O Sorteio dos Céus

Capítulo — O Sorteio dos Céus

A grande festa seguia no salão principal do Palácio de Aeros Halown, capital do império flutuante de Velanthys. Candelabros de cristal pendiam do teto de mármore esculpido, o ar impregnado de fragrâncias doces e especiarias raras vindas de todas as ilhas flutuantes. Música suave tocava enquanto nobres, cavaleiros e convidados percorriam o salão, entre sorrisos e cumprimentos.

Os Falcões Sombrios, ainda cansados da última prova, tentavam relaxar e aproveitar o momento. Mike observava tudo com um olhar atento, vestindo uma túnica escura recém-adquirida. Ao lado dele, Natália sorria timidamente — agora vestindo um elegante vestido branco com detalhes dourados, que ela e Mike tinham comprado juntos no centro da cidade naquela tarde.

O clima era de festa… mas logo, o som de uma taça sendo erguida ecoou por todo o salão. O Rei Halown, com seus cabelos prateados e armadura cerimonial azul, se levantou no topo da escadaria, a coroa reluzindo sob a luz dos cristais.

— "Convidados, cavaleiros, heróis… agora que as provas das Casas chegaram ao fim, iniciaremos a segunda e última fase do Torneio das Ilhas Celestes!" — a voz dele preencheu todo o espaço com autoridade.

Um silêncio reverente caiu.

— "Os desafios agora serão duelos de honra… cada um de vocês enfrentará um dos nossos lendários Cavaleiros Reais. Se vencerem… estarão um passo mais próximos de realizar seus desejos. Se falharem… saberão que enfrentaram o que há de mais grandioso neste império."

O rei sorriu levemente, mas o olhar endureceu ao se virar para Piter.

— "E lembre-se, meu filho… a Fulgor de Aeteris só pertencerá àquele que vencer todos os desafios. Apenas então provará ser digno de deixar estes céus para viajar o mundo abaixo."

Piter cerrou os punhos discretamente, mas não respondeu.

No centro do salão, uma mesa foi trazida, com oito pequenas esferas de cristal reluzentes. Uma a uma, as esferas começaram a flutuar e rodopiar, espalhando faíscas prateadas. Nomes e emblemas foram projetados no ar, enquanto o Anfitrião Real — um homem com manto vermelho — anunciava:

— "Primeira luta: Sir Eirik Borealis contra Julhian dos Falcões Sombrios!"

Julhian ergueu o olhar, a expressão determinada.

— "Segunda luta: Lady Calyra Zephyros contra Karina dos Falcões Sombrios!"

Karina apertou o cabo das adagas em sua cintura, seus olhos faiscando.

— "Terceira luta: Cavaleiro Aurion contra Kyouran dos Falcões Sombrios!"

Kyouran sorriu de canto, a mão roçando a alça de suas adagas envenenadas.

— "Quarta luta: Cavaleiro Notturna contra Mike dos Falcões Sombrios!"

Mike apenas assentiu com a cabeça, a foice negra em suas costas parecia vibrar levemente.

— "Quinta luta: Cavaleiro Solarius contra Natália dos Falcões Sombrios!"

Natália respirou fundo, a mão tocando discretamente o pingente de luz em seu colar.

— "Sexta luta: Cavaleiro Tempestus contra Serena dos Falcões Sombrios!"

Serena ajeitou a tiara azulada em seus cabelos, o olhar sereno mas focado.

— "Sétima luta: Cavaleiro Serenis contra Piter da Casa Halown!"

Piter ergueu o queixo com firmeza, o vento ao seu redor vibrando discretamente.

— "Oitava luta: Cavaleiro Eclipsa contra Mike dos Falcões Sombrios!"

Um leve murmúrio percorreu o salão. Mike lutaria duas vezes… e contra Eclipsa, a cavaleira mais temida de todas, mestra das sombras e da luz.

Mike cruzou os braços, um leve sorriso no rosto.

— "Justo. Eu termino o que comecei."

O sorteio estava feito.

Os oito Cavaleiros Reais, um a um, se aproximaram. Suas presenças eram intensas — cada um vestindo armaduras intricadas que refletiam o poder de suas Casas. Não houve palavras entre eles… apenas olhares firmes e breves inclinações de cabeça.

A festa seguiu, mas o ar tinha mudado. A tensão era palpável.

Na sacada, Piter se aproximou de Mike.

— "Obrigado… a todos vocês. Eu sei que meu pai não acredita no meu sonho… mas com vocês, eu posso vencer. Podemos vencer juntos."

Mike pousou a mão no ombro do jovem príncipe.

— "Nós não viemos tão longe pra recuar agora, Piter. Vamos dar tudo."

Ao longe, um trovão ecoou, mesmo sob o céu límpido da noite. Era como se o próprio Velanthys anunciasse: as batalhas finais estavam prestes a começar.