Ecos na Tempestade
❄️ Capítulo 27 – Ecos na Tempestade
O frio era brutal.
Mesmo envolto em peles reforçadas e coberto por camadas de energia mágica, Julhian sentia os dedos enrijecerem e o rosto queimar como se o vento carregasse lâminas de gelo. A Zona Zero era silenciosa... mas viva.
A neve caía sem parar. Não como flocos delicados, mas como uma cortina opressora, espessa e branca, que escondia o mundo à sua frente.
Avançava com passos firmes, a katana embainhada em suas costas, os olhos atentos a qualquer movimento. Ele não podia errar. Não agora.
A paisagem ao redor era de geleiras altas, fendas traiçoeiras e estruturas de gelo natural que pareciam formar torres cristalinas no horizonte. Um cenário tão belo quanto ameaçador.
De repente… uma presença.
Julhian parou. De trás de uma elevação gelada, uma silhueta humanoide se moveu lentamente. Seus olhos brilharam em azul gélido. A pele era cinza-pálida, e a criatura usava uma armadura quebrada e um machado feito de ossos congelados.
Julhian sacou sua katana em silêncio, já ofegante pelo esforço. Mas o monstro apenas o observou… e desapareceu na neblina.
— Eles estão me testando... — murmurou Julhian. — Mas eu vou encontrar você, irmão. Nem que eu morra tentando.
Ele seguiu em frente.
Trecho 2 – Mike, Kyouran e Piter
A tempestade era menos densa no sul da Zona Zero, mas ainda assim feroz.
Os três avançavam com foco absoluto. Mike usava portais curtos para reduzir o esforço na neve alta. Piter deslizou pelas trilhas como um vulto veloz, enquanto Kyouran mantinha o grupo escondido com uma névoa envenenada que confundia a percepção térmica dos predadores.
De repente, Piter parou e ergueu a mão.
— Tem algo vindo.
O chão tremeu levemente, e logo, da frente, saíram três guerreiros de gelo. Humanoides, armaduras feitas de cristais gelados, espadas cobertas de neve negra. Os olhos vazios.
— Hostis. — murmurou Kyouran, sacando suas adagas.
Mike respirou fundo.
— Formação triangular. Kyouran, distração. Piter, flanco. Eu cuido do centro.
Sem aviso, os monstros investiram.
O primeiro ergueu a espada gigante em direção a Mike, que desapareceu em um portal. Surgiu atrás do inimigo com a Foice das Sombras em mãos.
— Caçada das Sombras!
Um golpe limpo cortou parte do ombro da criatura, mas ela não caiu. Seu corpo se reconstruiu parcialmente com gelo.
Piter passou correndo como uma flecha, a Lâmina Cortaventos zunindo no ar. — Passo do Vendaval!
Dois cortes diagonais atravessaram o segundo guerreiro, que se estilhaçou contra uma árvore congelada.
O terceiro tentou recuar… mas uma névoa roxa subiu de repente.
— Dança das Mil Agulhas Negras... — sussurrou Kyouran na sombra do inimigo.
As adagas perfuraram a armadura congelada com precisão cirúrgica. O veneno fez o corpo tremer, endurecer... e por fim, colapsar em gelo rachado.
Quando tudo terminou, a neve caiu de novo em silêncio.
— Esses foram apenas sentinelas, — disse Mike, limpando a foice. — Eles estão vigiando a área.
— Devem proteger o castelo... ou alguma entrada secreta, — completou Piter.
— Estamos chegando perto, — disse Kyouran. — Eu consigo sentir...
Mike encarou o horizonte. Ao longe, entre camadas e camadas de nuvens de neve, algo se destacava: uma torre de gelo, como um espinho perfurando o céu.
— Espere por nós, Julhian... estamos chegando.
Continua...