Capítulo 5 – O Investimento  

"O tear... eu não esperava que pudesse ser aplicado também a esse tipo de trabalho..." Desai murmurou, assentindo lentamente enquanto digeria as palavras de Chris.

 

Após alguns segundos de silêncio, Desai levantou a cabeça, seus olhos firmes nos de Chris. "Decidi investir em suas máquinas."

 

Chris sorriu levemente, aguardando por essa oportunidade. O que faltava à cidade de Serris era o capital necessário para expandir, e uma parceria com a família Longtaite poderia ser a chave. "Interessante," disse ele, "quanto você planeja investir?"

 

Desai não hesitou. "Quinhentas mil moedas de ouro."

 

Por um breve instante, Chris ficou em silêncio, surpreso pelo número mencionado tão casualmente. Ao seu lado, Gregory e Dines também ficaram perplexos. O valor que Desai mencionou parecia imenso para a realidade de Serris.

 

"Você disse quinhentas mil?" Chris repetiu, com uma sobrancelha levantada.

 

Desai assentiu, sem demonstrar preocupação. "Sim. Estou disposto a investir essa quantia para garantir que a família Longtaite tenha direitos exclusivos sobre a venda dessas máquinas."

 

Chris deu uma risada breve, uma mistura de surpresa e divertimento. "Você quer monopolizar os direitos de venda de máquinas que ainda estão sendo desenvolvidas?"

 

Desai manteve o olhar fixo em Chris, sem se abalar. "Sim. Estou apostando no potencial que vejo aqui."

 

Chris sabia que as máquinas que ele havia projetado eram apenas a ponta do iceberg da vasta tecnologia que ele carregava em sua mente. Para Desai, quinhentas mil moedas de ouro eram uma aposta arriscada, mas para Chris, essa quantia não era nem de longe suficiente para monopolizar o que ele poderia criar.

 

"Senhor Desai," disse Chris, mantendo a calma, "eu poderia lhe contar uma história, se tiver interesse."

 

Desai franziu a testa levemente, desconcertado com a mudança repentina no tom da conversa. "Estou ouvindo," respondeu ele, sua curiosidade ainda mantida.

 

Chris sorriu e começou sua história. "Certa vez, um empresário perguntou ao pai quantas vezes ele poderia lucrar com a agricultura. O pai respondeu: 'Provavelmente dez vezes, no máximo'. Então o empresário perguntou: 'E com pérolas e jade?' O pai disse: 'Cem vezes o lucro, talvez'. Por fim, o empresário perguntou: 'E quanto lucro pode ser obtido ao investir em um monarca?'. O pai respondeu: 'Isso é incalculável.'"

 

Chris parou por um momento, observando a expressão de Desai. "Você realmente acha que quinhentas mil moedas de ouro podem comprar o futuro de um império?"

 

Desai respirou fundo, absorvendo a metáfora. "Talvez você tenha razão," disse ele. "Se você realmente está construindo algo tão grandioso quanto um império, esse valor parece pequeno."

 

Chris sorriu. "Eu lhe prometo uma coisa. O que estou oferecendo aqui não é apenas um acordo de negócios. Se continuar conosco, sua família pode se tornar a mais rica e influente deste continente."

 

Desai estreitou os olhos, avaliando as palavras de Chris. "Essa é uma promessa ousada, Lorde Chris. Mas para tomarmos essa decisão, eu precisarei ver algo mais."

 

Chris assentiu, já antecipando essa resposta. "Vou lhe mostrar algo que o fará acreditar."

 

Chris conduziu Desai em uma curta jornada até um acampamento improvisado na orla da floresta, onde uma novidade aguardava o jovem comerciante. Para garantir o sigilo, apenas Wagron e alguns soldados confiáveis estavam presentes.

 

O local era simples, mas fortemente defendido. No centro do acampamento, havia algo que Desai nunca havia visto antes: um canhão. A estrutura metálica maciça estava apoiada em um suporte rudimentar, mas sua presença imponente transmitia um poder inegável.

 

"O que é isso?" perguntou Desai, curioso, enquanto se aproximava do estranho "tubo de ferro".

 

Chris sorriu, aproximando-se da arma. "Isso, senhor Desai, é o futuro da guerra. Com esta artilharia, as muralhas mais fortes e as fortalezas mais impenetráveis se transformarão em pó."

 

Desai olhou para o canhão, incrédulo. Ele tinha um conhecimento básico de armas, mas nada que pudesse compará-lo ao que via ali. "Isso é mais uma balista metálica," disse ele, com ceticismo. "Como isso pode ser mais eficiente que uma balista de madeira?"

 

Chris apenas sorriu, sem responder. Ele sabia que palavras não seriam suficientes para convencer Desai. "Vamos fazer uma demonstração," disse ele, gesticulando para os soldados. "Você verá com seus próprios olhos."

 

Os soldados, já treinados, começaram a preparar o canhão com eficiência, seguindo as instruções detalhadas que Chris havia lhes dado semanas antes. Logo, tudo estava pronto para o disparo.

 

Desai observou, ainda sem entender completamente o que estava prestes a acontecer. Mas quando o canhão finalmente disparou, o som ensurdecedor o fez recuar e cair no chão. A explosão de fumaça e fogo foi seguida pelo impacto devastador no monte distante, que explodiu em uma nuvem de terra e destroços.

 

"Isso... isso é magia!" Desai gritou, ainda no chão, atordoado pelo que acabara de testemunhar.

 

Chris se aproximou, estendendo a mão para ajudá-lo a se levantar. "Não, senhor Desai," disse ele, com um sorriso tranquilo. "Isso não é magia. Isso é o poder da ciência. É o poder de uma nova era."

 

Desai ainda olhava fixamente para o monte destruído à distância. "Eu posso... escolher o próximo alvo?" perguntou ele, ainda sem acreditar completamente no que via.

 

"Claro," disse Chris, entregando a tocha para Desai. "Você mesmo pode disparar o próximo tiro."

 

Desai, ainda perplexo, ajustou o canhão para mirar outro monte de terra. Respirou fundo, e com um movimento decidido, acendeu o pavio. O canhão disparou novamente, com a mesma intensidade devastadora, destruindo o segundo alvo.

 

Desai ficou em silêncio por alguns momentos, antes de se virar para Chris. "Agora eu entendo," disse ele, a voz séria. "Essa tecnologia pode mudar tudo. Estou dentro."