Plano Falho

Sua casa era simples e bagunçada, meio úmida também...

Ao que parece ela trabalhava realmente lavando as roupas de outros!

O ambiente além de inconveniente para a moradia de uma criança, era demasiadamente barulhenta.

Posso dizer que me arrependi de pisar dentro desta casa no exato momento que meus tímpanos sangraram com a quantidade de ruídos e barulhos diferentes.

Está sempre foi uma das coisas que mais odiei durante minha vida...

Caminhamos por um momento até alcançarmos uma sala isolada do resto da casa.

A mulher simplesmente abriu a porta sem mais nem menos, nesses momentos fico imaginando as coisas erradas que a criança poderia estar fazendo que necessitassem de um pouco de privacidade.

Pois bem, vejo que o quarto da garota ao menos é mais decente do que o resto da casa, apesar de sua distância!

— Alguém deseja falar com você!

Alguém? Maldita desconsideração aos policiais em?

Ao ver a garota uma descrição me veio a mente, a mesma que a garotinha anterior me disse.

Uma garota de cabelos verdes, mesma idade que ela, chamada Yuri.

Não pude deixar de desviar minha atenção para o resto do quarto e logo em seguida pra mulher que esperava rudemente na porta.

É sério isso sua velha maldita? Essa criança é ruiva e bem mais velha que aquela outra! Ao menos se esforçasse um pouco mais para tentar me enganar.

Isso é se ela pelo menos considerasse a possibilidade de eu descobrir algo sobre a verdadeira Yuri.

— Minha senhora, eu gostaria de um tempo a sós com sua filha... Sabe, pra que ela não se sentisse muito pressionada!

A mulher pareceu hesitar, mas no final saiu fechando a porta resignadamente.

Afinal a identidade de polícial não é completamente inútil!

Caminhei até sua cama e me sentei cruzando as pernas, endireitando as costas observei atentamente a garota que tentava se passar pela verdadeira Yuri.

Ela era alguns anos mais velha que a criança do 407, sua aparência nitidamente mais madura, porém, nervosa.

Apenas atuação ou está realmente nervosa? Ela é apenas uma criança apesar de tudo, não se pode esperar muito quando pedem a elas pra enganarem um polícial.

— Serei breve, onde está a verdadeira Yuri?

A garota como esperado se tornou um pouco mais agitada.

— Co-como soube?

É simples, eu já sabia como se parecia a verdadeira Yuri.

— Irrelevante, apenas me responda!

— B-bem, ela está na escola do bairro.

Escola do bairro? Então há realmente uma escola aqui nas proximidades?

Olhando no relógio vejo que já se passaram 13 minutos, então Agatha não deve estar longe de terminar seus negócios!

Vamos adotar uma abordagem diferente dessa vez...

— Agradeço a compreensão, pegue isso aqui e tudo ficará entre nós!

Novamente ofereci dinheiro, penso se as crianças sabem o que é suborno, espero que não.

Abrindo a porta me deparo com a mesma mulher parada indiscretamente atrás da porta se esforçando para ouvir algo.

Realmente há todo tipo de gente hoje em dia, em? O que há de tão importante no que aquela garota achou pra que essa mulher se tornasse tão paranóica?

Logo mais descobrirei de qualquer maneira...

— Acabamos aqui, agradeço pelo seu tempo!

Isso, finalmente a saída, não via a hora de sumir da casa dessa bruxa arrogante.

Qual o direito dela se prostar desta forma em frente a um policial?

Por fim tenho que adiantar as coisas aqui e retornar rapidamente para a cena criminal para devolver a identidade a seu real dono.

Mas ainda me intriga como aquela bruxa velha sabia que alguém viria atrás de sua filha... Apenas precaução extrema? Ou já esperava que um policial descobrisse?

Faria algum sentido, eu acho! Até porque a criança do 407 também sabia sobre isso, então não seria uma tarefa difícil para o departamento policial descobrir...

***

Esse cara cometeu tantos erros que me faz pensar se ele se faz de idiota ou fez cursinho pra isso?

Pelo que vejo as chances de ser um imitador iniciante são bem altas.

Já posso me retirar, deveria me desculpar com Mary por fazê-la esperar quase 20 minutos!

A multidão também já parece bem menor e desinteressada, não deveria haver muitos depoimentos relevantes entre eles de qualquer maneira.

— Me mande o relatório depois, este é meu número!

Tirando um cartãozinho do bolso, o entrego ao chefe policial presente ao meu lado e me retiro.

Me deparo em seguida com Mary conversando com o mesmo policial que permitiu nossa entrada.

O que eles poderiam estar conversando? Ao que parece Mary está pedindo auxílio sobre alguma localização...

Ou pode ser ao contrário também, embora seja um pouco improvável!

Meng Meng também parece já ter finalizado com os depoimentos.

— Mary, podemos ir!

— Ótimo!

Ela foi rápida em se despedir do policial   e seguiu pro carro sem olhar para trás.

Meng Meng a seguiu apressadamente por trás, está é a primeira vez que noto que Mary é bem veloz em seus passos!

Também não demorei a seguir atrás e adentrar o carro logo após Meng Meng.

Devo dizer que seu carro é muito bonito, mas nada aconchegante quando se trata de comportar 3 pessoas.

Mary por outro lado não se pronunciou até dar partida no carro.

— Alguma pista?

Pista? Hm... Deveria dizer? Afinal é um caso onde pessoas comuns não deveriam se envolver, mas a opinião de Mary pode ser valiosa...

— Nha, ao que tudo indica é apenas um imitador, um que cometeu muitos erros durante seu crime!

Mesmo se compararmos aos depoimentos não acho que vá descobrir algo novo, mas não custa nada...

— Alguma coisa do seu lado, Meng Meng?

— Não, apenas um entre eles comentou ter visto uma garota perto das saídas de emergência do prédio, mas aquele local ainda é propriedade privada!

Uma garota? As saídas de emergência foi por onde o assassino fugiu, também houve uma descrição parecida da testemunha que meu cliente achou...

Pelo que me lembro meu cliente descreveu a vítima como uma criança de 10 à 12 anos, mas não me lembro de seu nome!

Mas então como poderia ela ter visto o assassino e ainda ter sobrevivido? E também, porque ela estava em propriedade privada tão tarde da noite?

Talvez ela tenha conseguido algo há mais que não informou ao meu cliente?

Mas seria complicado bater de porta em porta atrás se uma garota com tal descrição comum e escassa!

— Ela conseguiu reconhecer a criança?

— Não, nadinha!

Tch, isso complica as coisas, devo deixar que a polícia investigue os moradores locais em busca de alguma criança suspeita?

No entanto, o que faria uma criança ser suspeita?

Hã? Mary parece estar pegando algo de seu casaco...

— Aqui, um presente de boas vindas!

Unm? Presente? Isso não é um cartão de identidade comum?

Pera aí! Um cartão de identidade comum? Não foi exatamente isso que desapareceu da cena do crime?

Inicialmente pensei que logo iriam encontrar, que o próprio gerente tivesse esquecido em algum lugar, mas este pode não ser o caso.

Antes que eu pudesse questiona-la sobre como e onde conseguiu este cartão, ela se dispôs a explicar.

— Visitei os moradores da periferia em busca de alguma informação relevante, por sorte não demorou para que ouvesse rumores de uma criança se gabando de estar em posse de um item do assassino desta manhã!

— Criança de 11 anos, cabelos verdes, olhos da mesma cor, relativamente mais baixa que seus colegas, seu nome é Yuri, moradora do 501.

— Ao que parece está foi a criança que sua testemunha identificou, Meng Hier.

— Estava por perto quando ouviu o alarme disparar, sua curiosidade superou seu medo ao invadir a fábrica e buscar a origem do barulho.

Alarme? O assassino não havia os desativados? Só se estivermos falando de um alarme que se mantém ligado ou que liga apartir da queda dos outros...

Isso também explicaria a velocidade em que a polícia descobriu o cadáver, caso contrário só haveriam descoberto mais tarde quando o zelador chegasse.

Ao que parece o assassino então carregava o cartão de identidade da vítima consigo e possivelmente o deixou cair ao se assustar com o alarme que deveria estar desativado ativando.

Isso explicaria também como a garota sobreviveu mesmo após presenciar o assassino fugindo... Não é que ele propositalmente a deixou viva e sim que não teve tempo para remediar seus deslizes.

Mas porque raios ele carregaria consigo  o cartão de identidade do gerente?

Não, este não é o cartão do gerente e sim do dono...

Mas porque o gerente estaria com o cartão de identidade do dono? Nada explica o porque dele estar lá ontem a noite também...?

O dono desta indústria tinha contatos importantes e a única localização em todo o edifício que o gerente não tinha permissão para entrar com seu cartão de segurança era o escritório do dono.

Espere... Não me diga que...

— O verdadeiro se passando por um imitador para desviar a atenção do cartão de segurança!

— O verdadeiro se passando pelo falso para se próprio encobrir!

Hã? Mary também deduziu o mesmo que eu pelo jeito...

É o que dizem afinal, duas mentes pensam melhor do que apenas uma.

Mas se realmente for isso que estamos pensando, a verdadeira Flor de Gerânio na verdade se passou por um imitador dela mesmo para encobrir alguma coisa.

Contudo, fazendo isso ela se expôs grandemente a ser descoberta devido às inúmeras falhas cometidas intencionalmente para parecer um imitador.

É claro também que não posso descartar a possibilidade de ela estar usando maquiagem e peruca...

Mesmo assim é inegável que é ela e não ele, também será possível deduzir mais algumas coisa de acordo com as gravações que temos.

Essa Serial Killer também é extremamente astuta e ardilosa, teria até mesmo me enganado por um tempo se não fosse por Mary!

Devo admitir que o raciocínio e praticidade de Mary para fazer tudo que fez em menos de 20 minutos é realmente impressionante!

Se não fosse por ela o caso se estenderia ainda mais para que eu conseguisse ao menos uma pequena pista.

Pegando o telefone e discando rapidamente um número anotado na lista de contatos, esperei pacientemente que a outra parte atendesse.

— Comissário Osaki falando, com quem falo?

— Bom dia, senhor! Sou a detetive contratada pelo Sr. Akira, acabei de visitar a cena criminal desta manhã na periferia e gostaria de seu auxílio em algo.

O que quero é um relatório completo de tudo descoberto na cena criminal, de todas as testemunhas locais e principalmente as cenas das câmeras circundantes aos quarteirões próximos dali...

Também uma pesquisa detalhada em todos as hospedagens locais em busca de uma mulher jovem ruiva na casa dos 30 anos que tenha se hospedado nos últimos dias.

Os hobbys e conhecidos do falecido gerente, com quem se encontrou ou deixou de encontrar nos últimos dias e qualquer ocorrido incomum em sua rotina.

E o mais importante de todos, uma conversa em particular com o dono do edifício indústrial anterior!

— Mas é claro, Sra. Agatha! Informe mais tarde meu secretário e ele lhe passará detalhadamente tudo o que deseja, acredito que tenha seu número!

— Agradeço a cooperação, Sr. Osaki! Desejo-lhe um bom dia!

É verdade que tenho o número de seu secretário, mas tinha que primeiro conseguir sua autorização para conseguir o que quero.

Novamente discando, só que um número diferente dessa vez, outro homem, agora um pouco mais jovem e animado me cumprimentou primeiro.

Não dei muita atenção a sua conversa furada e fui direto ao ponto ao explica-lo detalhadamente tudo o que desejava.

— Eu vejo, pra onde devo encaminhar estás informações?

Onde? Bem, eu estou hospedada em um hotel nos subúrbios de Tokyo, contudo, acho meio inadequado enviar informações confidenciais como essas pelo correio ou até mesmo deixar na recepção do hotel.

Deveria ir buscar pessoalmente, embora vá dar um pouco de trabalho...

— Deixe que eu v----

— Diga-o para entregar em minha casa!

Sua casa? Porque eu faria isso?

— Não me diga que planejou vir para o Japão e se hospedar em um hotel? É sério? Assim você me magoa...!

Bem, eu apenas não queria incomodá-la com minha vinda derrepente, mas se insisti...

Imagino que seria rude recusar!

— Entregue-os na residência da CEO da MV Designers!

— Se refere aos aposentos de Madame Mary? Vejo que ela pelo menos tem uma amiga... Aham, é claro, será entregue até o final de semana.

Pelo menos? Parece que a reputação de Mary no mundo social não é muito favorável quando se trata de ter amigos, hahaha!

Desligando o telefone, olho para Mary e a questiono brincalhosamente!

— Não vai me atacar durante a noite nem nada do tipo, vai?

Ela me olha de maneira séria e sorri maliciosamente em seguida, fazendo um mal presentimento me inundar!

— Quem sabe, você acaba de me dar uma ótima ideia!