Nos dias seguintes, eu estava completamente imersa, grudada no meu laptop, mergulhando no mercado de ações como se fosse meu playground pessoal. Curto prazo, longo prazo — eu comprava e vendia ações sem nunca sair do meu quarto.
Eu rolava listas, escolhia ações que sabia que disparariam em poucos dias, depois as vendia no auge, pouco antes de despencarem. Era um jogo delicado de timing, e eu o jogava como uma profissional.
Claro, minha memória não era perfeita. Às vezes eu errava, e tomava um golpe. Mas nenhuma das perdas era ruim o suficiente para me fazer hesitar.
Ainda assim, havia esse estranho efeito colateral — aquelas dores de cabeça cegantes não haviam desaparecido. Toda vez que eu me lembrava de algo, era como uma lâmpada se acendendo na minha cabeça, e de repente, eu tinha uma epifania. Eu sabia exatamente onde investir, como se estivesse vendo o futuro.
QuantumLyfe tinha sido um desses lampejos de insight.
Mas se eu quisesse sobreviver ao prazo de seis meses de Sinclair, eu precisava de mais do que apenas ganhos com ações — eu precisava de um negócio que pudesse me sustentar a longo prazo. QuantumLyfe ainda parecia minha melhor chance de retornos massivos, mas isso não significava que eu poderia baixar a guarda.
Bem quando eu estava prestes a mergulhar em outro investimento, uma batida na minha porta me tirou do foco. Fechei meu laptop, a irritação formigando em mim, e abri a porta para encontrar Sophie parada ali, sorrindo brilhantemente demais, uma bandeja de chá e biscoitos em suas mãos.
"Minhas senhoras, por que você tem se trancado no quarto o dia todo?" ela perguntou, sua voz doce, mas a pergunta levemente cobria sua preocupação — ou melhor, sua intromissão.
Eu sorri, encostando na ombreira da porta. "E desde quando você se tornou a dona da casa que preciso da sua permissão para trancar minha porta?"
Os lábios dela se apertaram, seus olhos brilharam com a raiva que ela tentou esconder atrás de um sorriso forçado. "Não foi isso que eu quis dizer. Estamos apenas preocupados com sua saúde. Você não saiu do seu quarto o dia todo."
"Agora eu preciso reportar cada movimento meu para você?" Eu retruquei.
Sophie ficou surpresa, seu rosto empalidecendo com minhas palavras. Ela não estava acostumada a eu falar com ela assim. Zangado? Sim. Mas nunca tão direto. Eu sempre mantive minha frustração sob controle porque sabia que ela correria direto para meus pais e me colocaria em apuros.
No entanto, agora, eu não tinha tempo para os joguinhos dela.
Sem dizer mais nada, peguei minha bolsa e comecei a sair.
"Para onde você vai?" Sophie chamou, sua voz com um veneno oculto.
"Para algum lugar."
"Vou com você."
"Não se incomode." Eu me virei, um sorriso surgindo nos meus lábios. "Seu pequeno cérebro não conseguiria acompanhar."
A boca de Sophie ficou aberta, atônita enquanto eu passava por ela, sem dar uma segunda olhada.
Eu tinha coisas maiores para lidar do que sua intromissão. Este jogo que eu estava jogando exigia precisão, foco, e nenhuma distração.
E Sophie? Ela não era nada além de uma distração.
=== 🤍 ===
"Ingrata!" Sophie bufou, seu rosto contorcido de raiva enquanto ela andava aos trancos pelo quarto de Eve, jogando tudo que conseguia pegar nas mãos. Roupas, bichos de pelúcia, qualquer coisa macia e não quebrável voava enquanto ela gritava sua frustração.
Mas nada disso parecia suficiente — ela queria quebrar algo, atacar mais do que apenas objetos inanimados.
Quando seu olhar pousou no laptop de Eve, sua curiosidade foi despertada. Talvez houvesse algo lá, algum segredo que ela pudesse usar contra ela.
Marchando, ela abriu o laptop, seus dedos pairando sobre o teclado, apenas para ser saudada por uma tela de senha.
"Claro, ela o tem trancado," Sophie murmurou baixinho, mordendo o polegar enquanto tentava pensar. Ela digitou a data de nascimento de Eve — nada. A data de nascimento de Cole — não. Ela tentou tudo que pode pensar: as datas de nascimento dos pais, o nome do cachorro deles, até a cor favorita de Eve. Nada funcionou.
Um alerta piscou na tela, avisando que após muitas tentativas falhas, ela teria que esperar uma hora para tentar novamente.
Sophie quase gritou, fechando os punhos enquanto agarrava o laptop, tentada a jogá-lo do outro lado do quarto. Justo quando estava prestes a ceder a esse impulso, a porta rangeu ao se abrir, e sua mãe, Sofia, entrou, seus olhos se estreitando ao ver o caos.
"O que está acontecendo aqui?" Sofia perguntou, sua voz calma mas fria enquanto fechava e trancava a porta atrás dela.
Sophie rapidamente colocou o laptop de volta, sua raiva cedendo lugar às lágrimas enquanto corria para os braços da mãe. "Mãe! Eu não a quero mais aqui! Ela é tão irritante! Eu não quero mais fingir ser empregada aqui!"
Sofia suspirou, limpando as lágrimas da filha com uma mão gentil. "Me conte o que aconteceu."
"Eu só estava entregando sua comida, tentando ver o que ela estava fazendo, mas ela me insultou! Ela disse que sou burra demais para entender o que ela está fazendo!" A voz de Sophie oscilava entre raiva e mágoa, seus punhos se cerrando ao lado do corpo. "Ela nunca costumava agir assim! Sempre esteve obcecada por Cole, correndo atrás dele como uma cachorrinha apaixonada. Sempre foi ela quem foi uma idiota. Mas agora... ela se trancou aqui, ignorando tudo e todos, até faltando às aulas!"
A expressão de Sofia escureceu ao processar as palavras da filha. Eve sempre fora previsível, facilmente manipulada por seus sentimentos por Cole. Mas essa mudança em seu comportamento era inesperada e, francamente, preocupante.
"Isso é incomum," Sofia ponderou, sua voz tomando um tom mais afiado. "Talvez seja hora de ela e eu termos uma conversinha."
Seus olhos ficaram frios, espelhando o olhar calculado em seu rosto. Sofia nunca foi de tolerar desobediência, especialmente não de alguém morando sob seu teto. Seja o que for que estivesse acontecendo com Eve, ela chegaria ao fundo disso — e rapidamente.
"Não se preocupe, querida," Sofia acariciou a cabeça de Sophie enquanto se endireitava. "A pequena rebelião dela não vai durar muito. Vou garantir isso."
Sophie fungou, limpando os olhos e olhando para a bagunça que fizera no quarto de Eve. "O que você vai fazer?"
Um sorriso lento surgiu no rosto de Sofia. "Vou lembrá-la do seu lugar."