❄️ Capítulo 5 – Reflexos Que Ferem
🌪️ Piter – O Vendaval Silencioso
Piter abriu os olhos.
Estava no topo de um precipício. Ventos furiosos sopravam ao seu redor, e à sua frente, uma única figura: ele mesmo, mas com os cabelos desordenados, olhos frios e a espada embainhada.
— Você achou que velocidade bastava pra superar tudo? — disse sua cópia. — Mas o que você é... além de rápido?
Piter apertou a empunhadura de sua katana, Fulgor. Sentiu o vento vibrar ao seu redor.
— Eu lutei pra ser forte. Fui escolhido por essa espada. Isso já diz quem eu sou.
— Não. Você foi escolhido... por piedade.
A cópia avançou. O duelo foi rápido — choque de katanas, passos dançantes no ar, lâminas rasgando o vento.
— Passo do Vendaval!
Piter se moveu rápido demais para ser visto, mas sua cópia também usou a técnica.
— Você depende demais da velocidade. Mas quando o vento para... você também para.
Piter caiu de joelhos. A voz do pai ecoou em sua mente: "Você é só um suporte, Piter. Outros vão brilhar."
Ele fechou os olhos.
— Não... não sou só suporte.
Ergueu-se.
— Eu sou a tempestade.
A katana brilhou. O ar ao redor se condensou.
— Estilo do Fulgor – Cortina da Tempestade Crescente!
Com um único corte circular, Piter explodiu uma onda de vento em todas as direções, dissipando a cópia. O céu se acalmou. Ele sorriu.
— Finalmente... estou me ouvindo.
🌟 Natália – Entre Luz e Silêncio
Natália acordou em um campo florido. Mas o céu estava cinzento. No centro do campo, uma versão sua — suja, com o arco quebrado — chorava diante de uma lápide.
Na lápide estava escrito:
“Karina, Serena, Mike... Todos.”
— Não... — sussurrou Natália, se aproximando. — Isso é falso.
— Mas pode acontecer — disse sua versão sombria. — Você é fraca. Sempre espera ordens. Sempre fica atrás.
— Isso não é verdade.
— Você não foi forte o bastante pra impedir nada! Se continuar assim, só vai ver todos morrerem... de novo.
A cópia levantou o arco e disparou uma flecha de luz.
Natália desviou, criando uma Barreira de Luz.
— Eu não sou só apoio.
— Então prove.
A batalha foi feita de reflexos. Flechas se cruzavam no ar como cometas. Cada disparo era preciso, cada movimento coreografado com uma elegância letal.
Natália respirou fundo.
— A luz não serve só para iluminar os outros. Serve pra mostrar o caminho... mesmo quando ninguém mais enxerga.
Ela invocou uma flecha dourada.
— Disparo do Alvorecer!
A flecha acertou o coração da cópia. A versão sombria sorriu, chorando.
— Então... guie-os bem.
Natália caiu de joelhos, mas com o rosto sereno.
— Eu... vou proteger todos vocês.
☠️ Kyouran – O Vazio Interior
Silêncio.
Kyouran estava em um campo negro. Nenhum som. Nenhuma cor.
A única presença ali... era uma versão sua completamente sem olhos, sem rosto, apenas com a boca, que dizia:
— Você finge não se importar. Mas é só medo de sentir de novo. Você mata para esquecer.
— ...
— Sabe o que é pior que morrer? Sobreviver... e não sentir nada.
De repente, figuras do passado começaram a surgir. Inimigos que Kyouran havia matado. Uma criança que ele viu morrer. A mulher que tentou salvá-lo uma vez. Todos o cercavam.
— Eles te odeiam, Kyouran. Mas o que dói... é que você também se odeia.
Pela primeira vez, os olhos frios de Kyouran hesitaram.
— Eu não escolhi ser assim... — murmurou.
— Mas pode escolher o que será agora.
A sombra avançou, transformando o campo num turbilhão de névoa venenosa.
Kyouran girou suas adagas.
— Chega de fugir.
Saltou na névoa, cortando as visões com precisão brutal.
— Dança das Mil Agulhas Negras!
— Corte Paralisante!
— Passo Silencioso...
Com um único salto, ele surgiu atrás da sombra.
— Eu aceito quem fui... mas vou decidir quem vou ser.
Cortou com força.
A sombra se desfez, sussurrando:
— Então, sinta... viva.
Kyouran caiu de pé. Fechou os olhos.
— ...Obrig...ado.
🔚 Retorno ao mundo real
Os três abriram os olhos lentamente. O campo de neve diante deles ainda parecia real, mas a aura era diferente. Reikan observava do alto de uma pedra.
— Vocês voltaram. Mais vivos... e mais perigosos.
Ele desembainhou a katana.
— A partir de agora... o verdadeiro treino começa.