❄️ Capítulo 21 – Provação nas Geleiras
O amanhecer foi sombrio e gelado.
Reikan os acordou antes mesmo do sol aparecer no céu. As nuvens escuras pairavam como uma ameaça, e o vento uivava entre as encostas de gelo, cortando como lâminas.
— Levantem. — Sua voz firme cortou o silêncio. — Hoje começa a parte mais cruel do treinamento. E eu quero ver se vocês estão realmente preparados para atravessar a Zona Zero.
Mike foi o primeiro a se erguer, olhos fixos em Reikan.
— Qual é o plano?
O espadachim segurava uma longa vara de madeira em cada mão. Atrás dele, haviam sete mochilas pesadas, cheias de pedras, uma para cada membro da equipe.
— Vocês vão marchar pelas Geleiras Azuis durante o dia inteiro — sem magia, sem invocações, sem teleporte, sem ataques especiais. Apenas força bruta, resistência, e espírito.
— Hah! Vai ser moleza! — disse Karina, confiante.
Reikan apontou para uma trilha íngreme coberta de neve e gelo.
— Quero ver se diz isso depois da terceira subida.
Serena engoliu em seco.
— E o que acontece se alguém... cair?
Reikan olhou para ela.
— Torçam para que alguém mais consiga puxá-lo de volta.
As mochilas pareciam feitas de chumbo.
Piter e Julhian carregavam com firmeza, liderando o grupo com passos constantes. Já Serena e Karina sofriam para manter o equilíbrio entre os cristais de gelo traiçoeiros.
— Por que essas pedras são tão pesadas?! — grunhiu Karina.
— Talvez porque sejam pedras — murmurou Kyouran, suando e caminhando como se estivesse em transe meditativo.
— Isso é uma tortura — gemeu Serena. — Eu daria tudo por um pouco de mágica...
— Lembre-se por que estamos fazendo isso — disse Mike, atrás dela. — Zona Zero não perdoa erros.
A caminhada foi brutal.
No topo da terceira colina de gelo, Natália tropeçou e caiu de joelhos.
— Meus músculos... estão queimando...
Reikan, que observava de longe com os braços cruzados, gritou:
— Se não conseguem suportar isso, não têm chance contra os monstros da Zona Zero! Isso é só o primeiro dia!
Mike largou sua mochila, voltou até Natália e a ajudou a se levantar.
— Não está sozinha. Vamos juntos.
Natália assentiu, ofegante.
Horas se passaram.
A neve batia contra os rostos. Os pés estavam encharcados. A fome e o frio começavam a afetar o foco de todos.
Julhian andava em silêncio, os olhos fixos no horizonte. Piter cambaleava de cansaço. Serena tremia visivelmente.
Foi quando ouviram um rugido distante.
— Aquilo foi um monstro?! — disse Karina, parando de andar.
Reikan não respondeu. Apenas continuou subindo.
— Ele vai nos ignorar mesmo? — perguntou Natália, perplexa.
Kyouran parou e olhou para Mike.
— Ele quer que a gente descubra sozinhos.
Mike assentiu. E foi então que a neve adiante se partiu, revelando uma enorme fenda congelada, onde se escondia um urso gigante de pelagem branca, olhos azul-gélidos e garras cristalinas.
— Urso Gélido Ancião... — murmurou Julhian.
Reikan se virou calmamente.
— E agora, sem magia... sobrevivam.
Ele deu um passo para o lado e observou.
🧊 Batalha contra o Urso Gélido Ancião (sem magia)
O urso investiu com um rugido brutal.
Mike gritou:
— ESPALHEM-SE!
Piter correu em um arco lateral e saltou sobre uma pedra, usando seu impulso para cravar a katana no ombro do urso — mas a pele da criatura era espessa, como aço congelado.
— Nada de magia?! Isso é loucura! — gritou Karina, jogando pedras contra o focinho do monstro.
Julhian puxou sua katana e deslizou sobre o gelo, mirando nas patas traseiras.
— Não vamos derrotá-lo. Temos que forçá-lo a cair.
Mike teve uma ideia. Gritou:
— Leve-o até aquela beirada! Há uma encosta ali. Se ele escorregar, não vai conseguir voltar facilmente!
Kyouran correu com velocidade felina, escalando uma pedra próxima e jogando neve no rosto do urso, distraindo-o.
Serena e Natália se juntaram, arremessando pedras e pedaços de gelo.
Mike foi o último a atacar — com um pulo preciso, deu um chute no focinho da criatura, forçando-a a recuar.
Julhian então desceu com sua katana em um golpe lateral — mesmo sem energia mágica, o peso do impacto cortou parte da pele do monstro, fazendo-o cambalear.
— AGORA, EMPURREM!
Todos juntos, mesmo exaustos, investiram contra o monstro.
O urso urrou, desequilibrado — e caiu pela encosta, rolando e desaparecendo nas nevascas abaixo.
O silêncio voltou.
Todos caíram sentados na neve, arfando de cansaço.
Reikan se aproximou lentamente.
— Não esperava que realmente conseguissem...
Mike o encarou, ofegante.
— Você nos jogou um urso gigante... sem magia...
Reikan deu um leve sorriso.
— E vocês sobreviveram. O que mais esperam encontrar na Zona Zero?
Serena deitou na neve, exausta.
— Uma cama quente, talvez...
Karina ergueu um punho, vitoriosa.
— EU MEREÇO UMA BANQUETE!
Reikan riu baixo.
— Isso foi só o começo. Ainda temos muitos dias. Se quiserem sobreviver à Zona Zero... vão ter que sangrar mais do que isso.
Mike fechou os olhos e sussurrou:
— Que venha o próximo desafio...
Continua...