Sekiro caminhava ao lado de Charlotte, sentindo o peso da decisão que tomara. Seu núcleo ainda estava incompleto, e a ausência da sua força total era algo que ele notava a cada passo. Mesmo assim, ele não se arrependia.
O corredor da fortaleza estava diferente. A estrutura havia mudado. As paredes de ouro polido agora tinham tons mais escuros, refletindo uma transição entre o dia e a noite. O chão era adornado com tapetes luxuosos, e os brasões do Sol e da Lua brilhavam sutilmente com a luz das tochas azuis e douradas.
Do lado de fora, o anoitecer caía sobre a cidade. Pelas enormes janelas da fortaleza, era possível ver as luzes douradas das ruas se acendendo, iluminando os templos, mercados e casas. A cidade pulsava com vida, refletindo a grandiosidade do império.
Charlotte parou diante de uma grande janela de vidro negro, observando a cidade abaixo. Seu olhar era sério, calculista.
Sekiro manteve-se em silêncio, esperando que ela falasse primeiro.
Então, sem desviar os olhos da paisagem, Charlotte quebrou o silêncio:
" Sekiro… você realmente vê meu irmão como seu soberano?"
Havia um peso naquelas palavras. Um teste, talvez.
Sekiro não hesitou. Ele olhou diretamente para Charlotte, sua expressão firme.
" Sim."
Um único palavra, dita com total certeza.
Charlotte finalmente se virou para ele, encarando-o de frente. Seus olhos analisavam cada detalhe de sua postura.
" Por quê?"
Ela questionou, sua voz carregando mais do que simples curiosidade. Havia algo a mais ali.
Sekiro permaneceu em silêncio por um instante. A pergunta de Charlotte ecoou dentro dele. "Por quê?"
Ele poderia simplesmente responder que Astracar lhe mostrou um novo caminho, um novo propósito. Mas havia algo mais profundo ali. Algo que ele ainda não havia colocado em palavras.
Ele desviou o olhar para a cidade iluminada abaixo. As ruas eram banhadas por lanternas douradas, e as sombras da noite se misturavam com a luz da lua. Era um equilíbrio perfeito entre o dia e a noite, entre o calor e o frio.
" No início, achei que seguir Astracar fosse apenas um caminho que escolhi."
Sua voz era calma, mas carregava um peso interno.
"Mas agora percebo que não é apenas uma escolha… é um laço."
Charlotte cruzou os braços, mantendo-se em silêncio. Ela queria ouvir mais.
Sekiro respirou fundo.
"Quando eu me tornei seu cavaleiro, achei que minha força era o suficiente. Achei que proteger significava apenas cortar meus inimigos."
Ele fechou os olhos por um momento, recordando cada batalha ao lado de Astracar. Cada golpe. Cada sacrifício.
"Mas quando o vi caindo para seu próprio poder… quando percebi que ele estava se destruindo… eu entendi."
Ele abriu os olhos novamente, olhando diretamente para Charlotte.
"Ser a lâmina de um soberano não é apenas lutar por ele."
Charlotte manteve sua expressão séria, mas algo em seus olhos brilhou levemente.
"Então o que é?"
Sekiro olhou para sua própria mão, sentindo a falta da força total que já teve. Sentindo a ausência do seu núcleo completo.
"É saber quando cortar e quando segurar a lâmina."
Ele disse lentamente.
"É entender quando proteger significa atacar… e quando significa sacrificar."
Ele fechou a mão em um punho.
"Hoje, eu me tornei mais do que uma lâmina para Astracar."
Sua voz era firme. "Hoje, eu entendi que ser a espada de um soberano significa estar pronto para dar sua própria essência… para que ele continue a reinar."
Charlotte sorriu de leve. Não um sorriso de alegria, mas de aprovação.
"Você entendeu rápido."
Sekiro ergueu o olhar.
"Isso quer dizer que me aceita ao lado dele?"
Charlotte deu um passo à frente, se aproximando. O brilho da lua refletia em seus olhos Azuis enquanto ela o analisava mais uma vez.
"Se você está disposto a carregar esse fardo… então sim."
Sua voz era imponente, como a de uma verdadeira soberana.
Ela então olhou para o céu, onde a lua brilhava intensamente sobre o Império do Sol e Lua.
"Mas lembre-se, Sekiro…"
Ela voltou o olhar para ele, a intensidade de sua presença dominando o momento.
"Uma lâmina que não sabe quando parar pode se tornar tão perigosa quanto aquela que ela jurou proteger."
Sekiro assentiu, sentindo a verdade daquelas palavras.
Charlotte então se virou e começou a caminhar pelos corredores.
Sekiro e Charlotte avançaram pelos corredores iluminados por tochas mágicas até pararem diante de um enorme portão feito de mithril puro. O metal reluzia sob a luz bruxuleante, exibindo uma superfície cravejada de runas douradas e inscrições arcanas que pulsavam com uma energia ancestral. Gravadas com precisão impecável, as runas fluíam em padrões complexos, reforçando a segurança mágica do local.
Sekiro franziu a testa, observando a porta imponente, sentindo a força das proteções que a selavam. Ele podia perceber que aquilo não era uma simples barreira física, havia encantamentos antigos entrelaçados à estrutura, dificultando qualquer tentativa de violação.
Sem esconder sua curiosidade, ele perguntou:
"Onde estamos?"
Charlotte sorriu de canto, seus olhos brilhando com um ar de mistério. Com um movimento ágil e preciso, ela ergueu as mãos e executou uma sequência de sinais quase imperceptíveis. As runas na porta brilharam intensamente por um breve momento, antes de começarem a se reorganizar, desmontando as camadas de feitiços de proteção como um mecanismo intrincado se destravando.
Um som grave ecoou pelo corredor quando o portão começou a se abrir lentamente, revelando o interior dos cofres. O espaço além da porta era vasto, com estantes douradas e pedestais de pedra negra, onde repousavam itens raros e poderosos. Luzes mágicas pairavam no ar, iluminando o local com um brilho etéreo. O cheiro de pergaminhos antigos e metal encantado misturava-se ao ar carregado de magia.
Charlotte caminhou com confiança entre os artefatos, seus olhos analisando os tesouros conquistados por seus capitães. Seu sorriso se alargou ao avistar algo no fundo da sala.
"Achei!"
Ela puxou um objeto envolto em um pano escuro, retirando a cobertura com um movimento rápido. O que estava diante de Sekiro reluzia com um poder peculiar, algo que definitivamente não era comum.
"Isso pode ser útil para você" disse Charlotte, seu tom carregado de expectativa.
Sekiro estreitou os olhos, sentindo a energia emanando do objeto. O que seria aquilo?