Capítulo 4 –Família Longtaite

A felicidade veio de repente, enchendo Gregory com uma sensação quase irreal. Após mais de dez dias de preparação, ele finalmente estava no pátio da marcenaria, aguardando a chegada dos primeiros comerciantes que comprariam as mesas e cadeiras.

 

O cheiro de tinta fresca estava por toda parte, e pela primeira vez, Gregory sentiu que esse aroma, normalmente tão forte, era quase refrescante.

 

"Estamos indo para Duning. Ouvi dizer que há móveis baratos à venda aqui, então vamos dar uma olhada..." Uma voz desconhecida se fez ouvir atrás dele, no momento em que Gregory se levantava pela terceira vez para inspecionar as cadeiras.

 

Para Gregory, que estava ansioso para transformar madeira em ouro, esse som era como música celestial.

 

Ele se virou rapidamente, com um sorriso radiante no rosto, esfregando as mãos. "Sim, temos uma cadeira recém-desenvolvida! O design é elegante, e o preço, muito acessível. Gostariam de ver?"

 

O comerciante, atraído pela ideia, assentiu. Quando seus olhos pousaram nas cadeiras empilhadas atrás de Gregory, ele parou, boquiaberto. Nunca havia visto cadeiras tão perfeitamente idênticas.

 

"Essas cadeiras... cem cadeiras iguais? Estou vendo isso certo?" O comerciante deu dois passos à frente, estendendo a mão para tocar uma delas, mas hesitou no último momento.

 

"É claro," Gregory disse, o sorriso ficando ainda mais largo. "Não é caro, apenas 25 moedas de prata por cada uma."

 

O comerciante arregalou os olhos, surpreso. "Só isso? Pelo design e qualidade... é um preço muito baixo."

 

Gregory sentiu o coração acelerar. Ele sabia o custo de produção — uma cadeira como aquela custava cerca de 45 moedas de cobre para ser fabricada, incluindo o pagamento dos aprendizes. Vender por 25 moedas de prata era um grande lucro, mas ele também sabia que não duraria muito. Logo, com a inundação de cadeiras no mercado, o preço cairia.

 

"Ótimo! Quero 40 dessas cadeiras," o comerciante disse alegremente, acariciando as linhas elegantes das pernas das cadeiras, encantado com o produto.

 

Gregory assistiu enquanto as moedas de ouro trocavam de mãos, enchendo a caixa do tesouro. Em uma manhã, cerca de dez comerciantes visitaram a fábrica de móveis, comprando o que parecia ser uma verdadeira mina de ouro para Serris. Com 70 moedas de ouro em caixa, Gregory começou a pensar seriamente na pergunta que Chris havia feito a ele: como gastar tanto dinheiro com sabedoria?

 

Mais tarde naquela manhã, um jovem de aparência distinta entrou no pátio. O cabelo dourado, os trajes nobres e a adaga ornamentada na cintura indicavam que ele não era um simples comerciante.

 

"Essas cadeiras são... todas feitas do mesmo jeito?" perguntou o jovem, passando a mão pelas pernas da cadeira, admirando as curvas suaves.

 

"Sim, senhor," Gregory respondeu, observando o jovem com curiosidade. Ele claramente sabia algo sobre marcenaria, o que não era comum entre nobres. "Está interessado em comprar?"

 

"Eu me chamo Desai, Longtaite Desai," disse o jovem, ignorando a pergunta inicial. "Pertencente à família Longtaite."

 

Gregory engoliu em seco ao ouvir o nome. A família Longtaite era uma das mais poderosas do reino mortal, conhecida por controlar vastos setores comerciais, incluindo alimentos, metais preciosos e até a cunhagem de moedas em alguns países.

 

"É uma honra recebê-lo em Serris, Sr. Desai," disse Gregory, tentando disfarçar sua surpresa. Ele sabia que esse encontro poderia ser um ponto de virada importante. "Acredito que o senhor deva conhecer Lorde Chris. Vou chamá-lo imediatamente."

 

Gregory não perderia tempo levando um membro da família Longtaite para a fábrica sem a presença de Chris. Ele sabia que aquilo era importante demais para tratar de maneira informal. Mandou imediatamente chamar Chris, que estava imerso em seu trabalho no escritório.

 

Quando Chris chegou, ele foi diretamente ao ponto, curioso sobre o visitante. Dines explicou a situação. "Este é Desai, da família Longtaite, uma das famílias comerciais mais poderosas do reino mortal."

 

"Ah, a família Longtaite..." Chris murmurou, agora entendendo a importância do momento. Ele estendeu a mão e cumprimentou Desai. "É um prazer recebê-lo em Serris, senhor Desai."

 

"É uma honra, Lorde Chris," Desai respondeu com polidez. "Passei pela cidade e ouvi falar sobre a qualidade dos móveis. Agora que vi o processo, estou ainda mais impressionado."

 

"Essas máquinas realmente são algo único, não?" Chris disse, com um sorriso contido. "Elas representam apenas o começo de uma nova era de produção."

 

"De fato," Desai concordou, observando atentamente as máquinas ao redor. "Estou curioso... essa tecnologia pode ser aplicada a outros setores? Por exemplo, tecelagem ou metalurgia?"

 

Chris não pôde deixar de sorrir. Era exatamente o tipo de pergunta que ele esperava ouvir de alguém da família Longtaite. "Pode, sim. A flexibilidade dessas máquinas é uma das suas maiores qualidades. O que você está vendo aqui pode ser adaptado para diversas indústrias. Tecelagem, metalurgia, o que for necessário."

 

Os olhos de Desai brilharam com o potencial que essas palavras traziam. "Isso pode mudar muitas coisas. Minha família estaria disposta a investir e explorar essa tecnologia em outros mercados."

 

Chris assentiu. "Vejo muito potencial nessa parceria. E tenho certeza de que ambos podemos sair beneficiados."

 

Desai sorriu. "Então, vamos discutir os detalhes."