Egito - 15:12
Após Kokuei falar isso, o corpo de Kazuhiko voltava a assumir sua forma original, mas sua pele escurecia, e seus olhos ficavam vermelhos. Ele olhava ao redor, observando os corpos triturados e queimados espalhados pelo campo de batalha.
Kokuei: — Ah… acho que deixei o muleque sonhar muito alto com seus poderes. Talvez eu tenha me precipitado… Não acredito que ele me forçou a sair...
Ele olhava para o revólver em sua mão, dando um pequeno sorriso ao lembrar das memórias ligadas àquela arma. Em seguida, levantava o olhar diretamente para Uriel, que estava paralisado em absoluto choque. Não era por reconhecê-lo, mas sim por sentir sua aura maléfica.
São Uriel: — Não… isso é impossível… você deveria ter sido erradicado pelo nosso Senhor…!
Kokuei: — Pois é, pois é… que pena, né? Parece que o seu "Senhor" não fez um trabalho muito bom, não é? Mas não se preocupe, não preciso desse brinquedinho pra te matar…
Com um movimento ágil, Kokuei fazia um corte no ar, criando um rasgo no espaço-tempo onde só havia o vazio. Ele jogava o revólver dentro do portal e o fechava em seguida.
Kokuei: — Scarlet… tu realmente não devia se preocupar tanto comigo… eu sei me virar.
Ele dava um único passo, e, antes que qualquer um percebesse, já estava atrás de Uriel, as mãos nos bolsos, olhando diretamente para Miguel, que demonstrava uma leve surpresa.
Kokuei: — Você cresceu, soldadinho de ouro.
Uriel se virava furioso ao ser completamente ignorado.
São Uriel: — Por que diabos está olhando lá em cima?! Eu ainda estou aqui pra você me enfrentar, seu merda!
Kokuei lançava um olhar rápido, acompanhado de um sorriso falso.
Kokuei: — Ah… desculpa. Mas é novidade pra mim ver um cadáver expressar tantas emoções…
São Uriel: — O quê…?
O corpo de Uriel começava a se contorcer de forma grotesca, formando tumores que cresciam rapidamente até explodirem, espalhando uma chuva de sangue pelo campo de batalha.
Kokuei: — Hahahaha! Que surpresa! Não sabia que soltariam fogos de artifício pra minha chegada. Não é, Miguel?!
A gargalhada diabólica de Kokuei ecoava enquanto os anjos ao redor estavam em choque.
Soldado Anjo: — Espera… não… Uriel foi… derrotado?!
Kokuei: — Talvez… usa aí seus poderes milagrosos pra reviver ele. Ah, é… tu não pode! Hahahahahaha!
Miguel: — Isso é um problema… e dos grandes. Precisamos selá-lo novamente… não temos recursos para eliminá-lo.
Gabriel: — M-Mas… como? Se até você está falando isso, então não temos chance…
Miguel: — Precisamos imobilizá-lo temporariamente. Só temos uma chance!
Miguel se levantava e olhava seriamente para Kokuei, que retribuía com um sorriso medonho.
Gabriel (telepaticamente): Castiel, Jofiel, parem o que estão fazendo agora e venham para o meio imediatamente! Kokuei acordou, ele é a nossa prioridade e o motivo principal desta guerra acontecer.
A batalha entre Castiel e Azazel continuava intensa.
Castiel: — É… você melhorou bastante. Conseguiu cortar meu escudo… e até um pequeno corte no meu rosto. Mas acho melhor pararmos de brincar e levar isso a sério…
Antes que pudesse continuar, recebia a mensagem telepática. Jofiel, que não havia se movido desde o início da guerra, também escutava o chamado.
Jofiel: — … Finalmente… uma alma que vale a pena ser julgada.
Castiel: — Droga…!! Deu sorte, seu merda! Quando eu resolver aquilo, você será o próximo!
Jofiel e Castiel voavam diretamente para o centro, deixando Azazel sozinho contra o exército inimigo, avistava o horizonte onde estava Kokuei, o reconhecendo apenas pela sua aura que emanava trevas.
Azazel: — Espero que ele não te consuma, Kazuhiko, não quero perder meu rival tão cedo...
Soldado Anjo: — Tá falando sozinho, seu merda?! O nosso exército ainda está aqui! Seu grupinho minúsculo não tem chance!
Azazel: — E o que tu sabe sobre milagres, seu anjo de merda?! Eu sozinho vou massacrar metade do exército!
Azazel avançava, abatendo anjos com velocidade surreal, tentando alcançar o meio onde os arcanjos estavam se reunindo.
Enquanto isso, Castiel e Jofiel pousavam no centro, ao lado de Miguel e Gabriel, cercando Kokuei.
Kokuei: — Que gracinha… reunião de família? Castiel, parece que tu roubou todos os nutrientes dessa múmia ao teu lado… seu gordo fudido.
Castiel: — Como ousa, seu…?!
Miguel: — Calma. Há quanto tempo, Kokuei… Pelo que me lembro, nosso último encontro foi há dois milênios.
Kokuei: — Ooooh… agora eu deveria chorar de emoção por esse reencontro maravilhoso? Muito bom, Miguel… continua a mesma bixa que eu conheço.
Miguel: — E vejo que o mesmo posso dizer sobre você.
Castiel, Jofiel e Gabriel cercavam Kokuei por todos os lados, mas ele não parecia minimamente preocupado. Seu olhar permanecia fixo em Miguel.
Miguel: — Você sempre foi assim… desleixado demais para se importar com os mais fracos. Mas durante esses anos, meus irmãos aprenderam alguns truques… JOFIEL!
Jofiel: — Sinta, bem no fundo da sua alma… a paralisia eterna.
Kokuei sorria de forma mesquinha e deixava o feitiço acontecer. Sua alma aparecia diante deles, aprisionada em uma jaula de sombras.
Kokuei: — Hmmm… impressionante… pra um arcanjo meia-boca dessa geração fudida de anjos.
Castiel: — Cala a boca!!!
Castiel começava a desferir uma sequência brutal de socos no rosto de Kokuei, que não demonstrava reação.
Kokuei: — Você bate que nem uma mulherzinha…
Miguel: — Pare! Não o irrite! Gabriel, vamos iniciar o selamento!
Miguel e Gabriel começavam a formar círculos rituais ao redor de Kokuei, tentando selá-lo no subconsciente de Kazuhiko.
Kokuei: — Ah… já querendo que eu vá embora? Vocês realmente são sem graça.
Gabriel: — Ah, é? Se arrependerá por nos subestimar, demônio!
Eles terminavam de desenhar o círculo e começavam a recitar palavras em latim para o selamento.
Kokuei: — Oh… vocês estão mesmo fazendo isso? Ok, então acho melhor parar de brincar com vocês…
Dentro da jaula, sua alma começava a se debater violentamente. Uma aura branca surgia ao redor de Kokuei, e seu sorriso sumia.
Jofiel: — Caralho…! Ele é muito forte! Não vou aguentar segurar por muito tempo!
Castiel: — Vamos logo!! Mais rápido!
Kokuei: — AHHHHHHHHHHHH!!!
A luz se intensificava, indicando que o selamento estava funcionando… mas, no último momento, uma alabarda surgiu do nada, avançando em uma velocidade da luz diretamente contra Gabriel. No último centésimo, Castiel se jogava na frente, sendo atingido brutalmente. A lâmina rasgava metade de seu rosto, jogando-o para longe e deixando-o inconsciente.
Azazel: — Parece que salvei sua pele… amigo de Lúcifer.
Kokuei: — Heh… talvez você realmente seja útil pra mim… soldadinho.
Gabriel: — Castiel!!
Após Castiel ser jogado para longe, Gabriel rapidamente corre para socorrê-lo. A pele da metade do rosto de Castiel estava fincada no chão pela alabarda. Azazel pega e limpa sua arma, enquanto Jofiel rapidamente se posiciona ao lado de Miguel. Uma batalha de 2 contra 2 estava prestes a começar.
Azazel: — Não me entenda mal, só estou te ajudando por ser um amigo do meu mestre e meu rival está aí dentro, não posso deixá-lo morrer.
Kokuei: — Está se rebaixando bastante ao dizer alguém como essa criança é o seu rival, não é mesmo? Bem, não importa, eu consigo vencer todos de olhos fechados sem a sua ajuda.
Azazel: — Estranho tu dizer em rebaixamento... Eu jurava que tu fosse tão poderoso quanto Lúcifer. Não sabia que poderia ser derrotado tão facilmente.
Vendo Azazel zombar de Kokuei, ele apenas esboça um leve sorriso, apesar de ter sua feição rígida de raiva, mostrando algumas veias, mas ele ignorava o comentário dele e manteria sua atenção fixo em Miguel.
Kokuei: — Eles têm sorte de estarmos na dimensão normal... e de eu não estar com meu corpo original. Mas eu sei muito bem que, se não fosse pelo seu senhorzinho, você já teria destruído facilmente este planeta. Só que você sabe que não pode ultrapassar esse limite, não ainda.
Miguel: — Sim... Mas eu não preciso disso. Eu consigo te derrotar mesmo sem o selo.
• Kokuei solta uma grande risada antes de avançar diretamente contra Miguel. Os dois voam para a estratosfera, deixando apenas Jofiel e Azazel no campo de batalha.
Azazel: — A que pontos chegamos...
Jofiel: — Não se preocupe com eles... Você ainda tem que lidar com o que está na sua frente!
• Jofiel avança contra Azazel com suas lâminas gêmeas, desferindo uma sequência quase infinita de ataques. Cada golpe ultrapassa a velocidade da luz, causando um terremoto gigante. Azazel tenta se defender, mas alguns ataques atravessam sua guarda, abrindo cortes profundos pelo seu corpo.
Azazel: — Você é bem rápido para um anjo que só fica o dia todo sentado numa porra de uma cadeira...!
Jofiel: — Realmente... e mesmo assim você está perdendo para um anjo merda como eu. Ou seja, você é o merda dos merdas!
• No céu, Kokuei e Miguel trocam golpes brutais. Cada impacto entre eles gera ondas de choque colossais, fazendo a Terra tremer inteira e desencadeando desastres naturais. Ambos desferem um soco no rosto um do outro, afastando-se. Miguel sorri enquanto cospe sangue.
Miguel: — Devo admitir, demônio... Você é uma ameaça e tanto. Não é à toa que o Senhor deu essa ordem antes de adormecer. Mas devo avisar... ainda tenho várias cartas na manga.
Kokuei: — Foda-se. Independente do que você jogar contra mim, eu vou rebater duas vezes mais forte.
Miguel: — Vamos ver então... Eu invoco minha arma sagrada... EXCALIBUR!!
• Um raio rasga o céu, cobrindo tudo com um brilho dourado. Quando se dissipa, Miguel segura a lendária espada Excalibur, empunhando-a na direção de Kokuei.
Kokuei: — Hmm... Até nisso os anjos pecaram. Vocês roubaram essa arma de Arthur quando ele estava no fim da vida.
Miguel: — Roubar? Não, não... Eu só emprestei essa espada para ele. Foram ordens do Senhor. Mas agora que ele morreu, ela é minha novamente. Ou seja, nunca houve roubo algum.
Kokuei: — Certo, vou fingir que acredito... Bom, eu poderia invocar minha arma também... Mas não será necessário contra você.
Miguel: — O quê?! Como ousa me subestimar a esse nível? Eu sou um líder de alto escalão dos anjos, Arcanjo Miguel!
Kokuei: — É... eu vi que você ficou mais forte. Mas é só isso.
Sem perder tempo com mais falácias, Kokuei avança. Miguel se surpreende, mas consegue bloquear com o punho da espada. No mesmo instante, Kokuei dispara uma rajada de ar gigante por trás de Miguel.
Miguel: — Porr-... Bem, era de se esperar que você tivesse mais alguma força guardada. Mas se for só isso, eu facilmente—
• Kokuei coloca ainda mais força no golpe contra Excalibur, lançando Miguel para fora da atmosfera da Terra a uma velocidade absurda.
• Em segundos, Miguel chega à Lua. Ele consegue pousar antes do impacto, mas o choque cria uma cratera colossal e desloca ligeiramente a posição da Lua em relação à Terra. Kokuei chega logo em seguida.
Kokuei: — Está surpreso agora, Sr. Perfeito?
Miguel: — Como que esse seu receptáculo ainda aguenta o vácuo...?!
Kokuei: — Ué... pensei que fosse óbvio. Não percebeu que está lutando contra a porra de um demônio?!
Miguel: — Pois bem... Ficar na defensiva contra você só vai me prejudicar. Nesse caso...
• Miguel solta seu escudo e faz surgir uma lança em forma de cruz. Logo abaixo da lâmina, há uma bandeira branca presa. Ele assume uma posição de ataque.
Kokuei: — Parece que o bebê finalmente tirou as rodinhas... Agora sim, eu posso começar a me divertir!!
Miguel: — Fala mais, seu merda!!
• Miguel avança em linha reta, mas sua velocidade sobrenatural faz com que ele se projete ao redor de Kokuei de todos os ângulos possíveis. Kokuei dá um rápido olhar para as imagens de Miguel, mas decide avançar diretamente para tomar o golpe, causando um choque extremo.
Kokuei: — TROCA!
• Assim que pronuncia essas palavras, a consciência é trocada, e Kazuhiko assume o controle do corpo. Sem tempo para reagir, ele sente a lança de Miguel atravessar seu peito por completo, perfurando seu coração.
Miguel: — Covarde...!
Kazuhiko: — O- O quê...?!
• O sangue jorra de seu peito e boca enquanto ele começa a perder a consciência. Antes que ele morra, a Lua começa a estremecer, e uma fissura surge no vácuo, revelando uma dimensão alternativa. Dela, emerge uma balança gigantesca, cobrindo todo o céu.
Todos em Terra que assistem à cena ficam aterrorizados e confusos. Mas, no campo de batalha, Azazel — com o braço decepado e o corpo encharcado de sangue — esboça um grande sorriso.
Azazel: — Ora... Finalmente o garoto resolveu sair...
Kokuei (em pensamento): — E com este ritual, eu libero o 5º pecado... VAIDADE!!
Miguel: — I-IM-POSSÍVEL!!
Continua...