Ecos da Verdade Congelada

❄️ Capítulo 25 – Ecos da Verdade Congelada

A noite já havia se instalado no campo de gelo. A neve que antes soprava com ferocidade agora caía suavemente, como se o mundo oferecesse um raro momento de paz.

O grupo havia retornado a um pequeno abrigo próximo às montanhas, onde Reikan mantinha uma base temporária. Uma fogueira aquecia o ambiente, lançando sombras dançantes nas paredes de pedra.

Reikan encarava o grupo com os braços cruzados. Havia respeito em seu olhar agora — mas também desconfiança.

— Posso fazer uma pergunta? — disse, quebrando o silêncio.

Mike, sentado à frente da fogueira, assentiu com um simples gesto de cabeça.

— O que vocês pretendem... indo para a Zona Zero?

O grupo ficou em silêncio por um instante. O crepitar do fogo parecia aguardar a resposta.

Mike então olhou diretamente para o espadachim.

— Já ouviu falar da História do Mundo?

Reikan ergueu uma sobrancelha.

— Sim... claro. Todos conhecem. É uma lenda antiga, passada de geração em geração.

Ele cruzou os braços novamente, pensativo.

— No começo, havia apenas um deus... Cronos. Ele criou o mundo dos humanos, e para governar esse mundo, criou deuses menores — Zeus, Odin, , entre outros. Por um tempo, houve harmonia. Nenhum monstro existia.

Mas... a inveja cresceu entre os deuses.

Ele fez uma pausa, olhando para o fogo.

— A inveja pelo poder absoluto de Cronos. E então... a história simplesmente acaba. Os deuses dividiram o resto da verdade em dez páginas mágicas, escondidas pelo mundo.

Mike se recostou levemente e disse com firmeza:

— Nós estamos atrás dessas páginas.

Reikan arregalou os olhos, surpreso.

— Então é isso... — murmurou. — Não são diferentes dos outros. Muitos já procuraram essas páginas, mas... não sabia que havia uma aqui, na Zona Zero. Como têm certeza?

Mike tirou um pergaminho mágico dobrado de dentro do sobretudo escuro. Ele o desenrolou lentamente. Era um mapa antigo, repleto de marcas, runas e pequenos pontos brilhantes.

Um único X vermelho pulsava sobre a imensidão branca do continente.

— Esse mapa... às vezes ele nos leva a ilhas perdidas, às vezes a lugares esquecidos. Não é sempre que aparece uma marca clara... mas dessa vez, ele indicou este lugar.

Reikan se inclinou, observando o X vermelho. Seu rosto endureceu.

— Incrível... — sussurrou. — Mas... o que pretendem fazer depois de reunir todas as páginas?

O grupo se virou para Mike, como se a pergunta os atingisse também.

Mike abaixou os olhos por um momento, pensativo.

— Eu não sei... — confessou. — Quero entender o porquê de tudo isso. O que realmente aconteceu... o que nos escondem.

E para isso... eu preciso das páginas.

O silêncio caiu como uma névoa espessa.

Mas então...

Julhian levou a mão à cabeça, os olhos se arregalando.

— ...!

— Julhian? — perguntou Karina, preocupada.

Mas ele não respondeu. Dentro da mente dele, uma voz ecoava, baixa, sussurrante, quase zombeteira:

Ahh... interessante... ótimo... finalmente alguém chegou longe o bastante.

Garoto... sabe quem sou eu?

Não sabe? Hahaha... mas vou te dizer algo que vai gostar...

Eu sei onde está o seu IRMÃO...

A voz desapareceu tão repentinamente quanto surgiu, como o som de vidro quebrando no vazio.

Julhian cambaleou um passo para trás, pálido.

— Eu... eu ouvi uma voz. Na minha cabeça. Ela disse que... sabe onde está o meu irmão...

Todos ficaram imóveis.

Mike se levantou, os olhos sérios.

— Isso é novo...

Reikan franziu o cenho.

— Alguém está observando vocês... algo que consegue atravessar distâncias... ou dimensões. E se essa entidade sabe mesmo sobre o seu irmão, então há mais em jogo do que apenas as páginas.

Julhian apertou o punho da katana.

— Eu preciso encontrá-lo... seja quem for que tenha falado comigo... vou arrancar as respostas dele à força.

Mike colocou uma mão no ombro do amigo.

— E vamos com você até o fim.

Reikan encarou os jovens à sua frente. Pela primeira vez, ele não via apenas aprendizes — via uma força que estava sendo forjada, uma peça do quebra-cabeça maior.

— Amanhã... o próximo treino será mais intenso. Se vocês querem sobreviver na Zona Zero... e encontrar essa página... vão precisar muito mais do que vontade.

A neve voltou a cair.

Mas agora... ela não parecia mais tão silenciosa.

Continua...