Egito - 15:22 PM
Na terra...
Ambos olhavam para cima quando apareceu aquela coisa gigante, e por algum motivo, a energia maléfica de Kokuei havia desaparecido, o que indicava que Kazuhiko retornou a sua consciência.
Azazel: — Porra... finalmente ele acordou pra vida.
Jofiel: — É... e logo irá dormir novamente. Não sei o que ele fez lá, mas o seu destino já está selado. Miguel ainda irá matá-lo como se fosse uma mosca... e você será o próximo, escória!
Jofiel desaparece em um piscar de olhos, surgindo atrás de Azazel com a mão estendida, tentando arrancar sua alma com um puxão invisível. Porém, prevendo a intenção de Jofiel, Azazel se torna intangível no último segundo, escapando por um fio. Em resposta, ele manifesta instantaneamente sua arma preferida, a poderosa Escrïad*, e ataca com um corte horizontal veloz. No entanto, Jofiel gira seu corpo no ar, desviando com precisão cirúrgica, e contra-ataca em meio ao movimento, fazendo sua lâmina negra deslizar como um borrão contra o peito de Azazel, fazendo ambos sofrerem cortes de seus golpes.
O aço celestial rasga a carne do demônio, espalhando faíscas e energia negra pelo ar. Azazel recua com um salto, pousando no chão enquanto observa a fumaça branca saindo de ferimento de Jofiel.
Azazel: — Parece que você não é um dos melhores em se defender... Jofiel.
Ele toca a ferida e percebe algo estranho — não era apenas fumaça... eram almas escapando.
Azazel: — O quê...? Almas? Não sabia que anjos podiam ser tão baixos...
Jofiel: — Não se engane... essas eram só o meu lanche. E você rasgou a minha sacola...
Antes que Azazel possa reagir, Jofiel desaparece em uma explosão de velocidade e ressurge à sua frente, sua foice já descendo como um relâmpago. O golpe perfura o queixo de Azazel e atravessa seu crânio, saindo pelo topo da cabeça.
Jofiel: — Não subestime um arcanjo... seu idiota.
Sem hesitar, ele finca sua palma no rosto de Azazel e dispara um raio de luz divina a queima-roupa. A explosão luminosa engole tudo ao redor, atravessando o planeta inteiro até sair de órbita, deixando um rastro de destruição em sua trajetória.
Jofiel: — Hmm... esse era o primeiro soldado de Lúcifer? Ele não parecia nem um pouco forte... talvez tenha colocado bem mais almas do que deveria dentro de mim...
Jofiel se vira para Castiel, que estava desacordado, e avança rapidamente até ele.
Jofiel: — Droga, Castiel... eu sabia que seu escudo não era impenetrável... mas a culpa não foi sua. Você foi pego de surpresa... Mas logo isso irá acabar. E cadê a porra do Rafael? Ele deveria estar curando os anjos desta guerra inútil...
Subitamente, um grupo de anjos caídos investe contra Jofiel. Ele nem se dá ao trabalho de olhar — apenas ergue os dedos e, num estalar, os corpos dos inimigos explodem em um turbilhão de sangue e chamas negras. Mas, entre os caídos, há um que não desapareceu...
No meio da poeira e dos corpos despedaçados, Azazel se ergue, sua carne destroçada, com seu rosto quase irreconhecível, pele arrancada e músculos expostos. Seus olhos brilham com uma fúria demoníaca enquanto ergue sua arma divina em um golpe veloz e devastador.
Azazel: — AAAAAHHHHH!!!
O corte atravessa o braço de Jofiel com precisão monstruosa, arrancando metade de sua estrutura em um único golpe. Sangue dourado jorra no ar, e o osso do arcanjo fica exposto.
Jofiel: — AAARGH!!
O grito de dor ecoa como um trovão. Ele cambaleia para trás, apertando o ombro ferido e sentindo algo estranho — a regeneração não estava funcionando como deveria.
Jofiel: — Como...?! Eu acertei bem no seu rosto! Como você sobreviveu ao meu raio divino?
Azazel: — Bem... digamos que tenho meus métodos...
Azazel cospe sangue no chão e ergue sua arma divina, Erhad, uma alabarda menor que o normal, mas com uma lâmina grotescamente longa, parecendo um cutelo gigantesco acoplado a uma lança.
Jofiel: — Ahh... agora entendo... você usou sua arma no último segundo para refletir parte do meu ataque... Deveria ter previsto isso, já que você é um demônio... mas uma cria de um anjo caído...
Jofiel respira fundo, percebendo que seu braço está completamente inutilizável. Sem hesitar, ele o arranca e o joga no chão. A areia ao seu redor escurece e começa a pulsar com uma energia sombria, formando rachaduras incandescentes sob seus pés.
Jofiel: — Onde existe luz... há escuridão. Onde existe vida... há morte. Onde existe criação...
A areia ao seu redor explode em um vórtice infernal, e Azazel assume uma postura defensiva, sentindo a ameaça iminente. Quando a poeira assenta, uma foice colossal se forma diante de Jofiel, sua lâmina negra vibrando como se estivesse viva.
Assim que ele toca a arma, o ar ao redor entra em combustão espontânea. O chão se racha, e um anel de fogo negro se expande ao redor do arcanjo. Uma auréola sombria se materializa sobre sua cabeça, e suas asas se expandem como sombras flamejantes.
São Jofiel: — Existe a destruição! E eu, São Jofiel, lhe mostrarei a beleza do seu fim!
Azazel após ver aquilo, ficaria completamente paralisado, ele sentia todos os nervos de seus músculos se contorcendo a sensação de morte eminente, ele sabia que as chances de o vencer agora são mesmas que nulas.
São Jofiel: — Parece que você ainda deseja sofrer ainda mais... Pois bem, vou te ensinar o que acontece quando me obriga a despertar.
Jofiel pegava sua foice e cortava a própria barriga. Várias almas começavam a sair de dentro dele, indo diretamente para sua foice. A lâmina, agora envolta por uma aura que distorcia completamente o ar ao redor, mudava de cor — do negro profundo para uma transparência espectral, como se fosse uma arma fantasma. No mesmo instante, ele avançava contra Azazel a uma velocidade nunca antes vista. No mínimo, sua velocidade havia triplicado com sua nova transformação.
Azazel, por pouco, conseguia se defender, mas não completamente. A foice invisível perfurava seu braço e rasgava parte de seu peito. Ele sentia as forças do braço esvaírem-se e, involuntariamente, soltava sua arma divina.
São Jofiel: — Hah! Sempre houve uma diferença gigantesca entre nós, mero plebeu!
Com um chute brutal, Jofiel lançava Azazel para longe, na direção da multidão de anjos. Os celestiais não hesitavam em atacar, espancando o corpo já exausto e ferido de Azazel. Alguns cravavam suas espadas em suas pernas e em seu tronco. Aquilo parecia ser realmente o fim para ele. Seu olhar se tornava distante, fixando-se no céu balançante... até que um leve sorriso surgia em seus lábios.
Azazel: — Garoto... seja o nosso novo Deus... algo que nem meu mestre conseguiu... você consegue...
Enquanto a vida se esvaía dele, uma figura aparecia em sua visão. Era um homem de cabelos roxos com pontas brancas e uma cicatriz enorme que descia da bochecha até o pescoço. Vestia um terno que combinava com a cor de seus cabelos. Seu olhar era sério, mas ao mesmo tempo carregava um conforto inexplicável.
??? (em pensamento): — Isso é tudo, filho? Eu realmente não te criei para morrer desse jeito... Se você quer desistir, então faça de um jeito que todos se lembrarão. O grande Azazel... meu maior soldado.
Azazel: (em pensamento): — Eu não consigo, mestre... Os inimigos são fortes demais... São arcanjos! Eu nunca tive uma chance de vitória... Mais da metade do nosso grupo morreu, e agora estou aqui... O líder deles também está caído... O que meus companheiros podem fazer? No máximo, apenas fugiriam ou aceitariam a derrota... Eu realmente não consigo me mover mais...
??? (em pensamento): — Tudo bem... Eu irei te ajudar, Azazel. Por todos esses anos que me ajudou, esse será seu pagamento como o melhor soldado que já tive.
A figura cortava sua própria mão e despejava algumas gotas de sangue na boca entreaberta de Azazel. No primeiro momento, nada parecia acontecer.
??? (em pensamento): — Chegou a minha hora... Espero que, ao derrotar pelo menos 30 mil anjos e um arcanjo, você faça aquele que te criou e treinou se orgulhar, filho.
Azazel: (em pensamento): — Obrigado... Lúcifer... Obrigado, pai...
Uma lágrima escorria pelo rosto desfigurado de Azazel. A figura desaparecia, e Jofiel, já caminhando na direção de Castiel, colocava algumas almas para fazê-lo recobrar a consciência. Mas antes que pudesse agir, uma gigantesca explosão dominava 80% do campo de batalha, afetando tanto os anjos quanto os caídos. Jofiel, surpreso, se virava para entender o que havia acontecido.
São Jofiel: — O-O quê?! Eu jurei que ele estava morto dessa vez!
No meio da explosão, surgia Azazel. Seu corpo assumira uma forma completamente demoníaca, coberto por uma armadura nunca antes vista. Seu rosto estava envolto por uma escuridão densa, revelando apenas seus olhos vermelhos. Todos os ferimentos haviam sido curados, seu braço regenerado. Ele pegava novamente sua arma e, só com esse movimento, mais de mil anjos ao redor eram mortos instantaneamente. Até mesmo os caídos estavam espantados com a forma imponente de Azazel.
Erguendo sua arma na direção de Jofiel, Azazel disparava uma rajada sobrenatural de ar comprimido. A pressão era tão absurda que distorcia o próprio espaço, eliminando cada átomo em sua trajetória. Jofiel tentava se defender, mas era inútil. Seu corpo era perfurado por centenas de milhares de minúsculos buracos, cobrindo-o completamente de seu próprio sangue.
São Jofiel: — Como?! Como ficou tão forte?! Você realmente quer vencer essa porra?! TUDO BEM, ENTÃO VAMOS LÁ, SEU MALDITO!!
Jofiel se cortava ainda mais, liberando todas as almas que havia armazenado. Em seguida, começava a devorá-las, uma a uma. Seu corpo se deformava completamente, desencadeando uma explosão tão colossal quanto a anterior. O impacto era devastador.
Apenas a metade superior de Jofiel restava, enquanto suas pernas eram absorvidas pelo solo. No lugar onde antes estavam, emergia uma serpente colossal, com cerca de um quilômetro de altura, seu corpo rodeado por caveiras. A criatura olhava diretamente para Azazel.
??? — Parabéns... Você foi a segunda pessoa para quem Jofiel precisou me invocar. Eu sou Lousk, Deus da Morte e da Vida. Nem mesmo Jofiel suportou tanto poder quanto o que você emana... Muito bem... Eu cuidarei disso pessoalmente.
A serpente começava a liberar centenas de milhares de almas na direção de Azazel. Ele lutava contra cada uma delas, matando qualquer uma que surgisse em seu caminho.
Lousk: — Tolo... Minhas almas não conhecem a morte... nem a vida. Elas são imortais e completamente imunes aos seus ataques inúteis.
As almas começavam a invadir o corpo de Azazel, destruindo-o por dentro. No entanto, sua regeneração era tão avançada que ele continuava a se mover, ignorando a dor excruciante.
Lousk: — Jovenzinho resistente... Você é o primeiro ser que consegue suportar mais de três mil almas... Mas eu ainda possuo mais de um bilhão delas!
O corpo de Azazel se despedaçava a cada metro que se aproximava de Lousk. Sua armadura explodia, mas ele continuava avançando. Estava a poucos metros da cabeça da serpente.
Lousk: — Impossível! Como um mero anjo caído consegue suportar mais de 500 milhões de almas condenadas destruindo-o por dentro?!
Lousk, indignado, olhava para os olhos de Azazel e então percebia como ele estava suportando aquilo.
Lousk: — Ahh... Entendi... Então você recebeu a bênção... Muito bem...!
Lousk cuspiu um veneno negro pelo céu, que rapidamente se transformou em uma chuva ácida de alta potência. O ácido era tão devastador que desintegrava qualquer pele em milésimos de segundo. Uma grande parte daquela tempestade mortal se concentrava sobre Azazel, que, sem alternativas, sacrificou metade de seu corpo para se proteger. O impacto foi brutal—o lado esquerdo de seu rosto e torso foram reduzidos a nada além de ossos e carne derretida.
Mesmo assim, Azazel segurou firmemente sua arma, ignorando a dor avassaladora. Com um movimento feroz, lançou sua alabarda na direção da cabeça da serpente. No entanto, uma barreira sobrenatural emergiu para proteger Lousk, e a lâmina divina se chocou violentamente contra a defesa invisível.
Lousk: — Boa tentativa, mero mortal… mas esse é o seu limite—
Azazel: — AAAAAAAAAHHH!!
Azazel interrompeu a fala de Lousk com um grito ensurdecedor. Seu corpo, agora quase completamente dominado pelas almas, queimava com uma energia caótica. Ele girou no ar, usando cada gota de sua força restante, e desferiu um golpe avassalador com o punho contra a haste de sua própria alabarda. O impacto foi tão colossal que o punho de Azazel foi perfurado, seu braço se rasgou até o ombro, mas a força extra foi suficiente— a barreira de Lousk se despedaçou.
A alabarda lendária atravessou a mandíbula da serpente com violência. O impacto fez todo o deserto estremecer — a areia foi varrida da existência, e uma cratera colossal se formou, consumindo quase toda a extensão daquele campo de batalha. Lousk foi lançado para longe, sua cabeça dilacerada pelo golpe. No entanto, mesmo enquanto seu corpo começava a desaparecer, um sorriso se formou em seus lábios ensanguentados.
Lousk: — Agora eu entendo... então é essa a geração atual... O único que não teme a morte... é aquele que já está morto... interessante... muito interessante, parece que no final, eu que acabei o subestimando...
Com essas últimas palavras, Lousk desapareceu.
Restava apenas Azazel, completamente destruído, seu corpo despedaçado, caindo no centro da cratera. Ao seu lado, estava Jofiel, à beira da morte, sua transformação desfeita, sua luz esvaindo-se como uma vela prestes a apagar, tudo isso por usar todas as suas almas, que pra ele, era o mesmo que sua vitalidade.
Jofiel: — Mas... como...? Como tu derrotou... ele...?
Jofiel lançou um último olhar para Azazel antes de sucumbir. Seu corpo se desfez em pó celestial, subindo lentamente aos céus como uma despedida silenciosa.
E então... lá estava ele.
Azazel. O líder dos caídos. Ferido. Incapacitado. Mas vitorioso.
Logo, os sobreviventes surgiram—menos de quinze. Eles o rodearam, suas expressões oscilando entre choque e reverência.
Caídos: — Líder, você conseguiu!! Você matou... mais de 60 mil anjos!! Com isso, podemos realmente vencer essa guerra!
Azazel: — O quê...? 60 mil...? Heh... esse deve ser o maior recorde em muito tempo...
E naquele instante, em forma espiritual, ele apareceu.
Uma figura imponente, que por um breve momento bateu palmas com um sorriso no rosto.
Lúcifer: ((Parabéns, filho... você realmente é... o maior líder.))
Azazel sorriu. Um sorriso sincero.
Mesmo com metade de seu rosto reduzida a carne exposta e ossos queimados, uma única lágrima escorreu de seu olho restante.
Azazel: ((Obrigado, pai... Você também é... a melhor pessoa que eu pude ter... Só queria ficar mais tempo... aproveitar e ter divesas outras lutas com aquele muleque maldito... Essa é a primeira vez que... eu realmente... não quero morrer...))
Lúcifer: ((Eu sei, filho... eu sei...))
Então, sem hesitar, Lúcifer o abraçou.
E começou a chorar.
Azazel: ((Por que...? Por que está chorando...?))
Lúcifer: ((Porque eu queria ter te amado mais...))
Azazel sentiu seu corpo falhando, a vida escapando de seus dedos. Ele usou sua última força para sussurrar:
Azazel: ((Tudo bem... eu também deveria ter te aceitado como meu pai... Você me perdoa...?))
Lúcifer apertou mais o abraço, sua voz embargada.
Lúcifer: ((Sim... Eu o perdoo... Assim como você me perdoa... ok...?))
Um último sorriso surgiu nos lábios de Azazel.
E então, ele se foi.
Azazel, o maior líder dos caídos, caiu para sempre.
Continua...