67 - O Frio da morte

Sekiro avançou na direção do portal, sua katana quebrada em mãos, mesmo assim pronto para perseguir Eclipse. No entanto, antes que pudesse atravessar, Charlotte se colocou à sua frente, bloqueando sua passagem.

"Esqueça ele, Sekiro!" Sua voz era firme, autoritária, carregada de uma preocupação que não permitia questionamentos. "Precisamos ajudar meu irmão antes que esse modo destrua seu corpo!"

Sekiro parou, cerrando os punhos. Ele queria lutar, queria impedir Eclipse de escapar, mas ao olhar para Astracar, percebeu a gravidade da situação.

Astracar não era mais ele mesmo.

Seus olhos, antes cheios de vontade e determinação, agora eram apenas poços brancos de destruição irracional. Seu corpo exalava uma radiação incandescente, os chifres e a cauda de chamas negras tremulando como espectros furiosos. Cada passo que dava fazia o chão abaixo se partir e queimar.

Charlotte ergueu as mãos e invocou seu gelo. Lanças cristalinas de frio extremo dispararam contra Astracar, mas assim que tocaram sua pele, derreteram instantaneamente, transformando-se em vapor.

Sekiro observou a cena com um olhar distante.

Ele entendeu o que precisava ser feito.

Com um suspiro pesado, levou a mão ao peito e, num movimento brutal, afundou os dedos na própria carne.

Um brilho espectral iluminou seu torso, e então, Sekiro arrancou seu próprio núcleo.

Charlotte arregalou os olhos, surpresa e alarmada.

Antes que pudesse protestar, Sekiro estendeu o núcleo para ela, sua expressão serena, mas resoluta.

"Char, use meu núcleo como base para potencializar o resfriamento. Afinal, a energia da morte carrega o frio da própria morte."

Charlotte hesitou, seu coração pesando. Ela sabia o que aquilo significava.

Perder o núcleo significava perder metade de sua força. Sekiro não desapareceria, mas se tornaria mais fraco, vulnerável.

"Essa é mesmo a única solução?"

Mas ao olhar para Astracar, completamente fora de controle, soube que não havia outra escolha.

Com um movimento rápido e preciso, partiu o núcleo ao meio.

"Metade deve ser o suficiente. Afinal, eu estou aqui!"

O Frio da Morte

Charlotte acoplou o fragmento do núcleo à empunhadura de sua espada grande, transformando-a em um catalisador absoluto de frio.

A lâmina, antes afiada e impiedosa, agora pulsava com uma energia gélida roxa, tão intensa que o próprio ar ao redor começou a cristalizar.

"Durma, irmão."

Ela ergueu a espada e desferiu um único golpe no ar.

Dessa lâmina, uma onda de gelo roxo se espalhou como um vendaval sobrenatural, avançando sobre Astracar. O frio extremo sufocou a radiação incandescente, domando sua fúria abrasadora.

Os chifres de chamas negras começaram a desaparecer.

Sua cauda se desfez em partículas de luz.

Seus olhos, antes vazios e monstruosos, recuperaram a consciência.

E então, Astracar desmaiou.

Charlotte o segurou nos braços, com o máximo de delicadeza que pôde, como se o toque fosse suficiente para protegê-lo.

Sekiro caiu de joelhos, sentindo o vazio onde antes estava seu núcleo.

" Tsc... só o tempo para eu me recuperar." Ele murmurou, cerrando os dentes.

Charlotte suspirou, olhando para o irmão inconsciente. Um misto de alívio e exasperação cruzou seu rosto.

" Irmão, você é muito inconsequente."

Ela então ergueu voo, atravessando os céus, seguindo rumo ao Império do Sol e Lua.

A Chegada ao Império Sol e Lua

As nuvens se abriram conforme Charlotte se aproximava do coração de seu império.

O Palácio Celestial do Sol e Lua resplandecia abaixo dela, suas torres douradas refletindo os últimos raios do sol poente, enquanto a luz prateada da lua emergia no horizonte. Era uma fusão perfeita entre o dia e a noite.

Sentinelas dourados e prateados, guardiões do Império, ergueram seus olhares ao céu, surpresos ao verem sua Imperatriz carregando Astracar.

Eleonora e declina estavam no topo do palácio, esperando ansiosas. Assim que avistaram Charlotte, seus olhos se arregalaram de choque.

" Imperatriz" Eleonora falou, já correndo para recebê-la."

Charlotte pousou suavemente, ainda segurando Astracar. Com um gesto, ordenou que os curandeiros reais se aproximassem.

" Levem-no para a câmara de recuperação. Agora."

Os sacerdotes e médicos do palácio se apressaram, carregando Astracar com todo o cuidado possível.

Declina se aproximou, seus olhos cheios de perguntas.

"O que aconteceu lá?"

Charlotte respirou fundo, ainda sentindo o peso da batalha. Seus olhos brilharam com determinação.

"O início de uma guerra.