Investidor Britânico

Quarta feira de manhã....

Mary acabará de chegar em frente a sua empresa na espera de um pessoa.

Como pressentia, seu azar realmente era o problema. O avião de Agatha pousava exatamente as 9:30 da manhã, no horário exato de sua reunião com um sócio e investidor importante da MV Designers.

Por sorte este mesmo membro tinha uma viagem pra fazer as 11:00, motivo pelo qual não poderiam adiar ou antecipar a reunião, mas que agradavelmente aceitou a proposta dela de debaterem a caminho do aeroporto.

O assunto da reunião envolvia um investimento para a expansão da empresa para fora do país.

Algo realmente importante e relevante pro futuro de sua carreira, mas que seria apenas um debate preliminar com um dos investidores.

Algo para fazê-lo se interessar inicialmente pelo projeto e oferecer positivamente a ideia aos outros investidores e sócios da MV Designers.

Inicialmente já seria algo breve, agora ela terá apenas que apressar um pouco mais as coisas.

Com sorte conseguiria um bom resultado e na pior hipótese não conseguiria convencê-lo.

Olhando no relógio notou que acabará de dar 9:30 enquanto um carro se aproximava pelo lado.

Pensando positivo, Agatha demoraria um pouco até chegar ao exterior do aeroporto e não precisaria esperar muito.

Após a parada do carro um homem de meia idade com feições semelhantes a de um britânico e expressão séria caminhou até Mary.

Estendendo a mão ele a cumprimentou solenemente:

— Um prazer poder reencontra-lá Sra. Mary.

Mary olhou inexpressivamente para ele e logo em seguida apertou sua mão com um sorriso caloroso.

— O prazer é todo meu!

Abrindo espaço e sinalizando pro carro, convidou-o a entrar.

— Venha, vamos indo.

O homem contornou o carro e sentou-se calmamente.

Mary ligou o carro e sem perder tempo, partiu para o aeroporto.

***

Demorará por volta de 15 minutos para chegarmos ao aeroporto.

Terá que ser suficiente...

— Sr. Jonh, deve saber o que tenho a oferecer de acordo com meu desempenho dos últimos meses.

Não há motivos para rodeios, tenho pouco tempo, só espero que ele não ache minha atitude rude e derespeitosa.

Infelizmente suas expressões são as mesmas de quando entrou no carro, não há como advinhar no que está pensando.

Mas como não reagiu imagino que eu possa dar continuidade.

— Em menos de três anos alcançei o topo do mercado de arquitetura e designers de interiores. E agora domino esse mercado em todo Japão. A idéia como já sabe, é uma expansão inicial em pequena escala para o exterior e caso seja um sucesso, uma expansão maior, em grande escala.

Não tenho muito a dizer em 15 minutos, como também já estou atrasando o máximo possível a viagem.

Só posso recorrer ao meu histórico de sucesso anterior para tentar convencê-lo.

— Eu vejo... Mas a senhorita ainda não me apresentou um bom motivo para aceitar sua idéia.

Tch, ele não é idiota, esse plano mal começou e já não funcionará, tudo que posso fazer é tentar resumir o que tinha planejado.

— Compreensível sua apreensão, este mercado não é tão promissor atualmente para o mercado internacional. O que tenho a oferecer é simples, começariamos no Reino Unido.

Ao que parece isso foi inesperado para ele já que finalmente demonstrou alguma reação.

Espero que não seja contra a idéia, já que agora é a hora de citar os motivos...

— O mercado de arquitetura e designers do Reino Unido é bem maduro e experiênte, também é um dos centro econômicos e ponte de negócios de todo o mundo, possibilitando a expansão e reconhecimento internacional de nossa empresa mais facilmente.

— A língua inglesa também é um dos pontos principais que ajudariam na comunicação internacional, também é um país estável e seguro para investimentos a longo prazo, como também para possíveis conexões importantes com outras empresas de investidores de grande porte.

— E com a sua ajuda Sr. John, nos estabeleceriamos com uma relativa facilidade e estabilidade, não prejudicando assim nosso negócios e domínio sobre o mercado japonês mesmo após um possível fracasso.

Espero que seja suficiente, no lugar dele eu certamente estaria cético sobre a idéia, mas tenho que torcer para que isso não ocorra.

— Não se preocupe muito sobre os dados, estamos pesquisando exatamente os melhores locais e momentos para darmos entrada no mercado, irei apresentá-los na reunião anual deste ano.

O aeroporto é logo ali, mais 1 minuto no máximo, mesmo assim esse cara se manteve em silêncio a viagem toda, não me diga que dormiu?

Hã? Não pude deixar de erguer uma das sobrancelhas em surpresa ao nota-lo me observando pelo retrovisor central.

Sua expressão não parecia muito agradável, mas espero que minha visão é que esteja ruim.

— Planejou isso desde o começo?

Dizem que sempre é mais fácil tratar as coisas com gente inteligente, mas nesse exato momento sou obrigado a discordar disso.

Estacionando o carro, finalmente pude me virar para observá-lo por completo.

Não sei como deveria responder essa pergunta, então decidi apenas sorrir inocentemente.

Felizmente parece ter funcionado...

John saiu do carro e permaneceu em silêncio preso a seus pensamentos enquanto eu o observava com expectativa disfarçada de indiferença.

Ao lado eu vejo outro carro estacionar logo atrás e o motorista sair apressadamente para retirar suas malas.

Sem perceber John já me observava seriamente novamente, ao que parece preparado para me fornecer uma resposta.

— Verei o que posso fazer!

Bingo! Eu realmente consegui, agora só devo manter os planos na linha e logo mais serei a CEO de uma empresa internacional.

Já até imagino sendo uma CEO internacional aos 30 anos, tem como ser mais bem sucedido que isso? Mas é claro que tem...!

— Isso já é mais do que suficiente, também farei minha parte e não o decepcionarei!

Desta vez fui eu a tomar a iniciativa de estender minha mão como forma de gratidão e respeito.

— Desejo uma boa viagem de volta Sr. John.

***

Finalmente estamos do lado de fora, agora temos apenas que encontrar o terminal em que Mary disse que estaria me esperando.

Estamos no terminal C, mas não me lembro em qual ela estaria...

Deixe-me ver, ela me mandou por mensagem...

Oh, terminal A, logo ali!

— Venha Meng Meng, estão nos esperando no terminal A.

Essa é minha assistente, Meng Hier, uma garota muito animada e empolgada.

Ah, é mesmo, deixe-me me apresentar!

Sou Agatha Miyagi, uma detive particular e Presidente da Associação de Deterives Particulares Internacional.

Nomeie-a de acordo com um nome que encontrei em uma novel de detetives que li no passado... Bureau!

Sou um ano mais velha que Mary, nasci em 95, uma época insuportávelmente tediosa na minha opinião.

Desde pequena sempre fui muito social e muitas vezes sonhava acordada em desvendar crimes.

Sou britânica, nascida em Londres, mas vivi grande parte da minha vida no Brasil, também me formei lá.

Também foi lá onde conheci Mary, um exemplo perfeito de anti-social e isolada por vários motivos.

Ela também era lésbica, dificultando ainda mais sua aproximação aos outros,  mesmo com sua aparência perfeita.

Eu por outro lado, detentora de cabelos cor gelo e olhos rosados não fiquei muito atrás de sua beleza!

E por ter uma personalidade mais sociável, me destaquei mais que ela, cobiçada por muitos garotos...

Mas isso se deve apenas a um pequeno fator que manti em segredo... Minha orientação sexual.

Também sou lésbica, mas só descobri isso mais tarde, após me formar na faculdade.

E mesmo assim nunca tornei público, então todos acreditam que gosto de homens.

Hmm... Acho que Meng Meng estava dizendo algo!

— Eeeeeh? Aquele ali não é John Born? Um dos maiores investidores britânicos do mundo?

Quem? Olhando na direção em que ela apontava notei um homem notavelmente sério e composto conversando com outra pessoa.

Seus cabelos castanhos bem penteados e olhos calmos lhe davam um sensação majestosa e até um pouco opressante.

Se eu não fosse uma detetive acostumada a lidar com pessoas poderosas, também me sentiria oprimida por ele.

Embora eu realmente não o conheça, já ouvi falar dele.

Um investidor de sucesso que está frequentemente nos jornais britânicos e até mesmo internacionais por seus investimentos de sucesso.

Vejo que futuramente o Japão terá alguns sucessos dignos de divulgação internacional.

— Mas quem é aquela mulher digna de sua atenção?

Mulher? Ah, é mesmo, havia uma mulher conversando com ele.

— Mary?

É não é que é ela mesmo, mas o que faz com John Born?

Oh, não me diga que é por ela que ele está aqui?

Mas ao que parece ele já está de saída? Foi uma mera coincidência seu encontro?

Sempre me impressiono com a compostura anormal dela mesmo em frente a figuras importantes da alta sociedade.

Aquele controle perfeito sobre suas próprias expressões e aquele sorriso falso.

Embora eu possa dizer através daqueles olhos sem emoções que isso não passa de uma atividade tediosa e sem graça pra ela.

Realmente acho magnífico essa parte dela!

— Mary? É sua amiga?

— Sim!

Um pouco mais do que apenas uma amiga...

— Agatha, há quanto tempo!

Sim, já fazem quase 4 anos e ela parece cada vez mais bela.

Sempre me perguntei se a idade realmente a afeta ou apenas contribui para o amadurecimento de sua beleza...

A imortalidade não parece mais uma coisa tão irreal ao observá-la!

— Sua beleza continua florescendo minha amiga!

Minha beleza? Tem certeza? Quando me olho no espelho apenas noto uma mulher cada vez mais velha.

Por outro lado, Mary parece perfeita em todos os aspectos, inclusive, esse estilo mais masculino oriental lhe cai muito bem.

— Não é nada demais se comparado a sua!

Tomando a iniciativa de me aproximar, a abracei calorosamente para matar a saudade.

Ela está sem luvas hoje, suas mãos então congelando e mesmo assim insisti em morar em um país tão gelado.

Se bem que não posso negar que roupas de frio dão oportunidades bem maiores de looks mais elegantes, principalmente se estivermos falando dela.

— Essa é Meng Hier, minha assistente.

Sinalizando para que ela se aproximasse, a apresentei para Mary de maneira simples.

— Eu vejo, obrigado por cuidar dela neste tempo. Eu sei que as vezes ela pode se tornar bem maluca.

— Ei!

Maluca? Quando eu me torno maluca? Me recuso a admitir tal acusação infundada.

Mas ao que parece Meng Hier compartilha da mesma opnião.

Acho que terei que rever meus passatempo...

— Vamos, deixe-me ajudá-las com as malas, está frio aqui!

Continua prestativa como sempre, mesmo que odeie fazer isso.

Seu carro é bem luxuoso, um Audi R8, bom que ela esteja bem de vida.

Ela nunca foi de falar muito dela, típico de uma introvertida, então não sei ao certo no que ela trabalha aqui.

A única coisa que sei é que é no ramo de arquitetura e designers de interiores.

Porém, parece ser algo mais do que apenas isso para conseguir bancar um Audi R8.

Com o carro tendo apenas 2 lugares, foi um pouco demais ter que comportar 3 pessoas, mas conseguimos encaixar Meng Meng aos trancos e barrancos.

— Peço desculpas pelo incômodo, se soubesse que haveria mais alguém teria vindo com outro carro.

Sua voz permaneceu inalterada apesar de seu conteúdo arrependido.

Se não fosse amiga dela a algum tempo duvidaria seriamente se ela está realmente arrependida ou não.

Agora sei que é apenas uma farsa e que não há realmente um sentimento de culpa nela.

Vejamos bem, acredito que Meng Meng esteja debatendo interiormente sobre isso agora devido a sua expressão complicada.

— Como conhece John Born?

Haa? Então era isso? Apenas hesitação para questiona-lá sobre aquele cara?

— Vejo que o conhece... Bem, estávamos apenas tendo uma reunião a caminho pra cá sobre um possível investimento em um plano futuro meu.

Investimento? Então não era apenas uma coincidência... Mas ouvi falar que ele não é muito de fazer apostas arriscadas, caso contrário não teria um histórico impecável de sucessos em sua carreira.

Mas então Mary não representa apenas ela e sim uma associação, ou melhor, uma empresa por trás dela?

É provável então que ela seja alguém extremamente relevante nesta empresa para que deixem-na encarregada de um assunto tão importante.

Uma empresa Japonesa entrando em contato com John Born, um investidor de sucesso do Reino Unido? Imagino que estejam com planos de expandir suas dependências para fora do país, tendo o Reino Unido como alvo é ao mesmo tempo que inteligente, bem ousado da parte deles...

É claro, considerando apartir do ponto de que eles realmente sejam um empresa japonesa, há também o termo que Mary usou para descrever a idéia como dela, mas é claro que pode ser apenas uma tentativa de omitir outras informações desnecessárias ao conhecimento alheio ou que a idéia tenha realmente partido dela...

Isso também explicaria a riqueza e qualidade boa de vida que Mary aparenta ter. Apenas me leva a questionar se ela ainda está no ramo em que se formou ou não mais...?

Espero que sim, afinal, naquela época era o seu sonho trabalhar nesse ramo.

Bem, não há motivos para investigar a fundo isto agora, ficarei por um período relativamente longo aqui e o tempo me dará todas as respostas que desejo.

Vamos então apenas aproveitar o agora, o presente momento com minha querida amiga...

— Imagino que ainda não tenham comido?

— Sim, infelizmente não tinham guloseimas do meu agrado no avião.

Guloseimas do seu agrado? Que termo infantil, você não comeu porque não quis Meng Meng!

Mas de qualquer maneira, também estou com um pouco de fome, as comidas do avião não eram realmente muito agradáveis.