Capítulo 12: O Reencontro com os Ratos e o Novo Mundo dos Lordes

O ar dentro do formigueiro vibrava com uma energia nova e intensa. Marcos podia sentir as mudanças profundas que vinham com sua evolução. Seu corpo, antes limitado às capacidades de uma formiga soldado, agora era algo mais. Ele era maior, mais forte, mais rápido. Suas garras podiam rasgar a carapaça de insetos resistentes com facilidade. Suas asas, apesar de retraídas no momento, estavam ali, prontas para serem usadas. O veneno que fluía em suas presas era potente o suficiente para paralisar presas maiores. Mas o que mais lhe chamava atenção era o novo fluxo de pensamentos que permeava sua mente.

A colônia havia passado por mudanças igualmente profundas. O crescimento não era apenas numérico, mas estrutural. O formigueiro agora possuía câmaras mais complexas e organizadas, prontas para abrigar e nutrir uma colônia que estava apenas começando a se tornar verdadeiramente grande. Mas o que mais surpreendeu Marcos foi a descoberta de uma nova estrutura no centro do ninho: uma rainha formiga geradora.

Ela era maior do que qualquer outra formiga do formigueiro e possuía uma presença imponente. Sua carapaça reluzia com um brilho escuro, e suas antenas moviam-se de forma precisa, como se sentissem a energia pulsante ao redor. Diferente da rainha anterior, esta não apenas botava ovos para criar novas formigas, mas também parecia dotada de uma inteligência estratégica, como se pudesse compreender os comandos de Marcos de maneira mais refinada.

> Nova unidade desbloqueada: Rainha Geradora

Uma rainha de elite capaz de gerar formigas em maior quantidade e qualidade. Ela também pode criar mutações específicas para fortalecer a colônia.

Com essa novidade, Marcos percebeu que a evolução estava apenas começando. Mas antes que pudesse aprofundar suas explorações, uma patrulha de formigas voadoras voltou com uma mensagem alarmante.

Eles encontraram ratos novamente. E dessa vez, eles não estavam fugindo.

Marcos avançou até a entrada do formigueiro, seguido por um pequeno grupo de formigas guerreiras e venenosas. O vento carregava o cheiro forte de feromônios que suas patrulhas haviam espalhado na região, sinalizando o caminho exato para o que haviam encontrado.

Ao chegar, ele viu.

No meio da clareira, cercados por pequenas paliçadas feitas de madeira e ossos, estavam os ratos. Mas diferente da última vez, em que pareciam meros sobreviventes desorganizados, agora estavam reunidos de maneira tática, com sentinelas observando os arredores e grupos de guerreiros armados com lanças feitas de espinhos e garras afiadas.

Mas o mais impressionante era a figura no centro do grupo.

Um rato diferente dos outros.

Ele era grande – maior que qualquer outro roedor ali. Sua pelagem negra reluzia sob a luz tênue do subsolo, e seus olhos brilhavam com uma inteligência afiada. Mas o que mais chamou atenção foi algo que Marcos reconheceu imediatamente.

Uma presença semelhante à sua.

Outro Lorde.

> Lorde Detected: Ragnor, o Rei dos Ratos.

A conexão que Marcos sentiu naquele momento foi quase instintiva. Ele sabia o que aquilo significava. Ragnor era como ele – um humano que havia renascido em outra forma, liderando sua nova raça rumo à supremacia.

Por um momento, os dois ficaram se encarando, cada um analisando o outro. A tensão no ar era palpável.

Então, Ragnor sorriu – um sorriso afiado e predatório, mostrando seus dentes.

— Então finalmente nos encontramos, Formiga-Lorde.

Antes que Marcos pudesse responder, um sinal piscou em sua mente.

O chat dos Lordes.

Desde o início, essa função existia, mas Marcos nunca a utilizou muito. Ele sempre esteve ocupado demais lidando com os desafios imediatos de sua colônia para se preocupar com outros Lordes que, até agora, pareciam apenas distantes e irrelevantes. Mas agora, ele sentiu a necessidade de verificar.

Abrindo o chat, uma avalanche de mensagens apareceu. Ele leu algumas rapidamente, percebendo algo crucial.

Outros humanos estavam renascendo como Lordes em diferentes planetas, liderando diferentes raças.

> Diego, o Lorde dos Titãs Colossais – Planeta Montem Magnus:

"Meu povo cresce mais a cada dia. Esses titãs são verdadeiramente grandiosos. Mas algo me preocupa… Acho que há algo mais observando nossos movimentos."

> Helena, a Lorde dos Anjos Sagrados – Planeta Celestialis:

"Nosso poder celestial é imenso, mas o equilíbrio é delicado. Se eu não tomar cuidado, posso perder o controle da minha própria hierarquia."

> Lucas, o Lorde dos Dragões Flamejantes – Planeta Pyroterra:

"Os dragões são fortes, mas temperamentais. Controlá-los é um desafio quase tão grande quanto enfrentar nossos inimigos."

> Miguel, o Lorde dos Demônios – Planeta Underholder:

"Hahaha! Humanos fracos! Eu fui abençoado com a raça mais poderosa! Vocês todos terão de se curvar ao meu domínio eventualmente."

Marcos franziu o cenho. Esse último parecia ser um problema.

Havia dezenas de outros nomes e planetas, todos com seus próprios desafios e raças. Mas o mais intrigante era a questão não dita.

Por que todos foram reencarnados como Lordes de suas respectivas raças? Quem ou o que estava por trás disso? Esse sistema que já existe há muito tempo intriga Marcos.

Ele fechou o chat por enquanto. Primeiro, precisava lidar com o problema diante dele: Ragnor.

Ragnor continuava a encará-lo, os olhos brilhando com curiosidade e algo mais… respeito? Desafio?

— Você demorou para aparecer. Achei que teria de mandar um convite formal.

Marcos inclinou a cabeça levemente.

— Não sou muito de festas.

O rato riu.

— Bom, não estamos aqui para brincadeiras. Eu sei que você lidera sua colônia como eu lidero os meus. E sei que, mais cedo ou mais tarde, teremos de decidir como vamos coexistir.

Marcos cruzou as garras diante do corpo.

— Coexistir… ou lutar?

— Isso depende de você — Ragnor respondeu, os olhos estreitando-se. — Mas posso garantir que, se houver uma guerra, não será fácil para nenhum de nós.

O silêncio caiu sobre a clareira, quebrado apenas pelo farfalhar das criaturas menores ao redor.

Marcos sabia que este encontro não terminaria ali. Ele e Ragnor ainda teriam muitos embates – fosse como aliados, fosse como inimigos.

O jogo dos Lordes estava apenas começando.

E a verdadeira luta pelo domínio deste mundo estava prestes a começar.