Loucura Deslizante

Os pés de Sylas chutaram a água. Nas profundezas da escuridão, a única coisa que proporcionava luz era a masmorra pulsando com Éter à distância. Deveriam ser pelo menos 20 metros abaixo da superfície, mas se fosse luz do dia, Sylas não teria notado de forma alguma.

Embora Sylas pensasse na possibilidade de que esta masmorra ocorresse inteiramente na água, segundo seu avô, haveria uma pequena introdução à masmorra antes de você entrar. Podia-se dizer apenas que, se a masmorra fosse realmente debaixo d'água, ele estaria duplamente ferrado. Nesse ponto, ele só poderia tentar armazenar o máximo de água que pudesse nas cabaças e esperar que chovesse mais frequentemente.

Não demorou mais que alguns segundos para ele chegar à abertura da caverna.

"Destreza parece ser mais importante na água do que Velocidade..."

Sylas deu um pouco de atenção a um pensamento fugaz antes de um lampejo aparecer em sua mente.

[Loucura Deslizante (F)]

[Nível Máximo: 0]

[Recomendado: 50 Físico]

[Descrição: Espreitando nas profundezas, no alto das árvores e no chão da floresta, são predadores naturais, livres e despreocupados. Tão renegados pelos céus, foram restritos a uma vida rastejante nos ventres. Mas o dia deles ressurgir não está longe.]

Sylas teria aspirado um ar frio se não estivesse submerso na água agora.

Segundo seu avô, 20 Físico era o recomendado, mas Sylas conhecia bem seu avô. Desde que Sylas era jovem, seu avô tentava manipulá-lo usando informações, não por maldade, mas sim com boas intenções.

Sylas parecia ver com facilidade os dois lados de uma situação e podia racionalmente escolher um meio-termo em consonância com a realidade. Esse era um traço que não lhe fora ensinado por seus pais, mas sim pelo seu avô.

Desde que tinha cerca de 16 anos, ele conseguia ver através das intenções de seu avô e de alguma forma sabia que Magnus tentava puxá-lo para uma certa direção. Mas, apesar de seu comportamento, Sylas amava sua família e não via necessidade de expor seu avô por algo tão trivial.

Magnus aprendeu logo no início que Sylas não podia ser influenciado com apelos emocionais e falácias. Os fatos eram o que um tinha que manipular ou obstruir para chegar até ele.

Isto é para dizer que, quando seu avô disse que precisaria de 20 Físico, era quase certamente menos que isso. Sylas tinha adivinhado que a maioria das masmorras provavelmente tinha uma entrada recomendada de cerca de 15 Físico, talvez até menos.

Mas, 50? Por que as estatísticas recomendadas para esta masmorra seriam tão altas? Isso era mais que o dobro da criatura mais perigosa que ele tinha visto até então, a titanoboa.

À parte disso, e quanto à explicação? Como poderia ser considerada uma descrição de todo? Apenas confirmava a ele, pelos comentários sobre árvores e solo, que pelo menos não seria debaixo d'água.

E ainda assim não havia outra escolha.

[Você Entrará?]

[Sim][Não]

As palavras praticamente o provocavam. Mas ele nunca hesitava quando tomava decisões.

O mundo ao seu redor embaçou.

...

Os olhos de Sylas se focaram e o que apareceu diante dele foi um mundo estranho.

A primeira coisa que ele sentiu foi a pedra calçada sob seus pés. Conforme continuava a olhar ao redor, ele pegou seu feixe de roupas e vestiu a calça e a camisa baratas cobertas de barro e sangue que o sistema lhe dera.

O mundo estava escuro em um sentido estranho, porque os céus eram negros como piche, sem estrelas ou lua à vista, e ainda assim ele podia ver perfeitamente bem, quase como se o solo e os objetos sobre ele emanassem sua própria luz estranha.

Era difícil ver qualquer coisa que se desviasse do caminho de pedra calçada, no entanto. Então, seus olhos só podiam focar na estrada bifurcada à frente.

Por um caminho, a estrada calçada curvava e parecia levar a mais pedra. Pelo outro, a folhagem começava a aparecer, a grama crescia das rachaduras da pedra e o contorno vago de árvores podia ser visto à distância.

"Uma escolha?"

Sylas não se apressou. Ele esperava ser jogado imediatamente em perigo, ou até morrer uma morte súbita antes de poder se situar, mas isso era inesperadamente pacífico. Se ele não aproveitasse a oportunidade para respirar agora, ele poderia nunca ter outra chance.

"A descrição deveria claramente ser sobre cobras, mas nesse caso, por que haveria um caminho que parecia levar a uma civilização de algum tipo? A menos que as 'cobras' referidas na descrição sejam uma daquelas raças alienígenas que o avô mencionou?"

No final, Sylas caminhou em direção ao caminho de folhagem densa. Em última análise, apenas uma coisa importava para ele e isso era maximizar suas chances de sobrevivência.

Civilização soava agradável e aconchegante, mas também derrubaria suas chances de viver para zero. Não haveria terreno para se aproveitar, nenhum lugar para se esconder e tudo dependeria de sua habilidade bruta.

Do lado da selva, ele pelo menos tinha uma pequena chance. O único ponto positivo em tudo isso era o fato de que o animal com o qual ele se sentia mais confiante em lidar era a cobra...

Não que isso importasse se todos eles tivessem 50 Físico.

No entanto, Sylas tinha suas próprias opiniões sobre isso. O Físico recomendado deveria ser proporcional ao melhor desafio que essa masmorra tivesse a oferecer. Nesse caso, isso deveria significar que o CHEFE desta masmorra exigiria 50 Físico para que alguém tivesse uma chance de derrotá-lo, mas isso não significava necessariamente que todos os desafios seriam desse nível.

Se ele pudesse escolher e selecionar seus alvos como fez com a raposa vermelha, ele teria uma chance.

A última raposa vermelha com a qual ele lidou já tinha 18 Físico. Havia um fio de esperança, mesmo que pequeno.

O caminho de pedra calçada lentamente desapareceu e Sylas observou enquanto os céus acima de sua cabeça começavam a ganhar cor conforme o caminho anterior se esvanecia.

"Será que fiz a escolha certa?"