Capítulo 35: O Reconhecimento Merecido

O retorno à vila não foi imediato. Antes de deixarem a fortaleza para trás, Alastor fez questão de garantir que tudo estava devidamente selado. Os corpos dos saqueadores foram recolhidos e queimados em uma pira improvisada. Não valia a pena deixar cadáveres para apodrecerem e atrair bestas selvagens. Além disso, mesmo mortos, aqueles bandidos eram um símbolo de violência e terror para a região—reduzi-los a cinzas era uma forma de encerrar de vez sua influência.

A luz do fogo crepitante dançava nas paredes da fortaleza enquanto as chamas consumiam os restos mortais. Azriel observava em silêncio, seus olhos vermelhos refletindo as labaredas. A experiência de lutar contra Varka ainda ecoava em sua mente. Ele havia vencido, mas sentia que ainda havia muito para aprender. Sorya e Erina ficaram próximas, observando tudo com expressões neutras.

— Com isso, está encerrado. — disse Alastor, virando-se para os outros. — Vamos retornar. Precisamos relatar nossa missão e colher nossas recompensas.

E assim, começaram a viagem de volta.

A estrada que levava à vila parecia muito mais tranquila do que na ida. O céu estava limpo, e a brisa leve trazia um frescor agradável após dias de tensão. Durante o caminho, o grupo manteve um ritmo constante, sem a necessidade de pressa. Eram vitoriosos agora, e cada passo carregava um peso de conquista.

Sorya caminhava levemente à frente, seus olhos atentos ao ambiente ao redor. Como uma dríade demoníaca, ela possuía uma conexão quase instintiva com a natureza e era sensível a qualquer mudança anormal. Erina, a elfa negra, caminhava com passos silenciosos, como se fosse parte da própria sombra. Azriel, por sua vez, ainda estava absorvendo sua experiência na batalha contra Varka, ocasionalmente tocando o cabo de sua espada recém-adquirida.

— Então, como se sente agora? — perguntou Erina, sua voz calma e precisa.

Azriel demorou um momento para responder.

— Diferente. — Ele olhou para sua mão, como se esperasse ver algo novo ali. — Mais forte. Mas ao mesmo tempo, sinto que ainda tenho muito a crescer.

Sorya sorriu levemente.

— Você venceu um inimigo forte em combate direto. Isso é um marco importante.

Alastor, que caminhava ligeiramente à frente, apenas observava. Ele sabia que Azriel estava crescendo, mas queria que isso acontecesse naturalmente. Cada vitória e cada derrota moldariam seu aliado.

O resto da viagem seguiu em relativa tranquilidade, apenas com algumas interações ocasionais. Quando finalmente avistaram os portões da vila, o sol já estava baixo no horizonte, tingindo o céu com tons alaranjados e roxos.

Assim que entraram na vila, o grupo seguiu direto para a guilda. O local era um prédio robusto, feito de madeira reforçada e com uma fachada simples, mas imponente. O brasão da guilda estava pendurado sobre a entrada, uma marca inconfundível de onde guerreiros e exploradores se reuniam para aceitar trabalhos e relatar missões concluídas.

Ao adentrarem o salão principal, sentiram o ambiente familiar—o cheiro de madeira e metal, o som de aventureiros conversando sobre missões e conquistas. Alguns rostos conhecidos lançaram olhares curiosos ao grupo, reconhecendo-os da última vez que estiveram ali.

No balcão principal, a recepcionista Helena estava ocupada organizando papéis quando percebeu a entrada deles.

Helena era uma mulher jovem, mas com um olhar afiado e experiente. Seu cabelo castanho-escuro estava preso em um coque prático, e seus olhos azul-claros analisaram o grupo rapidamente antes de oferecer um leve sorriso.

— Bem-vindos de volta. Parece que conseguiram cumprir a missão.

Alastor se aproximou, colocando um pergaminho selado sobre o balcão—o documento oficial que validava a conclusão da missão.

— Missão concluída com sucesso. Eliminamos Varka e seu grupo. A fortaleza está livre.

Helena pegou o pergaminho e começou a lê-lo rapidamente, mas sua expressão logo mudou ao perceber o conteúdo.

— Varka está morto? — ela repetiu, levantando o olhar para Alastor.

— Sim.

O salão da guilda ficou um pouco mais silencioso. Alguns aventureiros próximos, que ouviram a troca de palavras, se viraram para observar. Varka não era um inimigo qualquer; ele e seus saqueadores haviam sido uma ameaça persistente naquela região.

— Isso é… impressionante. — Helena admitiu. — Não esperava que vocês fossem conseguir eliminá-lo tão rapidamente.

— Houve dificuldades, mas a missão foi concluída. — respondeu Alastor, sem se aprofundar muito.

Helena assentiu e voltou a analisar os documentos. Depois de alguns minutos, ela pegou um carimbo e validou oficialmente a missão.

— Ótimo. Com isso, sua missão está formalmente concluída. Como recompensa, vocês receberão as moedas prometidas, além de um bônus pela eliminação de um inimigo de alto risco.

Ela pegou uma sacola de couro reforçado e a colocou sobre o balcão. O som das moedas tilintando dentro do saco era inconfundível.

— Aqui está. Além disso, seus nomes serão adicionados à lista de aventureiros que contribuíram significativamente para a segurança da região. Isso pode abrir portas para contratos mais vantajosos no futuro.

Alastor pegou a sacola e a guardou sem verificar o conteúdo. Ele confiava na guilda para ser justa em suas recompensas.

— A propósito… — Helena continuou, olhando para ele com um olhar um pouco mais sério. — Houve algo incomum na fortaleza? Algo que deva ser relatado?

Alastor olhou brevemente para Sorya antes de responder.

— Bom, para além dos saqueadores, nós encontramos uma sala subterrânea com um círculo de invocação desativado.

A expressão de Helena mudou imediatamente.

— Um círculo de invocação?

— Sim. Já não está ativo, mas foi usado no passado. Sorya acredita que se tratava de um ritual perigoso, mas falhou ou foi interrompido.

Helena ficou em silêncio por um momento, processando a informação.

— Isso não é algo trivial. Vamos precisar relatar isso às autoridades mágicas. Vocês podem fornecer um registro mais detalhado?

— Sim, podemos. — respondeu Alastor. — Sorya fará um relatório sobre os símbolos e a estrutura do círculo.

Helena assentiu, pegando outro pergaminho e começando a escrever algumas anotações.

— Isso pode mudar nossa compreensão sobre o que realmente estava acontecendo naquela fortaleza. Se houver mais alguma descoberta, avisem-nos imediatamente.

— Faremos isso.

Helena olhou para os outros membros do grupo e sorriu levemente.

— Vocês fizeram um excelente trabalho. Não é todo dia que aventureiros retornam vitoriosos de algo assim. Descansem um pouco e aproveitem as recompensas. Se precisarem de novas missões, saibam que a guilda sempre terá trabalho para vocês.

Alastor assentiu.

— Apreciamos isso.

Com isso, a missão estava oficialmente concluída. O grupo deixou o balcão, prontos para finalmente descansar.