Uma pessoa, não fantasma (2)

Capítulo 1. "Parte 2"

*Continuação do capítulo*

"O-ola!... Posso ser seu amigo? Não fantasma..?"

No dia seguinte, Ayanami decidiu apresentar Shu a uma de suas amigas. Ela queria que Shu expandisse seu círculo social e conhecesse mais pessoas gentis e compreensivas. Durante o intervalo, ela levou Shu ao jardim da escola, onde sua amiga já estava esperando.

— Shu, esta é minha amiga, Hikari. Hikari, este é o Shu, de quem eu falei.

Hikari, uma garota de cabelo castanho claro e olhos tímidos, sorriu gentilmente para Shu.

— Oi, Shu. É um prazer conhecê-lo.

— O-oi, Hikari. — Respondeu Shu, um pouco nervoso, mas tentando se manter calmo.

Eles se sentaram juntos no jardim e começaram a conversar.

Ayanami liderou a conversa, fazendo perguntas leves e mantendo o ambiente descontraído.

— Então, Shu, Ayanami me disse que você é um ótimo desenhista. Eu adoraria ver alguns dos seus trabalhos algum dia.

— Disse Hikari, mostrando interesse genuíno.— Eu… eu adoraria mostrar.

— Respondeu Shu, sentindo-se um pouco mais à vontade.A conversa continuou, e Shu começou a se sentir mais confortável com Hikari.

No entanto, em um momento, Hikari fez um comentário que, sem perceber, trouxe à tona antigas feridas.

— Sabe, Shu, você é tão legal. Eu me pergunto como não te reparei antes... Como se você fosse um fantasma ou algo assim.

O sorriso de Shu desapareceu, e ele olhou para o chão, sentindo-se magoado.

A palavra "fantasma" trazia de volta todas as lembranças dolorosas de seu passado, as zombarias e o isolamento que ele havia enfrentado.

Percebendo a mudança na expressão de Shu, Ayanami rapidamente interveio.

— Hikari, Shu tem uma história difícil com essa palavra. Ele foi chamado de "fantasma" durante sua infância, e isso o machucou muito. Acho que você não quis dizer nada de mal, mas é um assunto delicado para ele.

Hikari arregalou os olhos, percebendo o erro que havia cometido.

— Oh, Shu, eu sinto muito! Eu não fazia ideia. — Disse ela, sinceramente arrependida.

— Eu realmente não quis te magoar.

Shu respirou fundo, tentando processar os sentimentos conflitantes que estavam surgindo. Ele olhou para Hikari e viu que ela estava realmente arrependida.

— Está tudo bem. — Disse ele, ainda com a voz um pouco trêmula.

— Eu sei que você não quis me magoar.Ayanami colocou uma mão reconfortante no ombro de Shu.

— Shu, você está indo muito bem. E Hikari, eu sei que você não quis machucar ninguém. Vamos todos tentar ser mais cuidadosos com as palavras, ok?Hikari assentiu vigorosamente.

— Claro, Ayanami. Shu, de verdade, me desculpe. Eu só queria te conhecer melhor e ser sua amiga.

Shu sentiu uma pequena onda de alívio. Ele sabia que não seria fácil superar seus traumas, mas com pessoas como Ayanami e Hikari ao seu lado, ele acreditava que poderia, aos poucos, deixar as feridas do passado para trás.

— Eu agradeço, Hikari. — Disse ele, esboçando um pequeno sorriso.

— Vamos seguir em frente. Eu também quero ser seu amigo.

Ayanami sorriu, satisfeita com a resolução. Ela sabia que construir confiança e amizade levaria tempo, mas estava determinada a apoiar Shu em cada passo do caminho.