Parada de costas para a parede, Mayumi olhava atentamente para Naoya com um olhar assustado. Naoya estava de cabeça baixa. Ela sentiu seu coração acelerar, pois era a primeira vez que ela se via presa contra a parede. Seus pensamentos estavam frenéticos, pois a cena que ela via em mangás e sempre sonhou estava finalmente acontecendo com ela.
O silêncio entre eles era palpável. Mayumi não sabia se devia falar ou esperar. Seu corpo estava tenso, e cada segundo parecia uma eternidade. Naoya finalmente levantou a cabeça, seus olhos encontrando os dela. Havia uma intensidade em seu olhar que a deixou ainda mais nervosa.
— Mayumi — ele disse em um tom baixo e sério — precisamos conversar.
Ela engoliu seco, sem saber o que esperar.
— Sobre o quê? — perguntou, tentando manter a voz firme, mas falhando miseravelmente.
— Sobre nós.
A resposta dele foi simples, mas carregada de significado. O coração de Mayumi bateu mais rápido ainda, e ela sentiu suas bochechas esquentarem. O que ele queria dizer com —nós?— Eles mal tinham trocado palavras antes daquele momento.
Naoya deu um passo à frente, diminuindo a distância entre eles. Ela sentiu a respiração dele tão próxima que parecia que ele podia ouvir o som acelerado do coração dela.
— Eu... Posso explicar, Mayumi. Eu não quero mais esconder isso.
Ela piscou, surpresa. Os pensamentos frenéticos em sua mente de repente cessaram, substituídos por uma confusão que ela mal conseguia compreender.
— Explicar sobre o quê? — perguntou com uma confusão aparente.
— Sobre a garota no cinema. — ele respondeu, uma expressão séria apareceu em seu rosto.
— Você vai poder me ouvir?
Mayumi sentiu seu rosto corar ainda mais, mas encontrou coragem para responder.
— Eu estou pronta para ouvir a explicação, Naoya. Quem é aquela garota?
Os olhos de Naoya se iluminaram com a resposta dela, e ele se aproximou mais, segurando suavemente a mão dela.
— Aquela garota é…
Quando Naoya começou a falar, Mayumi se desesperou explodindo em sentimentos que ela não entendia.
— Espere, pensando melhor, eu não estou pronta para ouvir o que você tem a me dizer. Espere até eu estar pronta.
Ao ouvir aquelas palavras, Naoya se calou. Ele estava confuso por Mayumi ter parado de falar e não ter permitido que ele se explicasse, mas não insistiu. Mayumi se aproximou e, sem dizer nada, o abraçou. Envolvida pelos braços dele, ela podia sentir o calor entre seus corpos e ouvir o coração acelerado de Naoya, que ecoava o ritmo frenético do dela.
Os dois permaneceram assim, em silêncio, sem conseguirem dizer uma palavra um ao outro. Naquele abraço, todas as dúvidas, medos e inseguranças pareciam se dissipar, ainda que por um breve momento. Naoya fechou os olhos, permitindo-se sentir a presença de Mayumi, sentindo que, apesar da confusão, havia algo poderoso e inexplicável os unindo.
Mayumi, por sua vez, se segurava firme, como se temesse que qualquer movimento pudesse quebrar a magia daquele instante. Finalmente, ela sentiu que poderia falar.
— Naoya — sussurrou, quase como um pensamento em voz alta — me desculpe por não ter deixado você falar. Eu estava... com medo.
Naoya, ainda segurando-a, murmurou de volta.
— Está tudo bem, Mayumi. Eu também estava com medo. Medo de estragar tudo.
Ela recuou ligeiramente, apenas o suficiente para olhar nos olhos dele.
— Acho que estamos bem agora — disse, com um sorriso tímido.
— Vamos tentar ser mais honestos um com o outro, sem medo.
Ele sorriu de volta, um sorriso sincero que fez o coração dela se aquecer ainda mais.
— Sim, vamos — concordou, apertando suavemente as mãos dela.
Ela então inclinou levemente a cabeça para o alto, encontrando os olhos de Naoya. Ele sentiu suas bochechas esquentarem enquanto olhava para os lábios de Mayumi, quase hipnotizado. Com uma mão, ele segurou delicadamente o queixo dela e se aproximou lentamente, os lábios quase tocando os dela. A centímetros de distância, ouviram batidas na porta.
Naoya estava prestes a recuar, mas Mayumi o segurou pelo rosto e o beijou. Aquele beijo fez com que os corações dos dois batessem em sincronia, e a tensão e o nervosismo aos poucos se dissiparam. Após o beijo, eles se abraçaram, permanecendo assim por alguns minutos, sem se olharem, deixando apenas as batidas de seus corações ressoarem no silêncio.
O mundo ao redor parecia ter desaparecido, e naquele instante, nada mais importava além do calor e da conexão entre eles. Eventualmente, as batidas na porta tornaram-se mais insistentes, mas ainda assim, eles permaneceram abraçados, absorvendo o conforto e a segurança que encontraram um no outro.
Eventualmente, as batidas na porta tornaram-se mais insistentes, quebrando o encanto do momento. Mayumi e Naoya se afastaram lentamente, ainda segurando as mãos um do outro, trocando olhares que diziam mais do que qualquer palavra poderia expressar. Relutantemente, Naoya se virou e caminhou até a porta, abrindo-a para revelar um agente do governo, visivelmente impaciente.
— Vocês dois! Estão bem? A sessão já começou há alguns minutos — disse o agente, franzindo a testa.
Naoya trocou um olhar rápido com Mayumi antes de responder.
— Sim, estamos indo. Obrigado por avisar.
Mayumi deu um passo à frente, ainda sentindo a emoção do momento anterior.
—Vamos, Naoya — disse suavemente, sorrindo para ele.
Eles seguiram pelo corredor do acampamento de casais juntos, seus passos sincronizados. O silêncio entre eles agora era confortável, uma espécie de pacto não verbal de que, independentemente do que acontecesse, eles tinham um ao outro. Ao se aproximarem da área de atividades, Naoya deu uma última olhada para Mayumi, seu sorriso refletindo a nova conexão que haviam compartilhado.
Ao entrarem no auditório, o coordenador do acampamento lançou um olhar severo, mas antes que ele pudesse dizer algo, Mayumi e Naoya rapidamente se desculparam e se dirigiram aos seus lugares. Sentaram-se próximos um do outro, e enquanto a sessão prosseguia, eles trocavam olhares furtivos e sorrisos discretos, sentindo-se mais conectados do que nunca.
Naquele dia, enquanto a programação do acampamento seguia seu curso normal, Mayumi e Naoya sabiam que algo fundamental havia mudado entre eles. Havia uma nova energia, uma promessa silenciosa de que iriam explorar juntos aquele novo sentimento, deixando que cada momento os guiasse, sem pressa, mas com a certeza de que estavam no caminho certo.
Enquanto Mayumi estava deitada na cama, uma notificação chegou no celular de Naoya. Ela segurou o celular em mãos.
— Naoya, chegou uma mensagem para você.
— Estou no banho, olha quem é pra mim.
Mayumi pegou o celular de Naoya e viu que era uma mensagem de um número desconhecido. Relutante, decidiu abri-la, justificando para si mesma que estava apenas fazendo o que Naoya pediu. A mensagem dizia:
"Nao-kun, faz tanto tempo que não nos vemos, vamos marcar de sair em um encontro juntos? Estou ansiosa para cumprir a nossa promessa. – Naomi"
Imediatamente, um sentimento de ciúmes tomou conta de Mayumi. Quem era essa Naomi, e que promessa era essa? Sentindo-se insegura e possessiva, ela tomou uma decisão impulsiva. Escondeu o celular de Naoya debaixo do travesseiro e, quando ele saiu do banho, perguntou:
— Era alguém mandando mensagem?
Mayumi forçou um sorriso e respondeu, tentando parecer despreocupada:
— Não, não era ninguém importante.
Mayumi tentou controlar as lágrimas, mas a dor e a dúvida eram avassaladoras. Seu coração estava dividido entre a confiança que tinha em Naoya e o medo de ser traída. Ela sabia que precisava entender o que estava acontecendo, mas também temia o que poderia descobrir.
Depois de alguns minutos, respirou fundo, enxugou o rosto e voltou para o quarto. Tentando parecer calma, ela se aproximou do celular de Naoya, ainda debaixo do travesseiro onde havia escondido. Com mãos trêmulas, ela desbloqueou a tela novamente e releu a mensagem de Naomi.
"Nao-kun, faz tanto tempo que não nos vemos, vamos marcar de sair em um encontro juntos? Estou ansiosa para cumprir a nossa promessa. – Naomi"
A mensagem soava tão íntima, tão cheia de história que Mayumi desconhecia. Ela acreditava que ele poderia estar traindo ela, mas primeiro, precisava ouvir sua explicação. Guardou o celular de volta no lugar e se sentou na cama, tentando compor-se.
Quando Naoya saiu do banheiro, ele percebeu a expressão séria no rosto de Mayumi. Preocupado, se aproximou.
— Mayumi, está tudo bem?
Ela levantou os olhos, tentando manter a voz firme.
— Sim, estou bem. Não é nada.
Naoya olhou para ela por um momento, hesitou, mas acabou aceitando a resposta.
— Tudo bem, se precisar de algo, estou aqui.
Mayumi apenas assentiu, tentando esconder o turbilhão de emoções que sentia por dentro. Ela sabia que precisava descobrir mais sobre Naomi, mas, por enquanto, guardaria suas suspeitas para si mesma.
No dia seguinte, os pais de Naoya vieram buscar o casal. Mayumi aparentava não ter descansado o suficiente; suas olheiras eram visíveis, o que preocupava Naoya, pois ela estava agindo estranho desde a noite passada.
Enquanto viajavam de volta para casa, Mayumi, vencida pelo sono, encostou sua cabeça sobre o ombro de Naoya, que se assustou com a súbita atitude dela. Ele ficou paralisado por um momento, sem saber como reagir. Olhando para ela, percebeu a expressão cansada e vulnerável que há muito tempo não via.
— Você está bem, Mayumi? — perguntou ele, em um sussurro, tentando não acordá-la.
Mayumi não respondeu, apenas se aconchegou ainda mais. Naoya, hesitante, passou um braço ao redor dela, proporcionando-lhe um pouco mais de conforto durante a viagem. Ele sabia que algo estava incomodando Mayumi e, apesar de sua própria preocupação, decidiu esperar até que ela estivesse pronta para falar sobre isso.
Deitada sobre o colo de Naoya, Mayumi dormia confortavelmente. Hesitante, ele colocou sua mão sobre a cabeça dela e começou a acariciá-la suavemente.
— Naoya… eu não sou… o suficiente? — murmurou Mayumi em meio ao sono, sua voz carregada de insegurança.
Ao ouvir aquelas palavras, Naoya paralisou. Um pequeno sorriso, acompanhado de uma preocupação crescente, surgiu em seu rosto. Ele se inclinou um pouco mais, tentando acalmar a ansiedade dela sem acordá-la completamente.
— Então era isso que você estava tão preocupada? — Naoya murmurou para si mesmo, compreendendo um pouco mais do que se passava na mente de Mayumi. Com um suspiro, ele continuou a acariciar sua cabeça, determinado a mostrar a ela, com gestos e palavras, que ela era mais do que suficiente para ele.