Capítulo 36: Um Dia de Descanso

A noite havia sido tranquila. Após o relatório na guilda, o grupo retornou para sua residência temporária na vila—a casa que haviam alugado era simples, mas confortável, localizada em uma parte mais reservada, afastada da movimentação dos aventureiros.

O dia anterior fora intenso, e o cansaço pesava sobre cada um deles. Azriel, mesmo tendo crescido em poder e experiência, não estava acostumado com o impacto físico e mental de batalhas de alto risco. Sorya e Erina, sendo mais experientes, suportavam melhor, mas ainda assim sentiam a necessidade de um descanso adequado.

Quando a luz da manhã filtrou-se pelas janelas de madeira, Alastor já estava desperto. Ele ficou algum tempo deitado, encarando o teto, ouvindo os pequenos sons da vila despertando: passos na rua de paralelepípedos, o canto de pássaros, o ruído distante de um ferreiro começando seu trabalho.

Levantou-se lentamente e vestiu sua roupa casual, algo mais leve do que sua armadura habitual. Enquanto saía do quarto, encontrou-se com Sorya, que já estava desperta e preparando chá na cozinha.

— Bom dia. — ela disse, sem se virar. Seu cabelo longo estava solto, caindo em cascata sobre suas costas.

— Bom dia. — Alastor respondeu, aproximando-se.

A cozinha era modesta, com uma pequena mesa de madeira e alguns armários de armazenamento. O aroma de ervas quentes preenchia o ambiente, trazendo uma sensação agradável de calma.

— Onde estão os outros?

— Erina ainda está dormindo. Azriel também. — Sorya respondeu, servindo duas xícaras de chá.

Alastor sentou-se e aceitou a xícara, sentindo o calor reconfortante do líquido em suas mãos.

— Acho que hoje será um dia de descanso. — ele murmurou, tomando um gole.

Sorya ergueu uma sobrancelha.

— Descanso? Você realmente vai nos dar um dia sem batalhas, estratégias ou treinos?

— Sim. Precisamos disso.

Sorya sorriu de leve.

— Interessante. Então, nesse caso, Erina e eu vamos arrastá-lo para a vila. Precisamos de algumas coisas.

Alastor soltou um suspiro.

— Deveria ter previsto isso.

---

Preparativos para o Dia de Compras

Quando Erina finalmente acordou, ela ficou animada ao ouvir que passariam o dia comprando suprimentos.

— Perfeito! Eu já estava querendo dar uma volta por aqui.

Enquanto Alastor preparava-se para sair, Azriel apareceu na sala, parecendo ainda sonolento.

— Você vem conosco? — Alastor perguntou.

Azriel bocejou e balançou a cabeça.

— Não. Acho que vou ficar por aqui. Talvez treinar um pouco ou descansar mais.

— Tem certeza?

— Sim. Acho que ainda preciso processar tudo o que aconteceu ontem.

Alastor assentiu. Ele compreendia.

— Muito bem. Vamos trazer algo para você.

Com isso, Alastor, Sorya e Erina deixaram a casa e seguiram para a área comercial da vila.

---

Explorando o Mercado da Vila

A vila era simples, mas tinha um mercado bem abastecido. Barracas e pequenas lojas alinhavam-se ao longo das ruas principais, oferecendo uma variedade de produtos—desde alimentos e ervas medicinais até armas e acessórios.

Assim que chegaram, Sorya e Erina imediatamente começaram a examinar as mercadorias, enquanto Alastor seguia atrás, tentando manter-se indiferente à euforia das duas.

— Precisamos de mais poções. — Sorya disse, pegando um pequeno frasco de vidro com um líquido azulado dentro.

— E algumas ervas para reforçar nossa reserva de ingredientes. — acrescentou Erina, examinando uma banca de produtos naturais.

Enquanto elas se empolgavam analisando os produtos, Alastor observava a movimentação da vila. A vida aqui parecia pacífica, um contraste gritante com as batalhas intensas que haviam enfrentado nos últimos dias.

— Alastor, experimente isso.

Ele foi abruptamente puxado de seus pensamentos quando Erina estendeu um pequeno doce em sua direção.

— O que é isso?

— Uma especialidade local. Dizem que ajuda a recuperar energia.

Ele pegou o doce e o colocou na boca. O sabor era intenso, levemente adocicado, com um toque cítrico no final.

— Interessante.

— Não é? Podemos levar alguns.

Alastor não tinha objeções.

Enquanto caminhavam, passaram por uma loja de armas, e Alastor decidiu dar uma olhada. Ele não precisava urgentemente de um novo equipamento, mas sempre era bom ver o que estava disponível.

O ferreiro local tinha algumas lâminas bem-feitas, mas nada que realmente chamasse sua atenção. Ele pegou uma adaga para avaliar o equilíbrio da lâmina antes de devolvê-la ao balcão.

— Você parece entediado. — Sorya comentou, observando-o.

— Não estou acostumado com esse tipo de atividade.

— É bom relaxar de vez em quando.

Erina sorriu.

— Além disso, é divertido ver você assim.

Alastor suspirou.

— Acho que posso sobreviver a um dia como esse.

---

O Retorno para Casa

Depois de algumas horas, o grupo finalmente terminou suas compras e começou a voltar para casa.

Eles carregavam sacolas com suprimentos, incluindo poções, ervas medicinais, algumas roupas novas e, claro, os doces que Erina havia comprado.

Quando chegaram, encontraram Azriel no quintal da casa, praticando com sua nova espada. Seu corpo se movia com precisão, repetindo os movimentos que ele havia aprendido durante as batalhas.

'Parece que todo aquele treino com armas no fim valeu a pena' — Alastor pensou enquanto olhava para Azriel se movendo de forma mais precisa a cada movimento, com uma fluidez e graça fora do normal, quase como se estivesse em transe ou tendo uma epifania.

Alastor decidiu esperar mais alguns minutos até que perceber que os movimentos do jovem vampiro estavam cessando de uma forma leviana e gradual. Quando Azrieal saiu do estado de epifania, com suor caindo de seu rosto, Alastor se aproximou.

— Aproveitou o tempo sozinho? — Alastor perguntou.

Azriel parou e limpou o suor da testa.

— Sim. Foi bom refletir um pouco. Sinto que minha técnica de espada melhorou muito.

Sorya sorriu. Interrompendo o que poderia ser o começo de uma batalha amigável no que deve ser um dia de descanso.

— Bem, trouxemos algumas coisas para você.

Ela entregou uma pequena sacola a Azriel, que olhou dentro e encontrou os doces que haviam comprado. Ele ergueu uma sobrancelha, mas aceitou sem reclamar.

— Obrigado.

O grupo entrou na casa e começou a organizar os suprimentos. Enquanto faziam isso, Alastor sentiu uma rara sensação de tranquilidade.

Apesar de todas as batalhas, desafios e perigos que enfrentavam, momentos como aquele eram essenciais.

Ele sabia que o descanso não duraria para sempre. Logo, novas missões surgiriam, novos inimigos apareceriam.

Mas por hoje, ao menos por hoje, podiam simplesmente aproveitar um momento de paz.