o aroma da comida rapidamente fez com que os estômagos roncassem, lembrando-os do quão famintos estavam.
Enquanto comiam, Ralvor manteve os olhos fixos em cada um dos jovens, como se os estivesse analisando até os ossos.
— Quero que cada um de vocês se apresente e me diga qual é o seu objetivo — ele disse, partindo um pedaço da torta com as mãos. — Sansara, comece.
Ela respirou fundo, sentindo o peso de todos os olhares sobre si. — Meu nome é Sansara, e... quero provar que sou capaz. Que posso ser mais do que esperam de mim.
Ralvor assentiu, mas seu olhar não deu nenhuma pista sobre o que pensava. — Hakui?
Hakui ergueu a cabeça, e por um momento, o brilho roxo de seus olhos pareceu se intensificar. — Quero me tornar o cavaleiro mais forte que já existiu. Assim como meu pai antes de mim.
— Ambicioso — comentou Ralvor, sem expressar aprovação ou reprovação. — E você, Kaledus?
Kaledus sorriu, relaxando ainda mais na cadeira. — Eu só quero explorar o mundo, professor. Conhecer garotas, beber nas tavernas mais distantes e me divertir. Não vejo por que temos que lutar as guerras dos outros.
Ralvor soltou um pequeno riso, algo que parecia raro para ele. — Pode ser que encontre sua resposta antes do que pensa, Kaledus.
O jantar continuou, e enquanto o professor lhes dava conselhos e mais instruções, ficou claro que, apesar de suas diferenças, a equipe Aurora era única. Cada um trazia algo distinto, e juntos, estavam prestes a enfrentar desafios que exigiriam mais do que simples habilidades. E naquela noite, na taverna iluminada pela lareira, o destino começava a traçar os contornos de uma jornada que mudaria para sempre suas vidas.