Capítulo 9 – A Promessa no Túmulo
Dois dias haviam se passado desde a Batalha.
O céu de Britânia estava cinza, coberto por nuvens pesadas como os corações de todos que estavam ali reunidos.
O grande salão da Guilda Crystal Palace, a mais poderosa de toda Britânia, estava silencioso. Seus membros, acostumados a caçar monstros e defender reinos, estavam agora enlutados, não por uma guerra perdida, mas por companheiros que jamais retornariam.
No centro da cerimônia, Valéria, a capitã da guilda, mantinha a cabeça baixa. Ela apertava o punho contra o peito, como se tentasse manter o coração no lugar.
Beatriz, sua companheira de antigas missões, havia partido.
E com ela, outros heróis, cujos nomes jamais seriam esquecidos.
À frente de todos, Karina chorava em silêncio.
Sua irmã… sua melhor amiga… agora jazia fria sob a terra.
Ao lado dela, Mike, Julhian, Serana e Kyouran mantinham o olhar firme, mas por dentro, todos estavam despedaçados.
Gustavo, de olhos cerrados, não disse uma única palavra. Ele apenas mantinha-se imóvel, como se uma parte dele tivesse morrido também.
Entre a multidão, o Rei de Britânia, pai de Beatriz e Karina, observava com olhos vermelhos.
Com passos lentos, se aproximou de Gustavo e colocou uma mão pesada sobre seu ombro.
— “Ela te amava, garoto. E eu sei que você também a amava. Honre isso… seja qual for o caminho que escolher agora.”
Gustavo não respondeu. Apenas assentiu, sem sequer erguer o olhar.
A mãe de Beatriz e Karina, por outro lado, estava desolada. Chorava baixinho nos braços de uma criada, sussurrando o nome das filhas.
A Partida
Naquela mesma noite, quando o silêncio caiu sobre o reino, Gustavo vestiu suas roupas negras.
Seu manto estava rasgado, cheio de buracos.
No centro da capa, um símbolo de um fantasma bordado em vermelho sangue, como uma marca de luto e vingança.
Sem fazer barulho, caminhou pelos campos silenciosos de Britânia até chegar ao túmulo de Beatriz.
A lápide estava ali, simples, com uma rosa branca esculpida no topo.
Ele ajoelhou-se diante dela.
— “Beatriz… Eu não consegui te proteger.” — sua voz era baixa, carregada de dor.
— “Mas juro... diante dos deuses e monstros... que vou te trazer de volta.
Ou então… vou morrer tentando.”
Uma lágrima escorreu pelo seu rosto enquanto retirava uma flor amarela do bolso — a favorita dela.
Com delicadeza, a depositou sobre a lápide.
Foi quando uma pequena miniatura da Hidra, feita de energia verde-clara, surgiu ao seu lado.
— “Está na hora, garoto. O Continente da Meia-Noite espera.
Lá... é onde o destino dos tolos termina…
Ou onde os fortes renascem.”
Gustavo ficou em silêncio por alguns segundos.
Respirou fundo.
E se levantou.
Atrás dele, ninguém sabia que ele partiria.
Nem Mike.
Nem Karina.
Nem seus irmãos de batalha.
Ele iria sozinho.
Ergueu sua katana, e com um movimento firme, abriu um portal para o desconhecido.
Do outro lado, a escuridão pura.
Um novo mundo.
Uma nova guerra.
Antes de atravessar, olhou mais uma vez para o túmulo e murmurou:
— “Espere por mim... ou me receba quando eu cair.”
Então, sem hesitar, entrou no portal.
E a escuridão o engoliu.