Capítulo– A Queda do Rei da Noite
As nuvens negras giravam em espiral sobre o castelo arruinado. Relâmpagos cortavam o céu como rachaduras nos véus dos deuses. O vento trazia o cheiro de sangue, magia e morte.
No centro do campo de batalha, entre destroços, sombras e corpos caídos, Gustavo, ainda em sua Forma Hidra, permanecia imóvel, seus olhos cintilando em verde ácido. Seu corpo estava envolto por chamas viscosas que ondulavam como serpentes. As escamas da Hidra cobriam sua pele como uma armadura viva. Ao seu redor, suas sombras guerreiras aguardavam em silêncio.
De cima, cortando os céus como um cometa negro, o Rei Vampiro surgiu.
Suas asas membranosas batiam com força suficiente para fazer os escombros tremerem. Ele pousou à frente de Gustavo, emoldurado pelo luar sinistro e com a capa ondulando como a noite em si.
Seus olhos rubros analisaram o oponente, e com um sorriso irônico, ele perguntou:
— Por que ousa invadir meu domínio, inseto? Por que destruiu meu exército? O que você quer?
Gustavo levantou os olhos, frios, firmes como ferro.
— Eu quero a Joia da Vida... Para reviver alguém que perdi.
O rei gargalhou alto. Um som oco e cruel que ecoou como uma sentença.
— Então você veio morrer por um fantasma. Pois se quer essa joia… terá que arrancá-la do meu cadáver!
Gustavo sorriu.
— Era exatamente o que eu esperava.
E o mundo tremeu.
A Batalha dos Titãs
O Rei Vampiro desapareceu em um borrão de sombras, surgindo num piscar de olhos atrás de Gustavo com as garras prontas para perfurar. Mas Gustavo girou, uma das cabeças da Hidra esticando-se e bloqueando o golpe com um jato de ácido incandescente.
— Você é rápido. Mas eu sou inevitável.
— Você fede a desespero, mortal!
O rei recuou e ergueu ambas as mãos, invocando dezenas de lanças negras feitas de sangue cristalizado que dispararam como relâmpagos. Gustavo gritou, e as sombras de seu exército surgiram e absorveram os projéteis com os corpos.
Gustavo avançou.
— Modo Hidra: 100% de Liberação!
Seus olhos brilharam com intensidade, suas veias se iluminaram com energia verde pulsante. As cabeças da Hidra se multiplicaram, rugindo em uníssono, e tentáculos feitos de ácido e escuridão saíam de suas costas.
O Rei Vampiro sorriu, os olhos alucinados.
— Então veja minha verdadeira forma, verme!
Ele ergueu os braços e gritou ao céu.
Seu corpo se deformou, ossos estalando, asas se multiplicando. Chifres retorcidos brotaram, dentes se alongaram, e seu corpo se envolveu em um manto de sangue que se fundiu à pele. Transformou-se em uma criatura ancestral: um arauto da morte, com seis braços, uma coroa de espinhos e olhos por todo o corpo.
— Eu sou o trono eterno da noite! Eu sou o sangue que jamais seca! EU SOU O REI DAS SOMBRAS!
E eles colidiram.
Explosões de magia destruíram os arredores. Círculos mágicos se formavam e se desfaziam. Garras, ácido, lanças de trevas, trovões vermelhos, feitiços de aprisionamento, tudo era lançado e quebrado em segundos.
— Você não passa de um humano com sorte! — rugiu o rei, pressionando Gustavo com uma rajada de energia obscura.
— Eu sou a maldita exceção! — respondeu Gustavo, teletransportando-se para trás do rei com seu Portal Sombrio, e cravando suas lâminas em duas asas.
O rei gritou e retaliou, mordendo uma das cabeças da Hidra. Gustavo explodiu a própria carne ácida contra o monstro.
As provocações continuavam:
— Você perdeu seu reino, rei. Agora vai perder sua cabeça.
— Se eu cair... levarei você comigo!!
Mas não foi o que aconteceu.
Depois de uma explosão final, uma última troca brutal de golpes, Gustavo atravessou o peito do rei com sua espada, carregada com magia ácida e sombra pura. O corpo do Rei Vampiro desabou.
Ele estava no chão, cuspindo sangue, o olhar vazio.
— P-por favor… p-poupe minha vida… eu… posso lhe dar poder… riquez—
— Já tenho poder. — Gustavo respondeu frio, sem emoção. — E você... já teve sua chance.
Com um corte limpo, decapitou o Rei Vampiro.
A Joia da Vida
Com o campo silencioso e os ecos da batalha ainda vibrando nas paredes quebradas, Gustavo caminhou lentamente até o trono em ruínas. Empurrou destroços, afastou teias de sangue e poeira.
Ali estava ela.
Uma joia vermelha em forma de coração, pulsando levemente, como se ainda estivesse viva.
Gustavo a pegou. Na mesma hora, sua forma Hidra começou a se dissipar. A Hidra, agora novamente em sua forma miniatura, apareceu em seu ombro.
Ela olhou para a joia, depois para o céu... e empalideceu.
— M-mestre… algo... algo está nos observando...
Gustavo arqueou a sobrancelha.
— O quê?
A Hidra tremia.
— Os deuses… eles estão nos observando.
Gustavo olhou para o alto.
No céu, entre as nuvens, olhos de luz e sombra se formavam. Presenças cósmicas que pressionavam a realidade como se pudessem esmagar montanhas com o olhar.
E então, com um sorriso, Gustavo apontou o dedo para o céu.
— Testemunhem, seus merdas.
— O que um mero humano é capaz de fazer.
— Vocês serão os próximos.