O silêncio que seguiu o fim da batalha foi palpável. O campo de combate, agora iluminado pela luz moribunda do pôr do sol, estava coberto pelos vestígios de um conflito intenso: corpos de saqueadores caídos, marcas de eletricidade ainda flutuando no ar e o som de respiração ofegante ecoando nas paredes da fortaleza.
Azriel, com o peito arfando, observava o corpo caído de Varka. O mercenário chefe havia sido derrotado, mas o jovem vampiro sabia que a batalha não tinha sido apenas uma simples vitória. Ele havia enfrentado seus próprios limites, seus medos e suas expectativas sobre o que poderia se tornar com o poder da sua nova classe. Embora tivesse derrotado Varka, uma parte dele sabia que o real teste não era vencer, mas continuar a melhorar, a evoluir.
Alastor, ao seu lado, não disse uma palavra imediatamente. O líder do grupo, com sua postura calma e observadora, sabia o valor do que acabara de acontecer. Azriel havia ganhado muito mais do que a luta em si. Ele havia conquistado confiança, habilidade e, acima de tudo, uma experiência que seria crucial para o crescimento do jovem vampiro.
— Você fez bem, Azriel. — disse Alastor finalmente, com um leve sorriso no rosto. Ele sabia que permitir que Azriel tivesse aquele combate com Varka seria uma maneira de ajudar o vampiro a amadurecer, a entender o verdadeiro valor de sua força.
O líder do grupo olhou para os outros membros, Sorya e Erina, que observavam atentamente o cenário. Sorya, com sua expressão impassível, não disse nada, mas seus olhos brilharam com uma mistura de respeito e cautela. Erina, por outro lado, parecia relaxada, embora ainda um tanto atenta. Ambas, como sempre, eram suas aliadas confiáveis, mas ele sabia que o momento de Azriel havia chegado, e era importante deixá-lo brilhar.
Agora que a batalha estava decidida, era hora de assumir o controle da fortaleza. A conquista era significativa, não apenas pelo fato de terem derrotado um bando de saqueadores bem armados, mas também pela possibilidade de usar aquela fortaleza como uma base estratégica. E, claro, havia a promessa de recompensas. O Sistema recompensaria o grupo por sua vitória, com experiência e itens valiosos.
Azriel, ainda se recuperando da intensidade do combate, olhou para Alastor, esperando instruções. Ele não sabia o que viria a seguir, mas estava pronto para continuar.
Alastor, sempre calculista e pragmático, não demorou a dar ordens. Ele sabia que o próximo passo seria garantir a segurança da fortaleza e explorar suas posses. Azriel precisava de tempo para se acostumar com seu novo poder, e o líder sabia que uma vitória bem-sucedida se tratava também de aproveitar as oportunidades que surgiam.
— Vamos dividir o trabalho. — Alastor disse com firmeza, começando a dar as direções. — Azriel, você vai ficar responsável pela exploração das salas do chefe, verificar se há algum equipamento ou itens que podem ser úteis para nós. Eu, Sorya e Erina vamos vasculhar o restante da fortaleza. Concentrem-se em encontrar tesouros, armas, qualquer coisa que possa valer ouro ou melhorar nosso arsenal.
Azriel assentiu, sentindo um misto de responsabilidade e gratidão. Ele sabia que esse momento era crucial para o seu crescimento. Sua primeira missão com o grupo havia sido um grande sucesso, mas o verdadeiro aprendizado começaria agora. Ele tinha que vasculhar a fortaleza e encontrar tudo o que pudesse ajudá-lo em sua jornada.
Enquanto o grupo se dispersava, Azriel seguiu em direção à sala principal de Varka. A porta estava parcialmente destruída, e o cheiro de queimado ainda pairava no ar devido à energia elétrica que havia percorrido o campo de batalha. Ele entrou cautelosamente, seu olhar atento à cada canto da sala. As paredes eram grossas e imponentes, cobertas por tapeçarias gastas e móveis que haviam sido usados e abusados pelos saqueadores.
No centro da sala, uma grande mesa estava repleta de mapas e documentos, aparentemente detalhando as áreas por onde os saqueadores haviam passado. Azriel caminhou até ela, examinando os papéis. Alguns eram de pouca importância, mas um mapa que estava embaixo de um monte de papéis chamou sua atenção. Era um mapa detalhado da região, com marcações e áreas riscadas, provavelmente locais de futuras invasões planejadas pelo bando de Varka. Isso poderia ser útil, pensou Azriel, se o grupo decidisse expandir suas operações ou se tivesse que se defender de outros grupos.
Com um movimento fluido, ele guardou o mapa em sua bolsa e continuou a explorar a sala. Ele encontrou alguns baús de madeira, mas estavam trancados. Azriel usou sua habilidade de Manipulação de Relâmpago, concentrando eletricidade nas mãos e tocando nas fechaduras. A eletricidade percorreu as trancas e, com um pequeno estalo, as fechaduras se abriram. Dentro, ele encontrou uma coleção de itens valiosos: uma espada de aparência robusta, uma armadura de couro reforçada e uma bolsa cheia de moedas de ouro.
No entanto, o que realmente chamou sua atenção foi um pequeno artefato que estava em um canto da sala, em cima de uma estante. Era um cristal cintilante, com uma tonalidade azul brilhante que parecia pulsar com energia. Azriel o pegou, sentindo um formigamento estranho ao tocá-lo. Ele sabia que aquele item não era comum. Talvez fosse um artefato mágico ou uma pedra de poder. Ele o colocou em sua mochila, determinado a estudar o objeto mais tarde.
Depois de verificar que não havia mais nada de interesse na sala, Azriel deixou o local e começou a explorar o resto da fortaleza. Ele não sabia quanto tempo levaria, mas o ambiente tinha uma sensação estranha, como se tivesse sido abandonado por um longo período antes da chegada dos saqueadores. Era uma fortaleza antiga, e os corredores ecoavam com passos que pareciam vir de outras épocas.
Enquanto isso, Alastor, Sorya e Erina estavam em outras partes da fortaleza. Eles já haviam começado a vasculhar o lugar em busca de tesouros e itens valiosos. Sorya, com sua natureza calma e focada, estava inspecionando um antigo depósito de armas, verificando se havia algum equipamento que pudesse ser útil para o grupo. Ela pegou algumas lâminas e um escudo pesado, que pareciam bem feitos e em boas condições. Erina, com sua habilidade nata para encontrar itens valiosos, estava examinando um salão cheio de baús e cofres. Ela já havia encontrado várias pedras preciosas e até mesmo um artefato que parecia ser uma espécie de amuleto protetor.
Alastor, por sua vez, estava em um dos andares superiores, onde encontrara uma sala que parecia ser o antigo salão de reuniões dos líderes da fortaleza. Ele se aproximou da mesa de pedra, que estava coberta por pó, e encontrou uma carta antiga, amarelada pelo tempo. Ao abrir, leu as palavras escritas com uma tinta que parecia ter sido feita de algum tipo de extrato de plantas. Era uma carta de um aliado desconhecido, aparentemente um mago que tinha enviado apoio para Varka.
Alastor franziu a testa, sentindo que havia mais naquela fortaleza do que uma simples gangue de saqueadores. Ele sabia que o mapa que Azriel havia encontrado poderia ser apenas a ponta do iceberg.
O grupo continuou suas buscas, sabendo que a verdadeira recompensa viria não apenas das riquezas materiais, mas das informações e itens que poderiam usar para suas futuras missões. Enquanto exploravam a fortaleza, Alastor sentia uma crescente sensação de que estavam no começo de algo muito maior, e que a verdadeira aventura ainda estava por vir.