Ascensão às Ilhas Flutuantes

O mar era calmo naquela manhã, refletindo o céu como um espelho azulado sem fim. O navio em que Mike, Karina, Julian, Kyouran, Serena e Natália viajavam cortava lentamente as águas, deixando para trás o porto de Britânia e suas despedidas cheias de lágrimas e promessas silenciosas.

O Mapa Mágico continuava vazio... até que, após dois dias de viagem, uma estranha névoa cobriu o horizonte. Quando a névoa se dissipou, uma visão inacreditável surgiu diante de todos: o conjunto das Oito Ilhas Flutuantes.

As ilhas não apenas flutuavam — elas giravam lentamente no céu, suspensas a quase 10.000 metros de altura. Cada ilha era conectada por longas pontes feitas de nuvens sólidas, formando uma cadeia que parecia desafiar as leis da natureza.

No meio delas, no topo da maior ilha, havia uma colossal cidade dourada, com torres pontiagudas e bandeiras esvoaçando em ventos invisíveis. Abaixo, o mar era profundo e tranquilo, como se admirasse o espetáculo acima.

O grupo ficou atônito.

"Como... como vamos chegar lá?" — murmurou Natália, arregalando os olhos.

Mike cruzou os braços, pensativo. Karina apertava suas novas lâminas negras, inquieta. Julian, sempre prático, já vasculhava o convés atrás de cordas ou algo útil.

"Voar, nadar, escalar... nada disso é possível aqui..." — comentou Kyouran, sério.

Foi então que Serena, mais atenta ao mapa mágico, notou algo: uma pequena runa brilhou no canto inferior direito. Ela tocou nela, e um fragmento de informação surgiu:

“Procurem pelo Ancião dos Ventos. Ele detém a chave da subida.”

"Ancião dos Ventos..." — repetiu Mike, como se saboreasse o nome. — "Se ele existe, está em algum lugar próximo."

Eles decidiram ancorar o navio e explorar as praias rochosas da ilha-base que se formava sob as ilhas flutuantes. O local era quase desértico, com pedras cinzentas e ventos constantes que sopravam tão forte que dificultava até a caminhada.

Após horas de busca, em meio a um desfiladeiro estreito entre dois penhascos, encontraram uma pequena cabana feita de cipós e ossos de pássaros gigantes.

Sentado em frente à cabana, estava um velho homem de cabelos prateados flutuando no ar como se o vento sussurrasse através dele. Sua pele era marcada por tatuagens antigas em espiral, e seus olhos eram completamente brancos, como se visse além do tempo.

"Estão perdidos ou desejam alcançar os céus?" — perguntou ele, sem se mover.

Mike deu um passo à frente, encarando-o.

"Queremos subir. Até as ilhas."

O velho sorriu levemente.

"Vocês não têm asas nem bênçãos. Mas têm coragem. Posso lhes oferecer a Provação dos Ventos Eternos."

"O que é isso?" — indagou Karina, desconfiada.

"Uma corrida contra o próprio vento. Apenas aqueles que forem dignos poderão usar os Altares dos Ventos Ascendentes espalhados pelas rochas. Subam até o primeiro altar e sejam julgados."

Sem outra opção, o grupo aceitou o desafio.

A corrida foi brutal: rajadas de vento quase os arremessaram de penhascos. Rochas deslizavam sob seus pés. Gaviões de vento, criaturas feitas de pura energia aérea, atacavam ferozmente, forçando Mike e os outros a lutar no meio da subida.

Serena usava sua magia de apoio para criar pequenas zonas de calmaria no vento. Julian golpeava com magia de gelo para criar degraus improvisados. Natália conjurava escudos espirituais para proteger os mais frágeis.

Quando finalmente chegaram ao Primeiro Altar, ofegantes e com roupas rasgadas, o Ancião já os esperava lá, como se o tempo não o afetasse.

"Vocês provaram seu valor. Agora... deixem o vento guiá-los."

O Ancião invocou seis Plumas de Vento Antigo, uma para cada um deles. As penas brilharam e se fundiram com seus corpos, dando-lhes o dom temporário da Ascensão Aérea — o poder de voar por um curto período.

"Sigam o caminho das correntes ascendentes e não olhem para baixo. O medo é o maior inimigo no céu."

Com um grito de guerra liderado por Mike, todos saltaram do altar...

E o vento os envolveu como um abraço divino, impulsionando-os para cima, para as ilhas flutuantes e para o novo desafio que os aguardava no império dos ventos.

O céu parecia vibrar ao redor deles enquanto subiam, e pela primeira vez em dias, Mike sorriu. A jornada estava apenas começando.

Fim do capítulo.