Capítulo 13: A Diplomacia das Sombras e os Caminhos da Colônia

O silêncio que pairava entre Marcos e Ragnor era espesso como um manto de neblina. Cada um dos dois lordes estudava o outro, analisando não apenas a aparência, mas também os pequenos detalhes – postura, expressões, linguagem corporal. Marcos sabia que uma guerra contra os ratos neste momento seria desastrosa. Sua colônia havia acabado de evoluir, e ele ainda não havia testado as novas capacidades de suas formigas. Ragnor, por outro lado, também parecia hesitante. Isso significava uma coisa: ele também não queria uma guerra. Pelo menos, não agora.

Marcos ergueu uma de suas garras diante do corpo e fez um gesto sutil, como se testasse o peso do ar.

— Se não estamos aqui para lutar — disse ele, sua voz reverberando na mente de Ragnor pela conexão do sistema —, então por que estamos?

O Lorde dos Ratos esboçou um sorriso enviesado, exibindo suas presas afiadas.

— Porque o equilíbrio ainda não foi quebrado.

Marcos estreitou os olhos.

— O que você quer dizer com isso?

Ragnor cruzou os braços, a cauda longa se enrolando ao redor de seus pés. Seu olhar estava repleto de astúcia, um brilho de inteligência que Marcos reconheceu imediatamente.

— Neste mundo, a guerra não é apenas uma possibilidade — ele começou. — Ela é inevitável. Você, eu, e todos os outros lordes neste planeta… mais cedo ou mais tarde, seremos forçados a lutar pelo domínio.

Marcos permaneceu em silêncio, absorvendo as palavras.

— Mas — Ragnor continuou, dando um passo à frente — não significa que precisamos ser inimigos agora.

Isso era interessante.

— O que está sugerindo? — Marcos perguntou.

O líder dos ratos riu, um som grave e rouco.

— Uma trégua, pelo menos por enquanto. Trocas de informações. Talvez até um pacto de não agressão.

Um pacto? Marcos ponderou a ideia. Era uma jogada inteligente. Um conflito prematuro entre seus dois territórios poderia atrasar o desenvolvimento de ambos. Se Ragnor estava realmente disposto a estabelecer uma forma de comunicação pacífica, isso poderia ser vantajoso.

Mas ele também sabia que pactos eram tão frágeis quanto teias de aranha.

— Você está propondo uma aliança?

Ragnor abanou a cauda.

— Não tão longe. Mas algo próximo. Uma coexistência vantajosa. Minhas forças ainda não são grandes o suficiente para subjugar sua colônia, e eu presumo que o contrário também seja verdade.

Ele não estava errado. Embora Marcos tivesse obtido grandes melhorias com sua evolução, ele ainda não conhecia totalmente a extensão do poder de Ragnor e de seu povo. Uma guerra seria um tiro no escuro.

Mas, antes de tomar qualquer decisão, ele precisava de mais informações.

Marcos ergueu uma de suas antenas, projetando um pensamento calculado.

— Antes que eu aceite qualquer tipo de acordo, preciso entender melhor o que você pode oferecer.

Os olhos de Ragnor brilharam.

— Eu esperava que dissesse isso.

Com um gesto de sua mão, ele apontou para uma abertura na paliçada que cercava o assentamento dos ratos.

— Venha. Vamos conversar como verdadeiros líderes.

Marcos seguiu Ragnor pelo interior do território dos ratos, observando tudo com atenção. O assentamento era rudimentar, mas demonstrava sinais claros de organização. Pequenas casas feitas de madeira e ossos estavam distribuídas de maneira estratégica, com corredores protegidos e barricadas improvisadas. Sentinelas vigiavam os arredores, atentos a qualquer movimento suspeito.

O mais impressionante era a forma como os ratos se moviam em sincronia, como se fossem parte de uma mente coletiva. Cada um parecia saber seu papel, seja carregando suprimentos, afiando armas primitivas ou reforçando as defesas do território.

Marcos percebeu algo curioso.

— Você os ensina a lutar como guerreiros humanos — comentou, observando um grupo de ratos treinando com pequenas lanças improvisadas.

Ragnor sorriu.

— Exato. Os ratos são inteligentes, mas seu instinto de sobrevivência os tornava desorganizados. Eu os treinei para pensar estrategicamente. Para agir como um exército, e não apenas como um bando de sobreviventes desesperados.

Aquilo fez Marcos refletir. Ele também havia estruturado sua colônia de maneira estratégica, mas de um modo diferente. Enquanto Ragnor transformava seus ratos em guerreiros disciplinados, Marcos usava a própria natureza das formigas para criar uma sociedade bem organizada, onde cada tipo de formiga tinha uma função específica.

Dois estilos de liderança distintos. Dois exércitos que, um dia, inevitavelmente se enfrentariam.

Mas hoje não seria esse dia.

Ragnor guiou Marcos até uma estrutura mais reforçada no centro do assentamento. Dentro, havia uma mesa improvisada, feita de madeira desgastada. Sobre ela, pedaços de couro com rabiscos rudimentares – mapas, estratégias, esquemas de fortificações.

O líder dos ratos se sentou, indicando para Marcos fazer o mesmo.

— Agora — disse Ragnor, com um sorriso afiado — vamos falar de negócios.

Enquanto Marcos negociava com Ragnor, sua colônia continuava evoluindo.

Novas estruturas estavam sendo desbloqueadas.

A Rainha Geradora, instalada no coração do formigueiro, as Rainhas Nutriz e Bélica já haviam começado a expandir a população da colônia. Formigas voadoras sobrevoavam os arredores, mapeando territórios e caçando pequenos insetos para fortalecer a reserva de alimentos.

As formigas venenosas, por outro lado, estavam sendo treinadas para criar armadilhas químicas ao redor do ninho. Seu veneno, capaz de paralisar presas grandes, poderia ser um trunfo importante contra invasores.

Além disso, novas seções estavam sendo construídas dentro do formigueiro:

Câmara de Nutrição Avançada: Melhor processamento de recursos para gerar formigas mais fortes.

Galeria de Treinamento: Um espaço dedicado para aprimorar habilidades de combate das formigas guerreiras.

Salas de Incubação Especial: Onde a Rainha Geradora podia experimentar mutações específicas para adaptar a colônia às necessidades futuras.

Marcos sentiu essas mudanças acontecendo em tempo real. Ele sabia que cada evolução de sua colônia era um passo em direção à supremacia.

Mas ele também sabia que os outros lordes, espalhados por diferentes planetas, estavam passando pelo mesmo processo.

E isso o fez pensar.

Quantos deles se tornariam aliados?

E quantos se tornariam inimigos?

O chat dos Lordes continuava ativo, com novas mensagens surgindo a cada momento.

> Diego, o Lorde dos Titãs Colossais:

"Encontrei sinais de outras criaturas inteligentes neste mundo. Parece que os nativos de cá são mais fortes do que eu pensava."

> Helena, a Lorde dos Anjos Sagrados:

"Eu estou prestes a dominar as outras espécies do meu planeta. Alguém mais deseja se juntar a Ordem da Salvação?"

> Miguel, o Lorde dos Demônios:

"Hahahaha! Não importa se os teus anjos são fortes. Eu dominarei tudo eventualmente."

Marcos fechou os olhos por um instante.

Muita coisa estava acontecendo nos bastidores desse jogo de sobrevivência. Enquanto uns já estão prestes a unificar os planetas, outros como ele ainda estavam bem longe desse feito. Mas seu talento lhe mostrou que a dominação total do planeta é uma possibilidade.

Ele podia sentir.

E quando abrisse os olhos novamente, ele teria que estar pronto para o que viesse a seguir.