O Torneio dos Céus

Capítulo — "O Torneio dos Céus: A Aliança com Piter Halown"

O vento assobiava feroz enquanto Mike, Karina, Julian, Serena, Kyouran e Natália eram levados pelas correntes ascendentes. Seus corpos brilhavam com o poder das Plumas de Vento Antigo, e as nuvens passavam rapidamente ao redor deles, como véus de algodão rasgados.

Após minutos de subida vertiginosa, o céu começou a clarear. Finalmente atravessaram o último manto de nuvens — e ali estava ela: a primeira ilha flutuante, chamada Isla Ventaris.

A ilha era vasta e magnífica. Planícies douradas se estendiam até onde a vista alcançava, repletas de campos de trigo que balançavam como ondas douradas. No centro, erguia-se uma cidade suspensa em plataformas flutuantes, conectadas por pontes de pedra que levitavam no ar. No horizonte, eles podiam ver as outras ilhas, cada uma com formas únicas e arquiteturas distintas, conectadas por gigantescas correntes de vento visíveis como faixas brilhantes cruzando o céu.

Logo ao pousarem, o grupo ouviu ecos de uma briga vindo de uma praça elevada.

Sem hesitar, correram em direção ao som.

No meio da praça, três homens altos, com armaduras prateadas e mantos de tons esverdeados, cercavam um jovem rapaz, com cabelos castanhos curtos e uma capa azul-marinho. Ele segurava uma lança curta e respirava com dificuldade, claramente em desvantagem.

"Desista, Piter. Você não está pronto para isso. Volte para casa, como nosso pai ordenou!" — gritou um dos homens.

"Eu já disse... Não vou desistir!" — respondeu o jovem, determinado.

Mike não pensou duas vezes. Deu um passo adiante, a foice de Keldar materializando-se em suas mãos com um brilho sombrio. Karina, ao seu lado, sacou as Lâminas da Tempestade Negra, e um estalo de eletricidade percorreu suas adagas. Julian congelou o chão sob os agressores, desequilibrando-os, enquanto Kyouran e Serena avançavam em formação.

"Ei! Três contra um é covardia." — disse Mike, sua voz cortante como aço. — "Agora é três contra seis."

Os três homens recuaram um passo, surpresos com a chegada inesperada do grupo.

Um deles estreitou os olhos.

"Vocês não sabem com quem estão se metendo. Somos da Família Real Halown."

"Não me importo se são reis ou pescadores." — rebateu Karina com frieza. — "Sumam."

Diante da clara superioridade numérica e da confiança do grupo, os irmãos mais velhos lançaram um último olhar fulminante ao garoto e se afastaram, desaparecendo entre as ruas da cidade.

O jovem, ofegante, abaixou a lança e fitou Mike e os outros com gratidão.

"Obrigado... Eu não teria aguentado muito mais."

Mike sorriu levemente.

"Qual o seu nome, garoto?"

"Sou Piter Halown... filho mais novo da Família Real Halown."

O grupo trocou olhares. Mesmo jovem, o porte de Piter era nobre. Seu olhar carregava uma mistura rara de determinação e curiosidade, muito diferente da arrogância de seus irmãos.

Já mais calmo, Piter convidou-os para um pequeno salão de chá suspenso sobre a cidade, onde poderiam conversar. Sentados em almofadas finas e com vista para o infinito céu azul, ele começou a explicar:

"Vocês devem ser forasteiros. Imagino que não saibam sobre o Grande Torneio das Casas."

Todos assentiram, atentos.

Piter prosseguiu:

"Em cada uma das oito ilhas flutuantes, existe uma construção colossal chamada Casa. Cada Casa guarda um dos Cavaleiros Reais, os guerreiros mais poderosos do Império Celestial. Todos os anos, o Torneio das Casas é realizado — um torneio de equipes, onde cada time desafia as Casas, uma por uma, enfrentando desafios e batalhas para ganhar o direito de lutar contra os Oito Cavaleiros."

Ele respirou fundo.

"A equipe que derrotar todos os Cavaleiros pode se apresentar diante do Rei dos Céus, e ele concederá um desejo — qualquer desejo."

O silêncio pesou no ar por um momento.

"Eu... sempre sonhei em conhecer o mundo lá embaixo." — confessou Piter, fitando o horizonte. — "Mas minha família me proíbe. Dizem que o mundo inferior é sujo, bárbaro, indigno. Meu pai me mantém preso aqui. Eu queria usar o desejo do torneio para pedir permissão para viajar e conhecer a Terra... Mas, para participar, preciso de uma equipe. E ninguém quer se aliar a mim, por medo da ira da minha família."

Mike cruzou os braços, pensativo. Natália, tocada pela história, sorriu levemente. Kyouran assentiu silenciosamente.

Então, Mike se levantou e estendeu a mão a Piter.

"Você tem uma equipe agora. Vamos lutar ao seu lado."

Piter arregalou os olhos, surpreso — e depois sorriu de forma sincera, a primeira vez desde que o conheceram.

"Obrigado... Eu prometo que não vou decepcionar vocês!"

O céu sobre a ilha trovejou suavemente, como se o vento estivesse testemunhando o nascimento de uma nova aliança.

O Torneio das Casas estava prestes a começar.

E, com Piter Halown ao seu lado, Mike e seus companheiros dariam o primeiro passo para alcançar mais uma página... e talvez, um desejo capaz de mudar tudo.

Fim do capítulo.