Midoki tinha um plano. Usar aquela Lei poderia custar-lhe toda a energia espiritual que acumulou nos últimos dois meses. Da última vez, ele perdeu anos de energia armazenada.
Elyra se aproximou, confusa.
- Elyra: "Midoki, do que você está falando?"
Ele lançou-lhe um olhar breve antes de responder.
- Midoki: "Você não saberia... Naquela época, estava sob o controle de Thaldirur. Eu usei uma das Leis do Shinrei para voltar alguns minutos no tempo, mas foi no instinto de puro ódio."
Elyra e os outros se entreolharam, surpresos.
- Elliot: "Você pode fazer isso?!" - Exclamou.
- Midoki: "Sim." - Assentiu. - "Mas desta vez, não voltarei no tempo... apenas o pararei."
Astaroth estreitou os olhos.
- Astaroth: "Está blefando..." - Ele murmurou.
Antes que Midoki pudesse responder, Astaroth apareceu atrás dele, golpeando-o brutalmente e arremessando-o para longe. Sem dar brechas, o Geulim o seguiu com mais ataques consecutivos, impedindo qualquer reação.
Midoki foi lançado para uma área mais aberta. Respirou fundo, seu corpo já marcado pelos impactos. Então, com um movimento ágil, invocou sua katana, Shinrei Sogai-zai, e cravou-a no chão.
- Midoki: "Lei do Manipulacionismo - Tempo."
O tempo parou.
Astaroth congelou no meio do movimento, seus olhos ainda brilhando com energia distorcida. Midoki aproximou-se dele, estudando cada detalhe de seu inimigo.
- Midoki: "Bem... basta eu te golpear até te desgastar, forçando-o a usar essa habilidade da ampulheta repetidamente, até que você drene completamente sua vida. Não é mesmo?" - Sussurrou.
Shinrei Sogai-zai - Shinrei Zetsudan.
Astaroth foi destroçado, forçado a utilizar a Rotação do Tempo Fraturado pelo menos umas 17 vezes. Agora, exausto e visivelmente mais velho, até mesmo Aglozz sentia nojo de sua condição. Sem forças para usar suas habilidades, Astaroth ouviu Midoki perguntar se Aglozz queria vingança pelos amigos e goblins mortos. O goblin derramou lágrimas e massacrou o Geulim, deixando apenas sua cabeça e tórax. Mesmo ele, um ser de poucas emoções, não podia negar o peso da cena.
Sem forças para usar suas habilidades, Astaroth gemeu, se arrastando para falar, seu tom carregado de arrependimento. Ele disse que, se os geulins criados por Stolas tivessem uma alma verdadeira ou se sua raça tivesse um propósito diferente, talvez as coisas tivessem sido diferentes.
Midoki se irritou, mas o Geulim continuou, revelando que Lúcifer nunca teve a intenção de prejudicar outras raças além dos humanos e dos deuses. Antes de morrer, revelou que Stolas manipulava os generais para caçarem outras espécies e realizarem experimentos que beneficiassem Lúcifer, sem que o próprio soubesse. No entanto, alguns generais fugiram ou lutavam sem nenhum interesse em guerrear contra humanos ou outras raças.
- Astaroth: "HYO. Se encontrarem Ardat Lili, por favor, aquela criança, guiem-na para o caminho correto... é o pedido de alguém que não tem alma e já não possui salvação..."
Belphegor, surpreso ao ouvir o nome Ardat Lili, tentou interrogar Astaroth, mas já era tarde.
Naquele momento final, graças à habilidade de Geul, "Visão dos Mortos", que fazia parte da fusão, Aglozz pôde ver cada goblin que morreu naquela floresta se despedir e agradecer.
Edwald, Edyna, o pequeno Teldd, Pyus, Zetsar, Urong, Ggjin, Focyi, Bern, Jimppy, Doczar, Vikm, Shwar e muitas outras almas estavam espalhadas ao fundo, observando em silêncio.
- Aglozz: "Por favor... me perdoem por não sermos fortes o suficiente para proteger vocês. Eu espero que possam descansar em paz." - As almas sorriram, como se Aglozz não tivesse culpa, mas elas não podiam ir embora.
(Isso devido ao colapso do Limbo, que aconteceu no capítulo 30.8.)
Ele havia vencido, mas a vitória parecia vazia. O sacrifício, a dor, o remorso... Tudo se misturava em um turbilhão de emoções que ele mal conseguia processar.
Os olhos das almas, embora sem vida, estavam cheios de uma paz silenciosa, mesmo que não pudessem descansar. Aglozz, tocado, mas com a mandíbula tensa, observou a cena, sentindo o peso do sacrifício. A despedida deles era a única coisa que poderia trazer algum alívio para seu coração, mas isso não apagava a dor. Então, todas as almas desapareceram pela floresta.
Midoki se manteve em silêncio, o peso de suas ações finalmente começando a atingir sua consciência. Ele havia destruído Astaroth, mas será que era realmente isso que queria? Nunca sentiu que Astaroth fosse realmente mal, mas sabia que as decisões dele eram influenciadas por sua triste origem.
A presença das Almas de Goblins ao fundo parecia ter sido um lembrete de que, mesmo em meio à destruição, havia algo além da luta. Algo humano, algo que ele, como uma entidade transcendental, talvez nunca pudesse entender completamente.