Capítulo 5 – O Despertar das Sombras
Um Sonho Misterioso
Naquela noite, após o ataque à mansão, Horuma teve um sonho estranho. Ele se viu em um vasto vazio, envolto por uma escuridão pulsante, quase viva. No centro daquele espaço sombrio, uma figura encapuzada o observava silenciosamente.
— Quem é você? — perguntou Horuma, sentindo um misto de curiosidade e receio.
A figura não respondeu de imediato. Apenas ergueu uma mão, revelando uma esfera negra que emanava um brilho fraco, mas hipnotizante.
— Você busca poder, jovem reencarnado?
Horuma franziu a testa.
— Poder...? — hesitou. — Não. Eu quero proteger as pessoas que são importantes para mim.
A figura soltou uma risada baixa e sombria.
— Palavras nobres. Mas você entende o preço de carregar tal responsabilidade?
Antes que Horuma pudesse responder, a esfera negra se moveu sozinha, flutuando até ele. Assim que tocou seu peito, uma dor lancinante percorreu todo o seu corpo, como se algo antigo e profundo estivesse despertando dentro dele.
— Aceite as trevas, garoto. Elas não são sua inimiga... mas a chave para seu verdadeiro potencial.
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O Despertar
Horuma despertou de súbito, ofegante, o coração disparado. Um suor frio escorria por sua testa, e suas mãos tremiam. Mas o pior veio quando ele se levantou e viu seu reflexo no espelho: seus olhos, antes azul-claros, agora brilhavam com um tom prateado, envoltos por uma aura negra sutil.
— O que diabos está acontecendo comigo...?
Antes que pudesse se aprofundar nos pensamentos, ouviu uma batida firme na porta.
— Horuma? Você está bem? — Era Elin.
— Sim... eu acho.
Ela entrou no quarto, os olhos verdes estreitados com preocupação.
— Você parece pálido. Está acontecendo alguma coisa?
Horuma hesitou. Aquele sonho parecia mais do que um simples pesadelo. Algo dentro dele havia mudado.
— Tive... uma visão. Algo me deu um poder estranho.
Elin cruzou os braços.
— Um poder? Que tipo de poder?
Sem responder, Horuma ergueu a mão, tentando conjurar um feitiço simples. Mas, ao invés de sua magia comum, uma chama negra se manifestou em sua palma, crepitando de maneira quase viva, como se o próprio fogo o estudasse.
Os olhos de Elin se arregalaram.
— Isso... definitivamente não é magia normal.
Horuma engoliu seco.
— Eu sei. E o pior? Parece que quer me testar.
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Treinando as Trevas
Na manhã seguinte, Horuma e Elin foram ao campo de treinamento para testar aquela nova habilidade.
— Certo. Vamos ver do que esse poder é capaz — disse Elin, mantendo uma distância segura.
Horuma fechou os olhos e tentou invocar a chama negra novamente. Dessa vez, ela surgiu com mais força, formando uma esfera densa em sua mão. Ele lançou o feitiço contra um alvo, e a explosão resultante fez o solo tremer.
Elin assobiou.
— Isso é... impressionante.
Horuma franziu a testa.
— Mas difícil de controlar.
Ele tentou outro feitiço, visualizando um chicote feito de sombras. A magia respondeu de imediato, se estendendo e se enrolando ao redor de um dos postes do campo. O poder estava lá, mas a sensação era de que algo o puxava para mais fundo, como um oceano negro sem fim.
Enquanto treinavam, Liliana apareceu, os braços cruzados e um olhar severo.
— O que diabos está acontecendo aqui?
Horuma hesitou por um momento, mas acabou contando sobre o sonho e sobre seu novo poder. Liliana ouviu tudo com um olhar sério, antes de suspirar.
— Poderes das trevas nunca vêm sem um preço, Horuma. Você precisa ter cuidado.
— Eu sei... Mas ignorar isso não é uma opção. Se eu aprender a controlar essa força, posso proteger a todos nós.
Liliana suspirou mais uma vez, mas não insistiu.
— Apenas tome cuidado. Não quero perder meu irmão para algo que ele não entende.
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Um Novo Inimigo
Mais tarde naquele dia, um mensageiro chegou à mansão, o rosto pálido e coberto de suor.
— Uma vila próxima foi atacada. Criaturas que nunca vimos antes... destruíram tudo em seu caminho.
Lorde Ardan convocou uma reunião de emergência.
— Precisamos investigar isso imediatamente. Se essas criaturas se aproximarem mais, podem ameaçar nossa casa.
— Eu vou — disse Horuma, determinado.
Liliana cruzou os braços.
— Você não está preparado.
— E quem está? Eu tenho esse novo poder, e essa é a chance perfeita de usá-lo.
Elin assentiu ao lado dele.
— Ele tem razão. Além disso, eu estarei com ele.
Relutante, Lorde Ardan permitiu que Horuma e Elin liderassem um pequeno grupo de soldados para investigar o ataque.
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A Batalha na Vila
Quando chegaram à vila, foram recebidos por uma visão desoladora: casas queimadas, plantações destruídas e um silêncio inquietante.
— Isso é pior do que imaginei... — murmurou Elin.
Então, um rugido ensurdecedor rasgou o silêncio. Três criaturas enormes, com corpos cobertos de espinhos e olhos vermelhos brilhantes, emergiram das sombras.
— Preparem-se! — gritou Horuma, conjurando sua magia.
Os soldados avançaram, mas os monstros eram rápidos e absurdamente resistentes. Horuma sentiu um calafrio. Eles não eram apenas bestas selvagens. Eram algo mais.
— Elin, me dê cobertura!
— Entendido!
Enquanto Elin disparava flechas mágicas, Horuma canalizou sua energia negra. Sentiu as sombras fluindo por seu corpo como se fossem parte dele, e então liberou uma onda de trevas que engoliu um dos monstros. Quando a escuridão se dissipou, a criatura simplesmente havia desaparecido.
— Isso é incrível...! — murmurou Horuma.
Mas os outros dois monstros não recuaram. Um deles avançou contra Horuma, rugindo ferozmente. Instintivamente, ele ergueu as mãos, e uma barreira negra surgiu ao seu redor, absorvendo o impacto.
— Você realmente está dominando isso rápido... — comentou Elin, disparando uma flecha encantada contra o segundo monstro.
Combinando seus ataques, eles conseguiram derrubar os inimigos restantes.
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Reflexões Finais
Após a batalha, Horuma caminhou pelos destroços da vila destruída. Foi então que encontrou algo estranho: uma pedra, gravada com um símbolo desconhecido.
— Isso não parece algo natural...
Elin se aproximou, analisando o símbolo.
— É uma marca do Abismo. Esses monstros podem não ter vindo sozinhos.
Horuma sentiu um arrepio na espinha.
— Então alguém... os enviou?
Elin assentiu lentamente.
— Parece que essa luta está só começando.
E, com isso, Horuma teve a certeza de que seu papel naquele mundo era muito maior do que ele imaginava. As trevas dentro dele eram uma arma... mas também um caminho perigoso, do qual ele talvez nunca pudesse escapar.