Capítulo 3 – Máquinas e Preparativos  

Vestindo um traje nobre, Chris se sentou no chão, desconsiderando sua aparência, e começou a montar a primeira máquina-ferramenta manual do mundo. Ao seu redor, artesãos e aprendizes o observavam com olhares confusos e curiosos.

 

Ele trabalhou rapidamente. Graças ao projeto claro em sua mente, movia as peças com a precisão de um mestre, mais rápido do que qualquer um dos artesãos ao seu redor. As peças se encaixavam com fluidez, e cada movimento seu era acompanhado de uma breve explicação técnica. "Essa peça aqui gira ao pressionar o pedal. Isso cria uma força de rotação que pode ser usada para esculpir madeira em formas cilíndricas."

 

Os olhares de espanto aumentavam conforme Chris avançava. "Uma máquina de corte," ele disse, sorrindo, enquanto concluía o trabalho e se levantava. "Com essa máquina, vocês poderão esculpir formas complexas com uma precisão e velocidade muito superiores ao trabalho manual."

 

"Impossível," murmurou um dos artesãos mais velhos, observando a máquina com ceticismo.

 

Chris, ignorando a incredulidade, fez uma demonstração simples, colocando uma vara de madeira no dispositivo e começando a pedalar. A madeira girava rapidamente, e a lâmina da máquina começou a esculpir formas. Em poucos segundos, uma peça cilíndrica com pontas finas e um meio mais grosso apareceu. O silêncio se espalhou.

 

"Isso é um milagre," murmurou um dos velhos artesãos, seus olhos fixos na vara de madeira recém-escupida.

 

"É a vontade de Deus," Chris brincou, sorrindo, enquanto montava outra máquina.

 

Com o passar das horas, outras máquinas foram montadas, e Chris começou a permitir que os aprendizes as operassem sob sua orientação. Embora tivessem dificuldades no início, aos poucos eles aprenderam a lidar com as novas ferramentas. O resultado foi surpreendente: as peças de madeira, que antes demorariam dias para serem produzidas, agora eram feitas em minutos.

 

Mas, entre os artesãos mais velhos, o desconforto era palpável. "Essas cadeiras," comentou um dos mais experientes, passando a mão pelas cadeiras idênticas que haviam sido produzidas. "São todas iguais. Onde está a alma do artesanato? A arte está sendo destruída por essa... produção em massa."

 

Outro mestre carpinteiro concordou. "O valor de cada peça vem da individualidade que o artesão dá a ela. Se tudo for igual, qual o valor disso?"

 

Chris suspirou, entendendo a resistência. Ele sabia que as máquinas representavam uma revolução, mas também uma ameaça à forma tradicional de trabalho que sustentava aqueles homens por toda a vida. 'Eles não entendem ainda,' pensou ele.

 

"Essas cadeiras são para os civis," disse Chris em voz alta, interrompendo os murmúrios. "Vocês continuarão a produzir móveis luxuosos para os nobres, que pagam caro pela exclusividade. Mas o povo... eles precisam de algo acessível. Essas cadeiras, vendidas por 1 moeda de prata, atenderão à demanda do povo. Pensem nisso: enquanto vocês vendem uma cadeira por 30 moedas de prata, nós podemos vender centenas por 1 moeda de prata cada. Quem sairá ganhando no final?"

 

Os artesãos se entreolharam, incertos. "Mas o valor...," começou um dos mestres, mas Chris o interrompeu.

 

"O valor está em quem pode comprar. E o mercado dos civis é muito maior do que o dos nobres." Ele deu um tapa na cadeira à sua frente. "Não estamos destruindo a arte. Estamos criando um novo tipo de comércio. E isso, meus amigos, é só o começo."

 

Naquela noite, durante o jantar, Gregory estava animado. "Com essa produção em massa, podemos fazer 1 moeda de ouro por dia só com os móveis! Isso é mais do que suficiente para cobrir nossas despesas anuais e os impostos."

 

Dines, o conselheiro, também parecia entusiasmado. "Se aumentarmos a produção, podemos até dobrar esses lucros. Pagaremos os impostos e ainda teremos uma boa quantia de sobra."

 

Chris, no entanto, esfriou o entusiasmo. "Cuidado com o excesso de otimismo. O mercado vai reagir. Quando começarmos a inundar o mercado com móveis baratos, os preços inevitavelmente cairão. O que vendemos hoje por 5 moedas de prata, em alguns meses será vendido por 3."

 

Dines franziu o cenho. "Então o que faremos, meu senhor?"

 

"Reduziremos nossos custos de produção. Já estou desenvolvendo equipamentos mais sofisticados. Com essas máquinas, poderemos produzir móveis ainda mais baratos, reduzindo o custo para menos de 1 moeda de prata por peça."

 

Os homens ao redor da mesa ficaram em silêncio por um momento. A ideia de Chris parecia audaciosa demais, mas ele estava confiante. "Mas isso é só uma parte do plano," continuou ele. "O verdadeiro lucro virá da venda dessas máquinas para outras oficinas."

 

"Vender as máquinas?" Gregory perguntou, surpreso.

 

Chris assentiu. "Sim. Cada máquina pode ser vendida por 15 moedas de ouro. Em seis meses, todas as oficinas ao redor de Serris estarão usando nossos dispositivos. Nós controlaremos o mercado. E enquanto isso, continuaremos aprimorando nossas próprias fábricas."

 

...

 

 

Depois de um mês, as primeiras peças de artilharia foram montadas e testadas com sucesso. Os canhões estavam prontos, e Chris sabia que, eventualmente, poderia precisar deles para defender Serris.

 

Durante uma reunião, Gregory trouxe notícias preocupantes. "Meu senhor, nossas finanças estão no limite. As fábricas, as estradas, e agora a artilharia... estamos sem fundos."

 

Chris suspirou, ciente de que isso aconteceria. "Venderemos os móveis para garantir fluxo de caixa. E enquanto isso, começaremos a treinar nossos soldados para usar as novas artilharias. Não precisamos delas agora, mas é melhor estarmos prontos para qualquer eventualidade."

 

Wagron, que havia liderado a construção das estradas, assentiu. "Os soldados estarão prontos, senhor."

 

Chris se levantou e caminhou até a janela, observando o horizonte. Ele sabia que as mudanças em Serris logo chamariam a atenção de outros senhores. "Estamos apenas começando," murmurou para si mesmo. "Precisamos estar preparados. Quanto mais prosperarmos, mais olhares virão para nós."

 

Gregory, percebendo o tom de reflexão de Chris, acrescentou: "Mas ainda temos tempo. Serris ainda não apresentou completamente seu comércio."

 

Chris assentiu. "Sim, ainda temos tempo. Precisamos usar esse tempo sabiamente, fortalecer nossa base e expandir nossas inovações. O futuro é promissor, mas os desafios virão."