Capítulo 2 – Planejamento e Descobertas

Se dragões realmente existiam, o que mais ele poderia esperar? Monstros, magia, outras raças além dos humanos... Tudo isso era possível agora. Ele desviou o olhar do mural, ainda impressionado. 'Se há dragões, o que mais pode existir por aqui?' pensou Chris.

 

"Existem dragões no Império Arante?" perguntou ele, tentando disfarçar sua apreensão.

 

Wagron balançou a cabeça. "Não, meu senhor. O Império Arante, os reinos vizinhos e muitos dos castelos nobres ao nosso redor são todos parte dos países mortais. Não há magia, nem criaturas mágicas aqui."

 

Dines, o conselheiro, interveio: "Sem a presença de aura mágica, esses territórios não são propícios para magos viverem e praticarem suas artes. Os impérios mágicos desprezam esta região, nos deixando apenas para governar e pagar impostos a eles."

 

Chris absorveu as informações, processando. "Então somos governados indiretamente pelos impérios mágicos?"

 

Dines assentiu. "Correto. Nós pagamos impostos ao Império Arante, e eles, por sua vez, pagam aos impérios mágicos mais a oeste. São esses mágicos que ditam as regras, e o aumento do imposto provavelmente veio deles."

 

"Entendo." Chris apertou os lábios, sentindo o peso da situação. 'Estamos à mercê de impérios mágicos que nem se importam com nossa existência... Isso pode complicar as coisas.'

 

Ele olhou para Wagron, que parecia tenso. "Quantos soldados temos? Quais são nossos recursos?"

 

Wagron, Dines, e Gregory se entreolharam antes de começar a relatar a situação.

 

"Serris é uma cidade de posição estratégica, meu senhor," começou Wagron. "Temos uma força de 300 cavaleiros e aproximadamente 1.000 guardas na cidade."

 

Dines acrescentou: "Nossa economia é baseada principalmente na produção agrícola e em pequenas oficinas de artesanato. Nos bons anos, podíamos gerar cerca de 1.000 moedas de ouro, mas com o aumento dos impostos, isso se tornou insustentável."

 

Gregory finalizou: "Ainda temos algumas fontes de renda — uma oficina de marcenaria que produz móveis de qualidade e um metal raro, chamado pirita de ferro. Esse metal é leve e resistente, ótimo para armas, mas nossa produção é limitada. Também cobramos pedágios, mas com o valor alto, há cada vez menos comerciantes passando por nossas terras."

 

Chris franziu o cenho. 'Estamos presos em uma armadilha econômica, pagando pesados impostos sem ter como sustentar isso a longo prazo. Algo precisa mudar, e rápido.' Ele olhou para o bife mal passado à sua frente, sem apetite.

 

"Há alguma maneira de aumentarmos a produção desses recursos?" perguntou ele, pensativo.

 

Wagron deu de ombros. "Nossos artesãos já estão trabalhando no limite. Se exigirmos mais deles, afetaremos o restante da população, especialmente na agricultura. E sem comida, a situação piora rapidamente."

 

Chris balançou a cabeça e sorriu. "Quem disse que aumentar a produção significa sobrecarregar as pessoas? Podemos aumentar a eficiência."

 

Os homens à sua frente o encararam, confusos. Chris se levantou e começou a andar pela sala, sua mente já funcionando a todo vapor. Ele se lembrou das fábricas da Terra, das linhas de produção automatizadas, e de como essas inovações transformaram a economia global.

 

'Eu tenho acesso a uma biblioteca com uma infinidade de conhecimentos, eu só preciso escolher do jeito certo.' A ideia começou a tomar forma em sua cabeça. Ele podia introduzir elementos do que conhecia do mundo moderno. Não seria fácil, mas ele já estava desenhando mentalmente os primeiros passos.

 

"Posso desenhar algumas peças que simplificariam o trabalho dos artesãos," disse ele, parando diante de Wagron. "Se nossos ferreiros puderem construir essas peças, o resto do trabalho será muito mais rápido e eficiente."

 

Gregory olhou para ele, incrédulo. "Senhor, como... como isso é possível?"

 

Chris sorriu, com confiança. "Digamos que... eu tive uma visão."

 

... 

 

Pouco tempo depois, já em seu escritório, Chris começou a desenhar as peças. Mas sua mente continuava a pulsar com aquela sensação estranha de ter algo grandioso dentro dela. Ele parou de escrever por um momento e respirou fundo, tentando se concentrar. 'Eu preciso acessar essa biblioteca. Se ela realmente contém todo o conhecimento que posso imaginar, deve haver algo aqui que possa me ajudar.'

 

Fechando os olhos, Chris tentou focar sua mente na imagem daquela vasta biblioteca. De repente, ele sentiu como se estivesse sendo puxado para dentro de um espaço imenso e desconhecido. Quando abriu os olhos novamente, não estava mais em seu escritório. Ele estava em pé diante de uma gigantesca construção que parecia se estender por quilômetros, com corredores sem fim, cada um repleto de estantes de livros e rolos de pergaminhos brilhantes.

 

A mesma voz mecânica que ele ouvira antes soou novamente, ecoando nas paredes de sua mente:

 

[Bem-vindo à Biblioteca do Conhecimento Ilimitado. Aqui, você terá acesso a todo o acervo tecnológico que sua mente puder imaginar.]

 

Chris deu um passo à frente, maravilhado com o que via. "Então... tudo que eu preciso saber sobre tecnologia está aqui?"

 

[Correto. O acervo possui uma infinidade de conhecimentos, tudo a disposição do anfitrião.]

 

Ele caminhou lentamente entre as estantes, cada uma mais impressionante que a outra. Havia seções inteiras dedicadas a engenharia, física, química, e até mesmo áreas que ele mal conhecia. 'Isso... isso é incrível. Com isso, posso mudar tudo.'

 

"Como eu faço para encontrar o que preciso?" perguntou ele, sua voz ecoando no vasto espaço.

 

[Você pode acessar o conhecimento necessário visualizando a área desejada em sua mente. Quando necessário, o conhecimento será disponibilizado para consulta.]

 

Chris sorriu. "Certo... eu preciso de algo simples, mas eficiente. Algo que melhore a produção em Serris."

 

De repente, uma prateleira ao seu lado começou a brilhar. Ele se aproximou, e ao tocar os pergaminhos, informações começaram a fluir para sua mente. Era como se ele estivesse folheando manuais técnicos, mas sem precisar de tempo para ler. As peças que ele precisava construir para otimizar o trabalho artesanal surgiram em sua mente com clareza: designs de fornalhas mais eficientes, ferramentas que permitiriam maior precisão e menor esforço.

 

Quando voltou a si, ainda estava em seu escritório, com os desenhos detalhados à sua frente. Ele sorriu, satisfeito. 'Isso vai funcionar.'

 

Quando o sol começou a se pôr, Wagron entrou no escritório. "Meu senhor, já está escurecendo. Devo providenciar as velas?"

 

Chris acenou com a cabeça. "Sim, e traga mais castiçais. Vou trabalhar a noite toda se for necessário."

 

Wagron assentiu e saiu da sala. Pouco tempo depois, voltou com uma pilha de velas e os colocou ao redor do escritório. Chris entregou a ele o rolo de desenhos, enrolado cuidadosamente.

 

"Leve isso para os ferreiros," disse Chris, os olhos brilhando de excitação. "Quero essas peças prontas o mais rápido possível. Se conseguirem fazer isso direito, eu garanto que Serris se tornará a cidade mais próspera desta região."

 

Wagron olhou para os desenhos com curiosidade, mas não fez perguntas. "Sim, meu senhor. Vou pessoalmente garantir que seja feito."

 

...

 

No dia seguinte, Chris despertou mais tarde do que o normal. Ele havia trabalhado até tarde na noite anterior e precisava de um tempo para descansar. Enquanto bocejava e se espreguiçava, Wagron entrou no quarto, uma expressão de entusiasmo no rosto.

 

"Meu senhor, os ferreiros completaram as peças que você pediu!"

 

Chris ficou surpreso. "Tão rápido?"

 

Wagron assentiu. "Eles trabalharam a noite toda. Tudo está pronto."

 

Chris não perdeu tempo. Vestiu-se rapidamente, irritado mais uma vez com a complicação das roupas nobres, e seguiu Wagron até a oficina. Lá, os artesãos estavam reunidos, ansiosos para mostrar o que haviam produzido. As peças estavam sobre uma mesa, e Chris podia sentir a expectativa no ar.

 

"Agora, vamos testemunhar o milagre da civilização industrial," disse Chris, movendo os ombros para se preparar.