Egito – 14:57
Em um local afastado, dentro de um bunker improvisado e decadente, uma figura adentrava o ambiente, carregando Rafael ainda inconsciente. O arcanjo estava amarrado por cordas negras que exalavam uma energia sinistra. Após jogá-lo em uma sala, uma presença feminina surgiu logo atrás.
Miyako: — Não esperava que fosse tão rápido em derrotar Rafael e seus súditos… Ele não é um Arcanjo? Achei que daria mais trabalho.
??? — Normalmente, sim. Mas tive sorte de agir rápido antes que ele fugisse. Tenho que admitir… esses anjos eram muito mais fortes no meu tempo. O poder realmente subiu à cabeça deles.
Miyako: — E agora? Não vai se juntar à guerra e ajudar seu filho?
??? — Haha! Não sabia que você se preocupava com ele a este ponto. No entanto, eu ainda tenho pendências. E, acredite ou não, são mais importantes do que essa guerra no momento.
Miyako: —Cala boca, eu só vim aqui por que você me disse que era importante, não é como se eu me importasse com aquele cara, além disso... "Mais importantes"? Estamos falando do seu próprio filho! Não me diga que não pretende ajudá-lo… Miguel pode não só matá-lo, como humilhá-lo de uma forma lenta e dolorosa.
??? — Hahaha! Engraçado ouvir isso de você, considerando que há pouco tempo queria matá-lo.
Miyako: — Hmph! E fui eu quem quase morreu naquela luta! O que teria acontecido se ele tivesse me matado ali mesmo?!
??? — Não… Ele não teria feito isso. Mesmo sem fazer parte da vida dele, eu o conheço melhor do que ele mesmo. Mas existe algo dentro dele que está o corrompendo para que ele fique mais forte que os anjos… E eu ainda não sei se gosto disso ou não.
Miyako: — De que adianta? Ele nasceu assim.ele deve ter sido corrompido por um espírito maligno com propriedades divinas. E provavelmente viu o potencial dele e o escolheu como receptáculo, usando isso como motivação para destruir esses anjos e todos os outros. Mas seu filho não parece estar possuído… Algo deve ter acontecido para ele começar a odiar tanto os anjos.
??? — Exato. Pelo que eu ouvi falar, a amiga de infância dele foi brutalmente assassinada diante de seus olhos. E sua mãe… pode ser um alvo fácil para os anjos. Ele sabe que o sistema de "justiça" deles está quebrado e que tentam disfarçar isso com mais sacrifícios e execuções. Eles estão começando a ficar desesperados, Miyako.
Miyako: — Hmm… E tudo isso por causa de uma única pessoa? Seu filho…?
??? — O conceito do mal se concentrou em um único ponto. Os anjos não sabem que é uma pessoa. Para eles, é a cidade inteira, o estado inteiro, que está infectado pela maldade do meu filho. Eu não suporto mais isso… Mas ainda assim, preciso voltar para aquele "lugar".
Miyako: — Você… Você não está falando do… Não… Impossível. Está me dizendo que já esteve no Submundo?
??? — Sim. Tudo que conquistei naquele lugar não foi transportado junto com meus poderes… Fiz um acordo com Lúcifer e um velho amigo. Graças a ele, sou quem sou hoje. O acordo me permitia voltar à Terra, mas com apenas 3% da minha força e apenas ppr um certo período de tempo… Isso doeu mais do que deveria. Mas quando eu voltar, duvido que ele me faça a mesma oferta tão facilmente.
Miyako: — Então… você realmente acredita que seu filho pode vencer essa guerra?
??? — Acreditando ou não, ele tem que vencer.
Miyako: — Hmph… E esse seu "velho amigo"? Qual o nome dele?
??? — Não posso dizê-lo em voz alta… Ele é um demônio extremamente poderoso que governa aquele mundo horrendo…
Sem mais palavras, a figura misteriosa se levantou e retirou do bolso um pergaminho e uma chave de aspecto sobrenatural. Sacando um isqueiro, ele incendiou o pergaminho.
Miyako: — Você realmente acha que ele pode vencer?
??? — Ele é meu filho, afinal… O herdeiro do maior caçador de anjos deste universo… Ryōshi Shogo!
No instante em que as chamas consumiram o pergaminho, um buraco negro gigantesco se abriu no chão, uma fechadura brilhante bem ao centro. O vórtice parecia ter vida própria e já reconhecia que Ryōshi não pertencia mais àquele mundo.
Ryōshi: — Bom… É isso. Cuide do Rafael para mim. Ele está amarrado com correntes infernais, não vai conseguir se libertar, especialmente sendo um Arcanjo tão fraco. E cuide do meu filho… Ele pode exagerar às vezes.
A chave voou sozinha de sua mão e encaixou-se na fechadura. Num instante, o portal se abriu por completo e sugou Ryōshi para o abismo. O buraco se fechou logo depois, como se nunca tivesse existido.
Miyako: — Francamente… Agora tenho que virar babá?
No Campo de Batalha…
Uriel: — Kazuhiko… Eu vou te matar…
O corpo de Uriel estava reduzido à metade. Perdendo as forças, suas asas falharam, e ele começou a despencar em direção à areia.
Kokuei: (Bom… Conseguimos derrubar um. Ainda temos um longo caminho nesta guerra, mas demos o primeiro passo. Agora, direto para Gabriel!)
Kazuhiko: — Certo!
Kazuhiko desceu rapidamente, correndo na direção de Gabriel, que estava posicionado na retaguarda.
Miguel: — Tolo… Ele realmente acha que Arcanjos são frágeis? Você apenas derrotou a casca dele… Seu ignorante. Desperte, Uriel!
Uma explosão de chamas irrompeu atrás de Kazuhiko. Ele se virou assustado e arregalou os olhos ao ver… Uriel, de pé novamente. Mas agora, seu corpo era totalmente carbonizado e ressecado, parecendo um cadáver ambulante.
Uriel: — Olhe o que fez, seu merda… Ninguém me viu nesse estado horroroso desde minha luta contra meu mestre, Miguel… Você vai pagar por isso. E nem sua morte será suficiente para reparar o sofrimento que me causou!
Uma aura flamejante se manifestou ao redor de Uriel, emitindo um calor tão intenso que derretia a pele dos anjos próximos, mesmo sendo eles altamente resistentes a qualquer elemento cósmico. Ele parecia… o próprio Sol.
Uriel: — Conheça… São Uriel, Chama de Deus!
Kazuhiko estremeceu. Nunca havia sentido uma presença tão avassaladora. Seu instinto gritava que qualquer descuido significaria a morte instantânea.
Kazuhiko: — Como…?! Não sabia que Arcanjos tinham esse nível de poder!
Kokuei: (Zadiel não ativou sua verdadeira forma por puro orgulho ao enfrentar um mero mortal. Mas aqui é guerra. Não importa o orgulho desses Arcanjos, eles reconhecem quando um oponente é forte o bastante.)
Kazuhiko: — Droga… Isso vai ser bem mais difícil do que pensei…
Uriel ergueu a mão e converteu suas chamas em uma aura dourada. Respirando profundamente, absorveu todo o fogo ao redor e moldou uma armadura reluzente, que, ao ser consumida por suas próprias chamas, tornou-se negra. Seus olhos brilharam em um tom dourado intenso, e seus cabelos, antes negros, ficaram completamente brancos.
São Uriel: — Ahhh… Finalmente acordei. Você… foi a causa do meu despertar. Por quê?
Kazuhiko engoliu em seco.
Está ótimo! Fiz apenas alguns ajustes para melhorar a fluidez, a coesão e corrigir pequenos erros gramaticais, mantendo o estilo e tom originais. Veja:
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Um homem totalmente trajado observava à distância a guerra em andamento, degustando um saco de batatinhas que havia pegado apenas para assistir ao caos. Enquanto mastigava distraidamente, ergueu o olhar para o céu e avistou Miguel. Após alguns segundos de observação, soltou uma risada baixa, que logo se transformou em uma gargalhada estrondosa.
???: — HAHAHAHAHA!!
Ele ria bastante, mas, em questão de segundos, sua expressão retornava à seriedade habitual. Continuou comendo as batatinhas, sem pressa.
???: — Que guerra mais sem sentido… Um motivo pior que o outro. Esperava mais quando me disseram que algo grande estava rolando por aqui. Tinha tudo para ser interessante… mas a motivação…
Miguel, atento ao campo de batalha, notou a presença distante daquele observador. Sua feição mudou drasticamente. Sem hesitar, ele se teletransportou para trás do homem.
Miguel: — Você… Eu senti sua presença. O que está fazendo aqui?
???: — Ahh… Não fique assim, Miguel. Só estou de passagem. Você sabe que gosto desse tipo de guerra mais do que ninguém… Eu não podia perder essa chance.
Miguel: — Pelo que sei, você e seus irmãos não fazem parte de nenhum lado. Vocês são neutros em relação à humanidade. Se não está aqui para ajudar, quero que saia imediatamente.
???: — Nossa… Desde quando você ficou tão mal-humorado? Eu já disse, estou só de passagem. Além disso… Aquele garoto ali… Ele ao menos sabe que está lutando contra um ser imortal no mundo dele?
Miguel: — Acho que não. Mas ele acredita que os pecados que carrega serão suficientes para derrotar Uriel… Isso não vai acabar bem. De jeito nenhum.
???: — Hmmm… Interessante. Ele não pensa como eu. Ele simplesmente luta. Realmente fascinante. Apesar da motivação dele ser um lixo… O instinto dele é evidente. Talvez eu lhe dê um presentinho de despedida.
O homem tirou debaixo de seu uniforme militar uma pistola completamente negra, com detalhes avermelhados. Era um revólver de cano longo, e na empunhadura havia um pentagrama gravado.
Miguel: — Espera aí… Essa arma é…?!
Miguel tentou impedir que o homem seguisse até o campo de batalha, mas o tempo parou completamente para todos — até mesmo para Kazuhiko. O estranho caminhava tranquilamente entre os corpos e destroços, assobiando uma melodia desconhecida. Quando parou, estava diante de Kazuhiko, que, naquele instante congelado, prestes a ser esmagado por Uriel, parecia impotente.
???: — Ai… Essa até eu vou sentir quando o tempo voltar ao normal. Enfim, aqui está meu presente. Use bem… Só tem seis balas. Quero que cada uma delas valha a pena.
Ele sorriu e olhou para Miguel, que, surpreendentemente, parecia reagir mesmo com o tempo parado.
???: — Ah, veja só… Aquele ali será seu inimigo mais forte. Não vacile quando for lutar com ele, novato.
Assim que terminou de falar, desapareceu. O tempo voltou a fluir.
Kazuhiko, ainda em movimento, recebeu um soco violento de Uriel no exato momento em que o tempo foi restaurado. O impacto o lançou longe, fazendo-o rolar pela areia. Ele cuspiu sangue para o lado e, ofegante, se levantou.
Kazuhiko: — Caralho! Esse soco doeu pra porra…
Ao olhar para sua própria mão, arregalou os olhos. Segurava uma arma que não estava ali antes. Uriel, ao perceber aquilo, ficou ainda mais surpreso.
São Uriel: — Como… Essa arma… COMO VOCÊ TEM ESSA ARMA, SER MORTAL?!
Uriel rugiu de raiva e avançou sobre Kazuhiko, desferindo golpes ferozes.
Miguel: — URIEL! PARE DE PERDER TEMPO COM ELE! MATE-O E RECUPERE ESSA ARMA IMEDIATAMENTE!!
Ao ouvir isso, Uriel se tornou ainda mais agressivo. Suas investidas geravam ondas de calor e labaredas de fogo devastadoras. Kazuhiko, no entanto, conseguiu se esquivar. Naturalmente, apontou a arma para o rosto de Uriel. Ao destravar a segurança da pistola, o solo inteiro tremeu violentamente.
São Uriel: — PARE, NÃO FAÇA ISSO, SEU VERME!!
Kazuhiko: — MORRA!!
No exato momento em que ia puxar o gatilho, seu braço foi arrancado por uma flecha disparada de longe. Gabriel, o autor do disparo, o havia incapacitado em um instante. O braço voou longe, levando junto a arma.
Kazuhiko: — AHHHHH!! CARALHO!!
Antes que pudesse reagir, Uriel desferiu um soco direto em sua costela. No instante em que seu punho tocou o corpo de Kazuhiko, ocorreu uma explosão brutal à queima-roupa, pulverizando metade do seu torso e arremessando-o para longe.
Azazel: — KAZUHIKO!!
Castiel: — Eu ainda estou aqui, seu merda!!
Aproveitando a distração de Azazel, Castiel golpeou seu escudo contra ele. Azazel tentou se defender com as mãos nuas, mas foi esmagado contra o chão pela força titânica do impacto. Sentindo a pressão gigantesca, seu rosto se contorceu de raiva.
Azazel: — Droga… Parece que vou ter que usar tudo o que tenho aqui…!!
De suas mãos, uma fumaça negra densa se espalhou, cobrindo todo o escudo de Castiel e fazendo-o se desintegrar em partículas.
Castiel: — O quê?! Desde quando você aprendeu isso…?!
Castiel recuou rapidamente, observando enquanto o corpo de Azazel era coberto por aquela mesma fumaça negra. Do chão, emergiu uma alabarda de lâmina negra, com o fio vermelho brilhando intensamente.
Azazel: — Acho que é melhor eu parar de enrolar… Parece que Kazuhiko não estava preparado para essa guerra, afinal.
Do outro lado...
Kazuhiko jazia sob a areia. Seu corpo estava severamente queimado, e metade de seu rosto havia sido carbonizada pela explosão.
São Uriel: — Heh… Acho que te devo essa, Gabriel. Mas agora, finalmente, essa guerra chega ao fim. Você me divertiu bastante até agora, Kazuhiko… Nunca me esquecerei do seu rosto… Ou melhor, do que restou dele.
Uriel ergueu sua foice banhada em chamas com ambas as mãos e preparou o golpe final.
Kokuei: — Tire essa foice da minha frente, plebeu.
De repente, Kazuhiko se ergueu. Mas algo estava diferente. Sua postura, seu tom de voz… Kokuei havia assumido o controle. Com um simples movimento, ele parou a lâmina de Uriel no ar e o lançou para longe.
São Uriel: — Mas que porra?! Eu jurava que você estava um passo da morte... O que aconteceu?!
Kokuei: — Certo… Estou um pouco enferrujado, mas ainda assim, isso será o suficiente para esmagar um anjinho como você.
Do outro lado do campo de batalha, o braço decepado de Kazuhiko flutuava. A arma ainda estava firmemente agarrada à sua mão. Lentamente, ela voou até Kokuei, que pegou o revólver e descartou o braço. Em questão de segundos, o membro perdido se regenerou completamente, junto com o resto de seu corpo.
Kokuei: — Parece que meu querido amigo recuperou minha arma… Muito bem. Vamos terminar este serviço.
Uriel, perplexo com a situação, percebeu que mesmo ele lutando alguém com alguns poderes demoníacos, nunca viu tanta aura emanar na mesma pessoa que nem era intimidador, sua mão tremia levemente, com um suor caindo em seu rosto, que logo evaporizava.
São Uriel: — Simplesmente... Quem é você?!
Kokuei o olhava, com um sorriso no rosto enquanto levantava a sua franja.
Kokuei: — Apenas um estudante normal, que foi abençoado pra te meter a porrada!
Continua...