Baile do Destino

Capítulo — Ecos da Vitória e o Baile do Destino

A vitória na Oitava Casa ecoava por todo o reino de Velharis, uma terra de torres prateadas e praças de mármore, cuja capital, Elandor, fervilhava em celebrações. Pela primeira vez em muitos anos, o torneio alcançava uma nova fase — e os nomes de Falcões Sombrios eram sussurrados em tavernas e corredores com respeito e admiração.

Para honrar os sobreviventes e preparar o terreno para o próximo desafio, o rei Alaric de Velharis, pai de Piter, anunciou um grande baile no Palácio de Sideris, a joia arquitetônica do reino.

Preparativos no Centro de Elandor

Enquanto a equipe de Mike descansava nos aposentos fornecidos pela realeza, Natália estava inquieta. Sentada à beira da cama, ela encarava a pequena bolsa de viagem com uma expressão frustrada. Suas roupas de combate, gastas e práticas, estavam longe de serem adequadas para o baile mais importante do continente.

Mike percebeu o desconforto dela e, com um meio sorriso, estendeu a mão.

— Vamos dar uma volta no centro. A gente resolve isso — disse ele.

O centro de Elandor era um espetáculo à parte. Lojas finas alinhavam as ruas de pedra, e o cheiro de flores e especiarias pairava no ar. Com os estandartes do torneio tremulando em dourado e púrpura, o clima era de festa.

Mike e Natália entraram em uma boutique elegante chamada "Brilho de Seraphis", especializada em vestes formais. A dona da loja, uma senhora de cabelos prateados chamada Madame Lys, os recebeu com um sorriso acolhedor.

— Para o baile real? — perguntou ela, avaliando Natália com um olhar experiente. — Tenho exatamente o que você precisa.

Enquanto Natália experimentava um vestido longo de tom azul-escuro com detalhes prateados que lembravam constelações, Mike, encostado em uma das poltronas, a observava com um olhar sereno.

— Não precisa ficar nervosa — disse ele quando ela saiu do provador. — Você está incrível.

Natália, corando levemente, sorriu.

— Eu nunca fui a um lugar assim. Mas com você lá… acho que vai ser mais fácil.

Mike pagou pelas vestes — uma quantia considerável, mas que ele considerou um investimento justo — e os dois voltaram juntos para o palácio, enquanto o sol se punha sobre Velharis, tingindo os céus de dourado e púrpura.

O Baile de Sideris

O salão principal do Palácio de Sideris era grandioso, com lustres de cristal que refletiam a luz em mil cores e tapeçarias retratando as lendas das Oito Casas Reais.

Os convidados circulavam em trajes finos, as músicas de harpas e violinos enchiam o ar, e mesas de banquetes transbordavam de iguarias. Entre os presentes, os oito Cavaleiros Reais das Casas estavam reunidos, cada um representando a elite do reino. Suas presenças impunham respeito: veteranos de batalhas, mestres de técnicas únicas.

Mike e Natália, agora deslumbrante em seu novo vestido, misturaram-se aos convidados. Karina, Julian, Kyouran e os demais companheiros também estavam ali, finalmente desfrutando de um momento de descanso.

No centro do salão, o rei Alaric, imponente em suas vestes reais negras com detalhes dourados, ergueu a taça e pediu silêncio. Sua voz grave ressoou por todo o salão.

— Valentes guerreiros, honrados Despertados e herdeiros das Casas… hoje celebramos os que chegaram até aqui. Mas lembrem-se: a verdadeira batalha ainda está por vir.

Ele lançou um olhar firme a Piter, que permanecia ao lado dos irmãos — alguns deles visivelmente incomodados com sua recente ascensão.

A Fulgor de Aeteris, a espada que ajusta-se ao coração e alma do portador, ainda não tem dono. Nenhum herdeiro, por mais nobre, a empunhará antes de mostrar sua supremacia definitiva.

O salão ficou em silêncio, e o rei prosseguiu.

A segunda etapa do torneio terá início em breve. Ela será simples… e brutal. Cada um de vocês enfrentará os Cavaleiros Reais das Oito Casas, um por um, em combates 1x1. Somente os verdadeiramente dignos alcançarão o direito de tocar a Fulgor de Aeteris.

O olhar do rei pousou novamente em Piter — frio, calculista.

— Mostre-me que és mais do que um nome. Vença-os… e talvez, então, sejas digno da espada e da coroa.

O ambiente ficou denso, as palavras ecoando nas mentes de todos.

Mas naquela noite, enquanto as taças tilintavam e as músicas voltavam a soar, havia um raro momento de respiro. Mike, com Natália ao seu lado, trocava olhares cúmplices com os amigos. Eles sabiam que, após o baile, as espadas voltariam a se cruzar.

Mas, por ora… eles podiam apenas dançar.