Quando o jato pousou, já era a manhã seguinte. Dylan estava dormindo profundamente, seu corpo relaxado contra o assento de couro, alheio ao pouso.
Justin o tocou levemente no ombro e disse baixinho, "Senhor Brooks, senhor – nós pousamos."
Dylan se mexeu, abrindo os olhos confuso. Ele olhou ao redor, surpreso. Era para ele estar no hotel. O que estava fazendo no jato particular?
"Onde estamos?" ele perguntou, perplexo.
Justin piscou confuso. "Er… senhor, o senhor nos mandou voltar para casa com urgência. Acabamos de pousar. O senhor esqueceu?"
Dylan franziu a testa profundamente, sua mente acelerando para acompanhar a situação. Ele tentou lembrar o que o tinha levado até ali. A última coisa que se lembrava era daquela visão estranha e perturbadora de Ava deitada num poço de sangue. Agora que ele tinha se acalmado e o pânico passado, ele se arrependia de sua decisão.
"Por que eu iria querer voltar?" Dylan estalou, sua irritação aflorando. "Nós tínhamos uma última reunião com o senhor Thompson. Você sabe o quão crucial aquele negócio é!"
O súbito surto de Dylan pegou Justin de surpresa. "Mas, senhor… você insistiu que voltássemos imediatamente," ele explicou, confuso porque Dylan tinha esquecido de tudo. "Ao saber que a Senhora tinha sido levada às pressas para o hospital, você parecia profundamente perturbado. Você não queria esperar."
Dylan fez uma careta, esfregando a testa. Seu estômago revirou com a memória do pesadelo que teve.
Era estranho.
Ele nunca tinha se importado com ela antes. Mas algo sobre aquele sonho, de vê-la machucada, tinha desencadeado um pânico que ele não conseguia explicar. Seu instinto de voltar para casa foi impulsivo.
Isso era algo que ele nunca tinha feito. A ideia de perder o negócio o irritava. Ele queria descontar sua raiva em Justin por não tê-lo impedido, por não tê-lo lembrado de suas prioridades. Mas ele não conseguia se permitir soltar a fúria.
Algo o roía por dentro, uma estranha inquietação com o pensamento de Ava deitada naquela cama de hospital.
"Ela foi hospitalizada depois de consumir manteiga de amendoim - bastante," Justin contou cautelosamente, pensando que seu chefe tinha esquecido de tudo.
A expressão de Dylan permaneceu pétreo. 'Aquela mulher sabe como chamar minha atenção,' ele murmurou em voz baixa, sua boca se contorcendo.
"Mas ela está bem agora," Justin acrescentou rapidamente. "A última atualização é que ela recebeu alta do hospital."
"Ok, entendi." Dylan acenou com desdém, levantando-se da poltrona com um gesto de impaciência. "Me leve para casa." Ele saiu do jato, sua mente acelerada.
'Vamos ver o que ela está aprontando dessa vez,' ele murmurou em sua mente.
Dylan chegou em casa rapidamente. A empregada de meia-idade o recebeu com uma reverência educada. "O senhor chegou, Senhor Brooks."
Dylan mal a reconheceu, seus olhos vasculhando o amplo salão. Normalmente, Ava estaria lá, esperando para cumprimentá-lo com aquele mesmo olhar dócil no rosto. Mas hoje, não havia sinal dela.
Era incomum.
'Ela está chateada?' A pergunta piscou em sua mente antes que ele pudesse pará-la. Ele franziu a testa para si mesmo. 'Quem se importa?'
Ele tentou afastar o incômodo que o estava roendo por dentro.
"Onde ela está, Martha?" Ele não conseguiu deixar de perguntar.
"Uh… A Senhora foi direto do hospital para a casa do pai dela," Martha explicou. "Ela disse que ficaria lá por alguns dias."
Dylan virou a cabeça em direção a ela, surpreso. No ano passado, Ava raramente visitava seu pai, muito menos passava a noite lá.
"Deixe ela descansar lá por um tempo," Martha sugeriu amavelmente, mas a mandíbula de Dylan se apertou. Ele não gostava da ideia de Ava estar fora de casa—longe dele.
Dylan foi furiosamente para o seu quarto e bateu a porta atrás de si. Ao arrancar o paletó, estendeu a mão instintivamente, esperando que alguém o pegasse, para pendurá-lo como sempre.
Mas Ava não estava lá para pegá-lo. O paletó escapou de seus dedos e caiu amassado no chão.
Dylan congelou, olhando para o paletó caído, uma onda de frustração e algo mais crescendo dentro dele. Ele fechou as mãos em punhos, percebendo pela primeira vez o quanto a ausência dela pesava sobre ele. A casa parecia silenciosa demais, vazia demais sem ela.
Seu rosto se contorceu em uma carranca enquanto ele pegava o paletó e o pendurava no cabide. Enquanto isso, lembrou da declaração em seu pesadelo de que tinha começado a amá-la. Será que era verdade?
Uma frustração aguda surgiu. "O que estou pensando?" ele murmurou em voz baixa, sentindo um pique de irritação por seus próprios pensamentos incomuns.
Dylan se lembrou de se manter focado em seu plano. Ele não podia se dar ao luxo de se distrair. Ele afrouxou a gravata e pegou o copo de água na mesinha ao lado, mas estava vazio.
"Martha!" Dylan berrou.
Martha correu para o quarto e ficou na porta com a cabeça baixa, tremendo de medo sob o olhar furioso dele.
"Por que o copo está vazio?" Dylan exigiu, segurando-o.
"E-Eu sinto muito," Martha gaguejou. "Era a Senhora quem sempre cuidava de tudo. Eu-Eu esqueci de encher. Eu trarei água imediatamente!" Ela se virou e saiu às pressas.
A careta de Dylan se aprofundou enquanto ele apertava o copo. Ele podia ver como ele tinha se tornado dependente de Ava, e ele não tinha percebido. Ele não gostava disso.
Batendo o copo na mesa, ele foi tomar um banho.
Depois de um tempo, ele saiu do banheiro, esfregando seu cabelo molhado com uma toalha. Seus olhos se moveram automaticamente para a cama. Normalmente, suas roupas estariam lá, perfeitamente passadas, esperando por ele. Mas agora, o espaço estava vazio.
Ava sempre tinha feito essas coisas para ele, silenciosamente e sem ele nunca perceber. Agora que ela não estava lá, a ausência de seu cuidado era gritante.
Sua frustração transbordou. Ele jogou a toalha de lado em um acesso de raiva, percebendo que ele tinha sido mais dependente dela do que pensava.
'Você quer minha atenção, não é?' ele pensou com raiva, cerrando os dentes. Ele pegou o telefone, discando o número dela. O telefone tocou, mas ninguém atendeu. Suas sobrancelhas se juntaram enquanto a irritação virou incredulidade.
O pensamento de Ava, que uma vez praticamente se agarrava nele, agora se recusando a atender suas ligações, mandou uma onda de indignação por ele.
"O que diabos está acontecendo com ela?" ele cuspiu, olhando para o telefone. "Ela está me ignorando agora?"