O capítulo se inicia com o eco desesperado da voz de Malcon Bedivere cortando as vielas em ruínas da vila.
- Malcon: "Rápido! Ajudem quem ainda está respirando!" - Bradou ele, o suor misturado à poeira e ao sangue. Seus olhos varriam o caos enquanto buscava qualquer sinal de vida sob os escombros.
A narrativa mergulha em um flashback breve, mas poderoso:
*Flashback:*
Midoki, com os olhos semicerrados, encara o horizonte. Na vila, diversos Trolls atacam as pessoas.
- Midoki: "Eu vou atrás de Tristão. Vocês cuidem das pessoas, salvem quem puderem." - Disse, sem desviar o olhar, como se já pressentisse o que o esperava.
Malcon assentiu com relutância.
- Malcon: "Só não morra antes de resolver isso." - Sua voz era firme, mas havia ali uma centelha de preocupação.
O flashback se desfaz como poeira ao vento.
*Fim do Flashback*
De volta ao presente, Malcon caminha com passos pesados, até que para abruptamente. Seus olhos fixam-se em uma cena desconcertante:
- Malcon: "Mas que diabos você fez com essa criança... você... é um vampiro?" - Sua voz sai entre a incredulidade e a raiva contida.
A criança jazia ao chão, o pequeno corpo ainda quente. Havia uma marca roxa de mordida no pescoço. Tristão, com os dentes tingidos de vermelho, mantinha-se em silêncio, encarando o nada. Um silêncio que gritava mais do que qualquer palavra.
Malcon corre até a criança e, num ato instintivo, começa a enfaixar o pescoço ferido. Enquanto derrama um líquido curativo sobre a ferida, sussurra:
- Malcon: "Aguente firme, pequenina... você vai ficar bem..."
Tristão cambaleia ao se erguer, uma das mãos apertando o ombro deslocado. Seu corpo estava ferido, mas seu semblante... era o de alguém despedaçado por dentro.
Malcon saca sua espada e a aponta para Tristão.
- Malcon: "Diga uma razão, só uma, pra eu não acabar com isso agora."
Mas antes que qualquer lâmina tocasse o ar, a criança murmura:
- Criança: "Nã-não... o Senhor Tri-Tristão... só me protegeu..." - E desmaia logo em seguida.
O silêncio caiu com peso.
Malcon abaixa sua espada lentamente.
- Malcon: "Tudo bem... Mas acho que agora é hora de resolver as coisas, não?"
Tristão vira-se com dificuldade.
- Tristão: "Eu pensei que tinha dito para irem embora..."
- Malcon: "Você sabe que eu não deixaria você lutar sozinho, meu amigo." - Respondeu Malcon com um sorriso breve e sincero.
Os olhos de Tristão vacilaram por um momento. Uma tristeza contida vibrava por trás da máscara endurecida pelo ódio.
- Tristão: "Se ele não tivesse trazido o Necronomicon, essa guerra não estaria acontecendo nessa escala."
Malcon cruzou os braços.
- Malcon: "Não é verdade. Poderia estar muito pior. Arthur não vai parar enquanto o Caos consumir a alma dele. Começou com demônios... e agora qualquer ser vivo que não esteja aliado, é um alvo. Escute o que eu digo, se o que está escrito naquele grimório for real... tudo que a reencarnação de seu prórpio pai leu naquele grimório, for real... o Caos não vai parar. Vai consumir tudo que respira. Tudo que se move."
As palavras perfuraram o silêncio entre eles como agulhas afiadas. Tristão nada disse, mas seus olhos estavam úmidos. Aquilo o tocou.
- Malcon: "Você pode ter perdido o Melyadus..." - Disse Malcon suavemente. - "Mas ainda pode honrar o que ele defendia. Então... acho que é hora de irmos até ela e recuperar aquele grimório, amigo."
Tristão inspira fundo.
- Tristão: "Muito bem... então bora, companheiro."
A cena muda.
Midoki encara Morgana. Seu corpo parece ser esmagado por uma força invisível. Um poder sufocante, absoluto.
- Morgana: "Isso é uma fração da Ordem..." - Disse Morgana, os olhos como lâminas frias. - "Se vocês acham que Arthur é invencível com o Caos, então saibam... eu também sou. Afinal, este poder é o oposto ao dele."
Midoki cerra os dentes, sentindo cada célula de seu corpo ser pressionada por aquela energia avassaladora.
- Midoki: "Droga... não faço ideia do que tu tá falando, mulher... mas não importa... esse seu poder, aposto que você não sabe controlar direito..."
Morgana sorri. Um sorriso que não traz alegria. Apenas escárnio.
- Morgana: "Controlar? Eu não preciso controlar... basta eu drenar tudo o que ele tem... e transformar em meu poder."
Midoki pensa, a mente fervilhando em meio à dor:
- Midoki (pensando): "Se minha teoria estiver certa... a Fonte do Caos é compatível com Arthur, como se ele tivesse sido escolhido. Meu poder, o Shinrei da Eminência, também é compatível comigo, afinal... eu nasci da vontade dele. Mas a Morgana... não. A Ordem não a escolheu. Ela está apenas drenando. Ainda tenho uma chance... mas como derrotá-la?
Morgana observa com superioridade enquanto a pressão aumenta. Midoki, entre um suspiro e outro, ativa Lei Manipulacionismo - Espaço e Tempo. O mundo congela por um instante. Ele rasga o espaço, surgindo no ar atrás dela. Mas o tempo retorna cedo demais.
Morgana sorri e gira, como se já o esperasse. Com um gesto, dispara a Névoa da Escuridão. A fumaça púrpura e densa avança como uma entidade viva, prestes a engolir Midoki por completo.
O céu foi tomado por uma escuridão opaca e silenciosa. O som dos pássaros calou-se. A brisa cessou. E, onde antes o sol brilhava com força sobre as árvores de Lunareth, agora pairava apenas um negrume espesso, viscoso como tinta, denso como o próprio silêncio da morte.
Midoki, ainda com o rosto parcialmente iluminado por restos de luz que atravessavam a sombra crescente, estreitou os olhos. A névoa parecia ganhar vida. As árvores dançavam num balé sem música, guiadas pela presença opressora de Morgana.
A névoa da escuridão se estendeu em círculos, e logo ataques partiram de todos os lados. Lâminas de trevas, técnicas fragmentadas e ecos de vozes distorcidas sussurravam em sua mente.
- Midoki: "Eu não sei o que você quer com o Necronomicon." - Disse Midoki, girando Seirō Shinkami em círculos defensivos. - "Mas... você não era assim antes. Você me deixou viver, não se lembra?"
A resposta veio da névoa, com uma voz envolta em sarcasmo doce.
- Morgana: "Ah, não confunda um ato de misericórdia com bondade, garoto... eu só te deixei viver porque você poderia se tornar um homem forte... só isso."
Midoki cravou os pés no chão, rugindo contra a pressão que se acumulava sobre seus ombros.
- Midoki: "Mas e quanto ao Merlin? Se você o ama... não seria a melhor hora para parar com isso?"
Um sorriso invisível se formou nas sombras, carregado de orgulho.
- Morgana: "Eu já não preciso mais do amor daquele velho estúpido... eu já consegui conquistar a Ordem... e com ela, eu posso reorganizar as escrituras para finalmente entender este grimório... e então, eu irei romper a barreira do Abismo e obter um poder ainda maior, talvez ao ponto que eu consiga superar o Caos..."
Midoki recuou um passo.
- Midoki (pensando): "Abismo...? Mas do que raios ela tá falando...?"
Mas não havia mais tempo para dúvidas. Morgana surgiu, etérea e com os olhos cheios de vazio. Ela ergueu o Cajado do Vazio e desferiu um "Eclipse Spiral". Midoki desviou por pouco, ativando o Modo Manifestar, sua aura espiritual azul se expandindo em forma lupina, os olhos irradiando energia pura.
- Midoki: "Wolf Breaker!" - Rugiu Midoki, avançando com uma sequência de socos e garras de energia espiritual que explodiam em círculos concêntricos. - "Bem, esse modo não está tão poderoso, quanto do meu corpo original, mas vai dar pra aguentar."
Morgana fundiu-se novamente à névoa. Do alto, lançou um Oblívio Sombrio, técnica que curvou o espaço e fez Midoki cair de joelhos momentaneamente. Ele ativou a Seirō Shinkami - Seirō Raijin, e relâmpagos cortaram o céu escuro, revelando por segundos o rosto sinistro da bruxa flutuando acima.
- Morgana: "Você luta bem... Mas ainda é jovem demais para entender a natureza dos meus poderes." - Sussurrou ela, fazendo o Noctis Vermis - Devaneio Púrpura invadir a mente de Midoki. Ele se viu diante de uma visão distorcida de Malcon morto, Merlin ajoelhado e Tristão reduzido a pó.
Mas Midoki mordeu os lábios, o sangue caindo no chão.
- Midoki: "ISSO NÃO É REAL!" - Rugiu, ativando Lei Potencialismo - Ressonância, expandindo sua energia espiritual como uma muralha viva. A ilusão se fragmentou em cristais sombrios.
- Midoki: "Shinrei Sogai-zai - Kami Kudaki!" - Bradou, golpeando diretamente o ar ao redor, desferindo uma onda que impactou Morgana, forçando-a a recuar.
Morgana soltou um riso leve.
- Morgana: "Está progredindo... talvez você me force a usar o Eidolom..."
Ela desapareceu. O Palácio das Ilusões se ativou. Midoki correu por corredores que se torciam sobre si mesmos, onde cada porta levava a ele mesmo morrendo de formas diferentes.
- Midoki: "Essa não é a minha mente... você não vai me quebrar com ilusões!" - Gritou.
Midoki ativou Wolf Lancer e abriu uma passagem perfurando o tecido ilusório com sua katana de vento.
Mas ao sair, já estava sem fôlego, e Morgana, pairando como uma deusa sombria, liberou a Maldição dos Ecos Vazios. Cada grito de Midoki o enfraquecia.
No último momento, Morgana conjurou o Despertar da Lua Obscura, o cajado se transformando em uma foice etérea, duplicando suas técnicas com cada gesto.
Midoki caiu de joelhos, e então...
- Merlin: "Enough!" - A voz do mago cortou o campo como uma espada ancestral.
O velho mago desceu em espiral com sua técnica ancestral ativada, conjurando o Flumen Temporae, uma corrente temporal que paralisava momentaneamente os movimentos de Morgana.
Mas antes que Merlin pudesse chegar até Midoki.
Spencer apareceu diante dele, com o rosto sério e as mãos em posição de combate.
- Spencer: "Merlin... se tentar isso novamente, eu serei seu oponente."
A tensão se solidificou.
Midoki, ofegante, mal conseguia acreditar.
- Merlin: "Então que seja." - Disse Merlin, os olhos agora brilhando com linhas de constelações. "Um capacho que troca sua honra por ecos de uma bruxa corrompida merece ser apagado como poeira estelar."
Spencer não se abalou. Tocou os braceletes Rakkan, fazendo-os tilintar.
- Spencer: "Você não conhece a sabedoria dos gnomos, Merlin. Quando escolhemos um lado, é por sabedoria. Não por medo."
Ambos explodiram ao mesmo tempo. Merlin conjurou Runas de Oricalco, que se espalharam como serpentes arcanas, mas Spencer ativou o Campo de Vibração Harmônica, desviando-se como um sopro entre elas.
Com um salto elegante, Spencer usou Giro Ascendente, liberando uma onda de impacto que forçou Merlin a recuar.
- Merlin: ""Astuto..." - Murmurou o mago. Com um gesto, ativou o Selo de Vectra Magna, suprimindo temporariamente o fluxo espiritual de Spencer.
Mas o gnomo sorriu.
- Spencer: "Palma do Coração Vazio." - Seu pequeno punho acertou o ombro de Merlin, apagando sua técnica momentaneamente. Uma rachadura energética surgiu na barreira espiritual ao redor do arcanista.
Merlin recuou e ativou o Codex Arcano-Astralis, invocando o Constelatio Manuscripta. Pequenas estrelas vivas dispararam feixes gravitacionais, mas Spencer ativou o Fluxo Ranzatsu. Agora dançava como uma brisa, intocável, com olhos dourados iluminando cada movimento.
Com um giro no ar, Spencer executou a Queda da Raposa Lunar, atingindo Merlin no flanco.
- Merlin: "Você era melhor que isso..." - Disse Merlin, limpando o sangue do lábio.
Merlin ativou Ordo Retroversus!
A técnica de Spencer começou a ser revertida no tempo, mas o gnomo se adaptou, forçando uma ruptura no chão com seus punhos, Rakkan tilintando com força, e conjurou Ressonância de Eco Interior, restaurando sua energia espiritual.
Eles estavam iguais, luz e fluxo, arcanismo e intuição. Enquanto os dois colidiam, Midoki, sangrando, ainda enfrentava Morgana, uma luta em dois planos, dois ritmos.
Merlin foi surpreendido por um chute giratório que o arremessou para trás. Spencer tocou o solo e o ar, criando um eco energético de cura.
- Spencer: "Não sou seu inimigo... mas não deixarei que interfira."
- Merlin: "Então é assim..." - Merlin fechou o Codex Arcano-Astralis, ativando a Forma da Reversão Arcana. Sua pele brilhou em runas, seus olhos tornaram-se vórtices estelares.
O mundo ao redor mudou. O céu se dobrou. O tempo hesitou.
Astrum Equationis.
As defesas espirituais de Spencer foram invertidas. Cada passo, um peso. Cada batida do coração, uma ameaça.
Merlin avançou com um dedo em riste. Pequena Luz. Uma esfera prateada tocou o peito de Spencer e explodiu em mil fórmulas.
O gnomo foi lançado metros longe, colidindo com uma árvore.
Spencer tentou levantar, mas sentia o corpo pesado, como se as leis da natureza estivessem contra ele. Ele sorriu.
- Spencer: "Você não entende... ela já não é a mesma, Merlin."
E então apagou.
Merlin pousou ao lado dele, encarando sua forma inconsciente. Seus olhos estavam sombrios, mas havia um traço de dor.
Nesse momento, Midoki rugiu, erguendo sua última espada com um trovão de energia.
- Midoki: "Wolf Claw!"
Mas Morgana já o esperava, com o Encantamento de Eidolom ativado.
- Morgana: "Pobrezinho... tão persistente."
Com um simples gesto, invocou o Vazio Encarnado, o espaço ao redor de Midoki implodiu, dobrando gravidade e perspectiva.
Ele foi lançado contra o solo com tamanha força que crateras se abriram sob seus pés.
Midoki tentou se erguer... mas antes que conseguisse, Morgana desceu em sua direção com um Standard-Ôou, cravando-se no peito do garoto com um estrondo dimensional.
O mundo girou, tudo ficou escuro e Midoki caiu.
Inconsciente.
O silêncio foi rasgado por passos pesados e pela presença de uma aura intensa. Tristão surgiu, com os olhos flamejando em verde, e atrás dele, Malcon, empunhando sua espada com a mesma firmeza de quem conhece a inevitabilidade do fracasso, mas decide lutar ainda assim.
Merlin, cambaleante, se colocou de pé.
Tristão lançou um olhar rápido a Midoki, depois para Morgana.
- Tristão: "...Ela está ainda mais forte que antes."
Malcon se adiantou.
- Malcon: "Então vamos juntos."
Morgana riu baixo, sua forma já envolta pela distorção do Eidolom.
- Morgana: "Tantos heróis para cair diante de mim... que espetáculo de tolices."
Tristão ativou o Modo Pestilência Ativa, liberando uma névoa esmeralda que distorceu o chão. Morgana apenas levantou o cajado. A névoa recuou.
Malcon avançou primeiro. Nada de habilidades, nada de aura. Apenas o aço cortando o ar com precisão. Sua espada era luz em meio à escuridão.
Morgana desviava sem esforço, cada passo uma dança, cada gesto uma técnica em silêncio. Malcon rugia em silêncio, sua espada ganhando velocidade. Mas ao tocar a pele ilusória da bruxa, sua lâmina atravessava o vazio.
- Morgana: "Você é persistente, Malcon." - Disse Morgana, agora flutuando. - "Mas contra mim, não pode vencer."
Com um gesto, o Palácio das Ilusões se ativou. Malcon viu Tristão morto aos seus pés, Merlin de joelhos, a floresta em chamas. Mas ele avançou mesmo assim.
- Malcon: "Eu não luto por vitória." - Disse Malcon. - "Mas para manter a esperança para os meus companheiros."
Sua lâmina perfurou o ar, ferindo o véu ilusório. Por um momento, Morgana hesitou. Mas então, com um único estalo, ela conjurou o Beijo da Noite.
Malcon foi jogado para trás, o sangue se dissolvendo em névoa negra.
Tristão rugiu, ativando Maré da Agonia, fazendo o campo tremer com sua foice em mãos. Morgana sentiu o peso do vírus. Mas sorriu.
- Morgana: "Finalmente algo digno."
Eles colidiram em dezenas de golpes. A foice de Tristão cruzava com técnicas invertidas, e cada toque era dor para ambos. Mas Morgana não sangrava. Não de verdade.
Ela invocou a Maldição da Rainha Negra, selando parte da energia espiritual de Tristão. Ele gritou, caindo de joelhos, a foice escapando das mãos.
Morgana pousou com leveza entre os corpos caídos.
- Morgana: "Um por um... todos vocês."
Ela girou o Cajado do Vazio uma última vez.
Tristão tentou se erguer, mas a dor o venceu.
Malcon desmaiou sem emitir som.
Merlin cerrou os punhos.
O silêncio pós-derrota parecia rasgar o campo de batalha com mais brutalidade do que qualquer técnica. Tristão, Malcon e Merlin jaziam caídos, vencidos por uma adversária que parecia ter transfigurado o próprio conceito de magia em desespero absoluto. A energia em Lunareth pulsava como o coração de um monstro ancestral, um eco do Crepúsculo Eterno que Morgana invocara.
E então, uma voz.
- Midoki: “Este corpo pode até ser incapaz de usar todo o potencial que preciso…” - Midoki se ergueu, os joelhos trêmulos, mas os olhos flamejantes. - “…mas, se ousar encostar nos meus companheiros… EU… NÃO VOU TE PERDOAR JAMAIS!!!!!!!”
A terra tremeu. O ar foi consumido por uma pressão espiritual tão grotesca que até as estrelas, por um instante, pareceram apagar-se no firmamento.
Morgana deu um passo atrás, surpresa.
Uma explosão. Não de luz, mas de presença.
A aura de Midoki rompeu os limites do espiritual e do físico. Seus olhos arderam em energia primal. Seus braços se cobriram de um espectro lupino flamejante azulado. Sua pele ganhou textura de ferocidade. Presas e garras etéreas se moldaram sobre ele, e sua voz, quando saiu de sua garganta, soava como o uivo de um lobo antigo.
Beast Form.
Mas ele sabia que não era o bastante.
Dentro de si, uma lembrança pulsava como ferida aberta, Elyra.
Midoki, cambaleando, pensou:
- Midoki (pensando): “Isso... isso ainda não me basta. Não posso cair aqui. Eu preciso voltar... para Elyra. Para eles. Se este corpo não aguenta sozinho...”
Ele precisava viver. Voltar. Proteger. O futuro não poderia terminar ali. A realidade precisava de um novo ponto de ruptura. Uma nova expressão daquilo que o mundo temia. E então...
Sua alma gritou. O lobo uivou. E o mundo... reagiu.
- Midoki: "Eu não me tornarei aquele que nasceu para destruir o mundo. Eu vou me tornar aquele que carrega os mundos que ninguém conseguiu salvar!!!"
O lobo atrás dele explodiu em chamas azuladas e sombras elétricas, e sua nova forma se condensou como uma tempestade de fúria, ordem e caos.
Beast Form - Rageful Series.
- Midoki: “Se o destino insiste em fazer do mundo um jogo...” - Ele rugiu, sua voz vibrando com um trovão que rachou os céus. - “…então que me transformem no erro que quebra todas as regras!”
A terra tremeu sob seus pés.
O lobo agora tinha olhos que rasgavam a ilusão. Sua aura condensava conceitos. A realidade contorcia-se como vidro em chamas. Um novo nível havia sido alcançado. A própria essência de Midoki ressoava em sincronia com os pilares do universo. Era como se ele agora pudesse dizer: 'Isso… isso é o que eu sou capaz de fazer agora…'
O seu nível atual é Supremo (Grau S+).
A energia do Shinrei da Eminência se reordenava como constelações antigas. Originalismo, Potencialismo, Cosmicismo, Manipulacionismo — as Quatro Leis se manifestavam com a fluidez de uma lenda viva. Matéria e energia deixaram de ser obstáculos. O espaço se tornou uma ponte para seus punhos. O tempo se curvava ao seu instinto.
O campo estava em silêncio... um silêncio irreal.
Midoki... ainda de joelhos.
Os olhos de Midoki brilharam com a ativação de sua nova habilidade, o Kyometsugan, profundos, iluminados, revelando o domínio de tudo aquilo que sua alma havia absorvido em dor.
Sem avisar, Midoki avançou.
Os ventos sumiram. A realidade pareceu resistir ao movimento, como se o próprio tempo tivesse que pedir permissão para acompanhá-lo.
As leis agora estavam em sua carne. As quatro.
- Narrador: "As Quatro Leis do Shinrei da Eminência não são apenas fundamentos de poder. Elas representam os pilares da existência e os limites da compreensão.
Na primeira Lei, nasce a existência.
Na segunda, desperta o poder.
Na terceira, repousa o nada.
Na quarta, o domínio absoluto.
Além da quarta...
...há aquele que pode tornar-se
um Divino Espírito Eminente."
Originalismo. Com um movimento, ele gerava matéria da própria luz que Morgana tentava dobrar. Seu golpe era criação e destruição ao mesmo tempo, cortava ilusões, desintegrava névoa, rasgava clones da Ressurgência Negra ao meio.
Potencialismo. Com um giro, ele absorvia a energia espiritual em sua direção e a devolvia amplificada, polarizando técnicas, revertendo projéteis em seus lançadores, e acelerando os próprios músculos com energia vital condensada. A Beast Form - Rageful Series estava ressoando energia do Shinrei por todos os membros (através de Yoroi, Kanchi e Seifuku.).
- Midoki: "... Então este modo me permite isso até neste corpo...? Heh... impressionante..."
Cosmicismo. Seus golpes criavam pequenos buracos negros que sugavam as técnicas de Morgana. Com a outra mão, ele explodia em buracos brancos, cuspindo matéria como se o campo de batalha estivesse vivo e enfurecido. Em certo momento, ele abriu uma fissura cinzenta, e metade do terreno ao redor foi desintegrado numa rachadura que ignorava espaço.
Manipulacionismo. Suas espadas cortavam o próprio espaço, distorcendo ângulos, atacando de vetores que não existiam antes. Em um único passo, Midoki estava atrás de Morgana, esfaqueando o tempo, forçando-o a desacelerar enquanto sua lâmina deixava a realidade em suspenso. O espaço se dobrava, como se tivesse sido escrito de novo.
E mesmo com tudo isso, Morgana resistia.
Suas técnicas não apenas respondiam; narravam de volta.
Noctis Vermis transformava sua presença em conceitos mágicos incompreensíveis, onde sombra possuía forma e cores jamais vistas dançavam sobre o campo. Cada ataque de Midoki era respondido com ilusões em camadas, realidades simuladas, cópias de sua alma, memórias distorcidas.
Mas Morgana, mesmo com o Encantamento de Eidolom, começou a tremer. Pela primeira vez, sua habilidade parecia hesitar diante dele.
Midoki já não era mais o menino amaldiçoado pelo destino, nem o garoto que carregava o nome do pai morto.
Agora...
Ele era um espírito que rompia as Leis da Realidade.
A explosão final do confronto colapsa o campo.
Luz. Vazio. Vento cortante. Silêncio absoluto.
No fim, Morgana, ofegante, se vê de joelhos, não derrotada, mas superada momentaneamente. Ela sorri, como se visse algo antigo, algo que até mesmo ela havia esquecido:
- Morgana: "Então é isso que o destino guardava... Um lobo que uiva para mudar o próprio conceito da realidade. Mas... este, não é o fim... Mi-Midoki..."
Então, ela desmaia.
Midoki, com o braço pendendo, ensanguentado, ainda de pé... encara o horizonte.
- Midoki: "Eu voltarei para ela. E para todos os meus companheiros que ainda acreditam no futuro."
O corpo de Morgana tombava, desacordado, sua respiração irregular. Os vestígios do Encantamento de Eidolom se dissipavam em véus negros que se curvavam como cortinas diante do fim de um ato.
Midoki cambaleava em pé. Sua Beast Form - Rageful Series recuava lentamente, as garras e presas sumindo, enquanto a energia ao redor se reequilibrava com dificuldade. Os olhos ainda ardiam com o Kyometsugan, mas agora... era só cansaço.
Ele caminhou até ela, olhos fixos, voz firme mas carregada de urgência.
- Midoki: "Eu preciso pegar a Fonte da Ordem... e o Grimório..."
Seu corpo estremecia. A aura espiritual ainda girava ao seu redor, instável, mas o propósito o guiava.
Porém, antes que ele pudesse se aproximar, um som cortou o ar.
ShhRRRRT!
Spencer surgiu como uma flecha viva. Nenhum som previu sua chegada. Nenhuma presença foi sentida. Ele avançou com velocidade distorcida e ativou algo, um artefato envolto em runas prateadas, encostando-o suavemente no corpo desacordado de Morgana.
- Spencer: "Standard-Ôou. - Sussurrou com frieza.
Em um clarão roxo, a realidade foi partida. Uma espiral se abriu no chão sob eles e envolta de Trolls por toda vila e, num piscar, desapareceram.
Foram embora.
Midoki ficou parado. Os olhos fixos onde antes estavam seus inimigos. Seus punhos cerraram. Sua respiração acelerou.
- Midoki: "Droga... eles se foram!! E agora?! Como vamos chegar até Vhastorg?!"
O desespero estourava como trovão. A promessa de retornar, de pôr fim ao ciclo, de mudar o destino, tudo parecia ter se esvaído num segundo.
Mas então, um som discreto.
Shuff.
Merlin, ofegante, com parte da roupa rasgada, se erguia entre os escombros.
Com um gesto lento, quase cerimonial, retirou de seu manto algo envolto em tecido antigo. Os olhos de Midoki o seguiram... e então viram.
O Necronomicon.
O tempo pareceu parar.
Midoki caiu de joelhos. As lágrimas vieram antes mesmo de perceber. Um soluço escapou entre dentes cerrados. Não era apenas alívio... era sobrevivência. Era a sensação de que, mesmo perdendo, havia vencido uma batalha mais profunda.
- Midoki: "...Nós conseguimos..." - murmurou, a voz embargada.- "Nós ainda... conseguimos continuar."
Merlin olhou para ele com um leve sorriso cansado. Como se ver Midoki chorar fosse a prova de que ainda havia humanidade sob aquela alma ferida. Como se, por fim, aquele garoto que carregava o mundo... não... a realidade... nas costas tivesse tido o direito de ser apenas... humano.
Merlin caminhou até ele, pousando a mão em seu ombro com gentileza.
- Merlin: "Então… Acho que agora... podemos nos preparar."
A cena se afasta.
A luz da alvorada começa a tocar os escombros da batalha.
O vento sopra, não como lamento, mas como promessa.
Fim do capítulo.